Satélites militares
Os foguetes que colocaram os primeiros satélites soviéticos no espaço eram derivados de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM);. Nada mais natural que o interesse pelo reconhecimento fotográfico começasse logo em seguida. Desde os primórdios da cosmonáutica, projetos militares e civis dividem espaço, verba e prioridade. E as vezes, o domínio e a segurança na Terra vem em primeiro lugar do que a conquista do desconhecido. Devido a grande variedade de projetos militares desenvolvidos por soviéticos e russos durante mais de 40 anos, fica difícil relacionar todos os projetos. Por isso, abaixo, segue uma descrição dos principais projetos militares para o espaço.
ZENITH
Após o lançamento do Sputnik, houve pressões para que o vôo espacial tripulado recebesse a máxima prioridade. Porém, os militares tinham interesse no desenvolvimento de satélites de reconhecimento. Após pequenas disputas, uma solução intermediária foi desenvolvida. Serguei Korolev, a mesma pessoa que criou o Sputnik e que posteriormente seria o grande mestre da cosmonáutica soviética iria desenvolver uma nave que pudesse ser utilizada tanto para vôos tripulados, quanto para missões de reconhecimento. A nave desenvolvida para missões tripuladas foi chamada Vostok. A partir dela, foi desenvolvido um satélite militar. Desta maneira, surgiriam os satélites Zenith.
Os Zenith foram satélites de reconhecimento fotográfico com um design semelhante as naves Vostok. A nave tinha um sistema de rádio seguro que funcionava apenas quando a nave sobrevoava o território soviético. Os Zenith também transmitiam imagens de televisão. Devido a necessidade da precisão das imagens, o satélite tinha um sistema tri axial para obter as imagens. Desta maneira, toda a missão era programada diariamente e enviada para a nave quando ela sobrevoava a a estação de controle. No final das missões, as Zenith voltavam para a Terra, sendo recuperadas com todas as informações obtidas. Para evitar problemas, cada uma possuía um sistema de auto destruição automático, que explodia a nave caso ela caísse em território inimigo.
As Zenith podiam fotografar 5,4 milhões de quilômetros quadrados por missão. Podia-se obter até 1500 imagens, cada uma equivalente a uma área de 60 x 60 Km. O peso de cada Zenith era de aproximadamente 4760 Kilos. Cada vôo poderia durar até 8 dias, mas as últimas versões podiam ficar até 12 dias no espaço. Os satélites Zenith não podiam efetuar mudanças de órbita. Muitos satélites do tipo Zenith foram lançados com o nome de Cosmos. A série Cosmos foi uma das maiores série de satélites, e foi composta de uma grande miscelânea de naves, desde protótipos, sondas espaciais, satélites malsucedidos, satélites de pesquisa, entre outros.
Os satélites Zenith foram substituídos na década de 80. Muitos satélites Zenith foram equipados com sistemas fotográficos de alta resolução, e o design foi sendo melhorado com o passar do tempo, bem como o tempo de duração da missão.
ISTREBITEL SPUTNIK
Uma grande variedade de interceptadores e satélites kamikaze foram desenvolvidos e testados durante as décadas de 60 e 70, sob a designação Cosmos. O primeiro teste de um interceptador orbital bem sucedido foi em 01 de novembro de 1968, quando o satélite Cosmos 252 destruiu o satélite Cosmos 248 após 1 dia de seu lançamento. Porém , seus primeiros sucessos foram com os satélites Polyot, em 1964, os primeiros com a capacidade de mudar de órbita, um recurso indispensável para interceptar satélites. Os testes com este tipo de satélite prosseguiram até 1982. Para que o satélite inimigo fosse destruído, o interceptador deveria estar a pelo menos 1 kilômetro do alvo. Para destruir o satélite inimigo eram utilizados explosivos convencionais. Cada interceptador pesava 1400 Kilos, e carregava 300 Kilos de explosivos.
Os satélites kamikaze receberam a designação FOBS. Eles se aproximavam do satélite inimigo, e explodiam, destruindo junto o satélite adversário. No ínicio da década de 60, os soviéticos pretendiam utilizar mísseis nucleares, que explodindo no espaço, inutilizariam qualquer satélite num raio de 1000 kilômetros, mas a ideia foi abandonada. Os satélites kamikaze eram a maneira mais fácil e barata de destruir satélites, e naturalmente, foi o primeiro método de destruição de satélites desenvolvido. Durante a década de 70, os sistemas de interceptação e destruição de satélites teve um certo progresso, mas a assinatura de tratados de desarmamento nuclear, como o SALT, acabaram reduzindo o interesse por esse tipo de arma.
SOYUZ
As naves Soyuz foram as primeiras naves soviéticas tripuladas que podiam mudar de órbita. Foram produzidas para fazer viagens da Terra até a Lua, e para acoplar com estações espaciais em órbita terrestre. Mas, também foram desenvolvidas e testadas versões militares das naves Soyuz. Foram desenvolvidos 3 projetos de naves Soyuz militares, a Soyuz P (interceptador);, Soyuz R (reconhecimento); e Soyuz 7K-VI Zvezda. Todas tiveram como base a Soyuz A, modelo projetado para viagens circunlunares. Os projetos tiveram seus testes entre 1968 e 1976, mas, acabaram perdendo a preferência para a utilização das estações espaciais Salyut (civis); e Almaz (militares);.
As Soyuz R seriam na realidade um complexo espacial militar, composto pelo lançamento de 2 naves, uma nave tripulada e uma nave de reabastecimento. Ao todo, o complexo pesaria em torno de 13 toneladas O projeto da Soyuz R surgiu em 1964 e sobreviveu até 1969, quando foi substituído pela Soyuz VI, também composto pelo lançamento de 2 naves. Previa-se que a Soyuz VI pudesse realizar missões de até 30 dias no espaço Cada Soyuz VI pesaria 7 toneladas. Previa-se cerca de 50 vôos entre 1968 a 1975.
O projeto das naves Soyuz militares competia com o projeto das estações espaciais militares Almaz, que acabam tendo a preferência, e sendo lançadas ao espaço. Porém, apenas 1 estação espacial Almaz recebeu um vôo tripulado. As naves Soyuz acabaram sendo utilizadas para transportar cosmonautas para as estações Salyut, Almaz e Mir.
ALMAZ
As Almaz foram estações espacial militares desenvolvidas pelos soviéticos na década de 60. Na realidade, as estações Salyut e Almaz foram desenvolvidas simultaneamente. As estações espaciais Salyut 2, Salyut 3 e Salyut 5 eram na realidade estações espaciais do tipo Almaz. Para reabastecer e transportar cosmonautas para as estações Almaz seriam utilizadas naves do tipo TKS, mas na realidade acabaram sendo utilizadas as naves Soyuz. O projeto das estações Almaz foi iniciado em 12 de outubro de 1964, e o primeiro teste foi realizado em 01 de dezembro de 1969. Depois da falha na estação civil Salyut 1, a estação seguinte, a Salyut 2, faria parte do programa Almaz.
A primeira estação Almaz, a Salyut 2, lançada em 1973, teve um defeito em órbita e acabou sendo destruída antes de ter sido lançada sua primeira tripulação. A Salyut 3 foi a primeira estação Almaz bem sucedida. Ela ficou 90 dias no espaço, sem tripulação, e tinha uma cápsula onde retornaram os dados de suas medições. A Salyut 5, a última estação do tipo Almaz, ficou no espaço 411 dias, e também tinha uma cápsula onde foram enviados para a Terra os dados de suas medições. Foi a única estação Almaz visitada por cosmonautas. Os cosmonautas da Soyuz 21 permaneceram 50 dias acoplados na Salyut 5. Uma segunda missão, a Soyuz 23, acabou fracassando e não acoplou com a estação. O projeto das estações militares Almaz foi cancelado em 01 de janeiro de 1978.
TKS
As naves TKS seriam naves militares tripuladas destinadas a reabastecer as estações espaciais Almaz. Elas surgiram em 16 de junho de 1970, quando o seu desenvolvimento foi iniciado. Foram lançadas ao todo 13 naves TKS entre 1976 e 1983. Dez vezes foram testes, 3 vezes foram utilizadas normalmente, acoplando com as estações espaciais Salyut. Nenhuma delas levou tripulantes, mas sua cápsula de retorno sempre transportava para a Terra as imagens obtidas no espaço. Sua autonomia para missões tripuladas seria de 90 dias.
Em 25 de abril de 1981 foi lançada uma nave TKS, a Cosmos 1267, que acoplou com a estação espacial Salyut 6 em 19 de junho de 1981. Ela foi destruída junto com a estação Salyut 6, em 29 de junho de 1982. As naves TKS faziam um vôo autônomo, onde obtinham as imagens, depois ejetavam sua cápsula de descida e acoplavam com as Salyut, onde ficavam acoplados como uma expansão da estação espacial. As naves TKS pesavam 20 toneladas, o mesmo peso de uma estação Salyut.
A estação espacial Salyut 7 recebeu a visita de 2 naves TKS, a Cosmos 1443, lançada em 2 de março de 1983, que foi utilizada até 19 de setembro de 1983, e a Cosmos 1686, lançada em 27 de setembro de 1985, e que ficou acoplada até a destruição da Salyut 7, em 7 de fevereiro de 1991.
YANTAR
Em 1964 os soviéticos decidiram desenvolver um novo satélite militar, com um novo equipamento e um novo design. Desta maneira, surgiriam os satélites da série Yantar. Os Yantar pesavam 6,6 toneladas, e poderiam operar durante 30 dias. Ao final da missão, duas pequenas esferas, denominadas SPKs, trariam os filmes feitos em órbita pelo satélite. As Yantar utilizavam câmeras fotográficas de alta resolução, muito superiores as utilizadas pelos satélites Zenith. Os Yantar utilizavam seu sistema de câmeras na vertical, ao contrário dos Zenith, que utilizavam seu sistema de câmeras na horizontal. Os satélites Yantar também podiam efetuar mudanças de órbita. Suas cápsulas retornavam os filmes no décimo e décimo oitavo dias de missão.
No período de 1964 a 1978 foram feitos diversos testes do novo satélite. Sua produção para testes tinha começado em 1967. Em 1978, os Yantar finalmente entravam em serviço. O nome militar para o satélite era Feniks (Phoenix);. Esperava-se na década de 60, que os Yantar substituíssem rapidamente os Zenith, porém, os Zenith saíram de linha apenas no final da década de 80. Foram feitos ao todo 30 lançamentos.
Uma versão melhorada dos Yantar foi desenvolvida e também utilizada. Denominado Oktan, este satélite Yantar foi testado pela primeira vez em 1977. Como característica principal, poderia ficar no espaço 45 dias, ao invés dos 30 dias dos satélites Yantar. O sistema de câmeras também foi modificado, mas o peso e as dimensões eram idênticas aos outros satélites Yantar. Foram feitos 12 lançamentos até 1983, todos bem sucedidos. Em janeiro de 1984, os satélites Yantar do tipo Fenik e Oktan foram substituídos por satélites melhor equipados. Versões melhores e mais sofisticadas dos satélites Yantar continuaram sendo utilizadas até a década de 90.
POLYUS
O desenvolvimento do Polyus (Skif-DM); começou em junho de 1983, como resposta ao programa de defesa estratégica dos Estados Unidos, conhecida como Guerra nas Estrelas. Polyus era uma plataforma de defesa espacial, que seria capaz de lançar uma ogiva nuclear em qualquer lugar dos Estados Unidos em 6 minutos. Também continha armas anti-satélite e compartimento para acomodar cosmonautas.
O Polyus tinha componentes obtidos de outros projetos, como o do ônibus espacial Buran, Mir 2 e TKS. Sua construção começou em julho de 1984, devido aos sucessos iniciais do programa de defesa americano. Ele foi construído pela fábrica Krunichev. O Polyus tinha 37 metros de comprimento por 4,7 metros de diâmetro, e peso de 80 toneladas.
O Polyus foi lançado em 15 de maio de 1987, e após um lançamento perfeito, ele se desgovernou na órbita terrestre devido a uma falha no sistema de inércia, que não havia sido testado corretamente, e acabou caindo no Sul do Oceano Pacífico. Os responsáveis pelo defeito foram punidos, e durante muitos anos as informações sobre o Polyus eram desconhecidas no Ocidente. Naves como o Polyus não foram mais desenvolvidas.
ARKON
Os Arkon são uma nova geração de satélites de reconhecimento russo. São capazes de obter imagens com resolução de 2 a 5 metros. Sua órbita é de 1500 a 2000 kilômetros de altura. Ao contrário dos Yantar, ele não retorna para a Terra, mas transmite seus dados para as estações de controle. Possuem um peso de 6 toneladas. O desenvolvimento dos Arkon demorou mais de 10 anos, principalmente devido a problemas financeiros. Seu primeiro lançamento foi em 06 de junho de 1997, com o nome de Cosmos 2344.
RESUMO
Um breve resumo dos projetos militares russos e soviéticos, divididos por categoria.
Reconhecimento fotográfico: Zenit, substituído gradativamente a partir da década de 70 pelos Yantar, mais sofisticados. Hoje, os satélites são digitais, não utilizam mais cápsulas para retornar as fotos. Desta forma, podem ser utilizados por anos.
Reconhecimento marítimo por radar: US-A e US-P, este último movido a energia nuclear. Abandonados na década de 70, e substituídos pelos Okean, com radar com resolução de alguns metros.
Comunicação: Strela, utilizado até a década de 90, comunicação com bases móveis, e Raduga (década de 70);, estacionário, para bases fixas. Hoje, os Raduga e derivados se comunicam tanto com bases fixas como móveis. Para comunicação marítima, são utilizados os Tselina.
Disparo de mísseis: OKO, utilizados desde a década de 70, detectam qualquer lançamento, e são colocados em órbita polar.
Posicionamento global civil e militar: GLONASS, sistema parecido ao GPS, com erro de alguns metros, ou menos.
Sistema ofensivos: IS (Istrebitel Sputnik); e FOBS (Fractional Orbital Bombing System); - Satélites suicidas que podiam ser armazenados no espaço. Se aproximavam de outros satélites e explodiam, destruindo-se, junto com o satélite inimigo. Altamente manobráveis, deveriam destruir o inimigo na primeira órbita após lançado, se necessário. Nunca entrou em operação, mas foram feitos muitos testes até a década de 80, quando foram abandonados.
ZENITH
Após o lançamento do Sputnik, houve pressões para que o vôo espacial tripulado recebesse a máxima prioridade. Porém, os militares tinham interesse no desenvolvimento de satélites de reconhecimento. Após pequenas disputas, uma solução intermediária foi desenvolvida. Serguei Korolev, a mesma pessoa que criou o Sputnik e que posteriormente seria o grande mestre da cosmonáutica soviética iria desenvolver uma nave que pudesse ser utilizada tanto para vôos tripulados, quanto para missões de reconhecimento. A nave desenvolvida para missões tripuladas foi chamada Vostok. A partir dela, foi desenvolvido um satélite militar. Desta maneira, surgiriam os satélites Zenith.

Os Zenith foram satélites de reconhecimento fotográfico com um design semelhante as naves Vostok. A nave tinha um sistema de rádio seguro que funcionava apenas quando a nave sobrevoava o território soviético. Os Zenith também transmitiam imagens de televisão. Devido a necessidade da precisão das imagens, o satélite tinha um sistema tri axial para obter as imagens. Desta maneira, toda a missão era programada diariamente e enviada para a nave quando ela sobrevoava a a estação de controle. No final das missões, as Zenith voltavam para a Terra, sendo recuperadas com todas as informações obtidas. Para evitar problemas, cada uma possuía um sistema de auto destruição automático, que explodia a nave caso ela caísse em território inimigo.
As Zenith podiam fotografar 5,4 milhões de quilômetros quadrados por missão. Podia-se obter até 1500 imagens, cada uma equivalente a uma área de 60 x 60 Km. O peso de cada Zenith era de aproximadamente 4760 Kilos. Cada vôo poderia durar até 8 dias, mas as últimas versões podiam ficar até 12 dias no espaço. Os satélites Zenith não podiam efetuar mudanças de órbita. Muitos satélites do tipo Zenith foram lançados com o nome de Cosmos. A série Cosmos foi uma das maiores série de satélites, e foi composta de uma grande miscelânea de naves, desde protótipos, sondas espaciais, satélites malsucedidos, satélites de pesquisa, entre outros.
Os satélites Zenith foram substituídos na década de 80. Muitos satélites Zenith foram equipados com sistemas fotográficos de alta resolução, e o design foi sendo melhorado com o passar do tempo, bem como o tempo de duração da missão.
ISTREBITEL SPUTNIK
Uma grande variedade de interceptadores e satélites kamikaze foram desenvolvidos e testados durante as décadas de 60 e 70, sob a designação Cosmos. O primeiro teste de um interceptador orbital bem sucedido foi em 01 de novembro de 1968, quando o satélite Cosmos 252 destruiu o satélite Cosmos 248 após 1 dia de seu lançamento. Porém , seus primeiros sucessos foram com os satélites Polyot, em 1964, os primeiros com a capacidade de mudar de órbita, um recurso indispensável para interceptar satélites. Os testes com este tipo de satélite prosseguiram até 1982. Para que o satélite inimigo fosse destruído, o interceptador deveria estar a pelo menos 1 kilômetro do alvo. Para destruir o satélite inimigo eram utilizados explosivos convencionais. Cada interceptador pesava 1400 Kilos, e carregava 300 Kilos de explosivos.
Os satélites kamikaze receberam a designação FOBS. Eles se aproximavam do satélite inimigo, e explodiam, destruindo junto o satélite adversário. No ínicio da década de 60, os soviéticos pretendiam utilizar mísseis nucleares, que explodindo no espaço, inutilizariam qualquer satélite num raio de 1000 kilômetros, mas a ideia foi abandonada. Os satélites kamikaze eram a maneira mais fácil e barata de destruir satélites, e naturalmente, foi o primeiro método de destruição de satélites desenvolvido. Durante a década de 70, os sistemas de interceptação e destruição de satélites teve um certo progresso, mas a assinatura de tratados de desarmamento nuclear, como o SALT, acabaram reduzindo o interesse por esse tipo de arma.
SOYUZ
As naves Soyuz foram as primeiras naves soviéticas tripuladas que podiam mudar de órbita. Foram produzidas para fazer viagens da Terra até a Lua, e para acoplar com estações espaciais em órbita terrestre. Mas, também foram desenvolvidas e testadas versões militares das naves Soyuz. Foram desenvolvidos 3 projetos de naves Soyuz militares, a Soyuz P (interceptador);, Soyuz R (reconhecimento); e Soyuz 7K-VI Zvezda. Todas tiveram como base a Soyuz A, modelo projetado para viagens circunlunares. Os projetos tiveram seus testes entre 1968 e 1976, mas, acabaram perdendo a preferência para a utilização das estações espaciais Salyut (civis); e Almaz (militares);.
As Soyuz R seriam na realidade um complexo espacial militar, composto pelo lançamento de 2 naves, uma nave tripulada e uma nave de reabastecimento. Ao todo, o complexo pesaria em torno de 13 toneladas O projeto da Soyuz R surgiu em 1964 e sobreviveu até 1969, quando foi substituído pela Soyuz VI, também composto pelo lançamento de 2 naves. Previa-se que a Soyuz VI pudesse realizar missões de até 30 dias no espaço Cada Soyuz VI pesaria 7 toneladas. Previa-se cerca de 50 vôos entre 1968 a 1975.
O projeto das naves Soyuz militares competia com o projeto das estações espaciais militares Almaz, que acabam tendo a preferência, e sendo lançadas ao espaço. Porém, apenas 1 estação espacial Almaz recebeu um vôo tripulado. As naves Soyuz acabaram sendo utilizadas para transportar cosmonautas para as estações Salyut, Almaz e Mir.
ALMAZ
As Almaz foram estações espacial militares desenvolvidas pelos soviéticos na década de 60. Na realidade, as estações Salyut e Almaz foram desenvolvidas simultaneamente. As estações espaciais Salyut 2, Salyut 3 e Salyut 5 eram na realidade estações espaciais do tipo Almaz. Para reabastecer e transportar cosmonautas para as estações Almaz seriam utilizadas naves do tipo TKS, mas na realidade acabaram sendo utilizadas as naves Soyuz. O projeto das estações Almaz foi iniciado em 12 de outubro de 1964, e o primeiro teste foi realizado em 01 de dezembro de 1969. Depois da falha na estação civil Salyut 1, a estação seguinte, a Salyut 2, faria parte do programa Almaz.

A primeira estação Almaz, a Salyut 2, lançada em 1973, teve um defeito em órbita e acabou sendo destruída antes de ter sido lançada sua primeira tripulação. A Salyut 3 foi a primeira estação Almaz bem sucedida. Ela ficou 90 dias no espaço, sem tripulação, e tinha uma cápsula onde retornaram os dados de suas medições. A Salyut 5, a última estação do tipo Almaz, ficou no espaço 411 dias, e também tinha uma cápsula onde foram enviados para a Terra os dados de suas medições. Foi a única estação Almaz visitada por cosmonautas. Os cosmonautas da Soyuz 21 permaneceram 50 dias acoplados na Salyut 5. Uma segunda missão, a Soyuz 23, acabou fracassando e não acoplou com a estação. O projeto das estações militares Almaz foi cancelado em 01 de janeiro de 1978.
TKS
As naves TKS seriam naves militares tripuladas destinadas a reabastecer as estações espaciais Almaz. Elas surgiram em 16 de junho de 1970, quando o seu desenvolvimento foi iniciado. Foram lançadas ao todo 13 naves TKS entre 1976 e 1983. Dez vezes foram testes, 3 vezes foram utilizadas normalmente, acoplando com as estações espaciais Salyut. Nenhuma delas levou tripulantes, mas sua cápsula de retorno sempre transportava para a Terra as imagens obtidas no espaço. Sua autonomia para missões tripuladas seria de 90 dias.

Em 25 de abril de 1981 foi lançada uma nave TKS, a Cosmos 1267, que acoplou com a estação espacial Salyut 6 em 19 de junho de 1981. Ela foi destruída junto com a estação Salyut 6, em 29 de junho de 1982. As naves TKS faziam um vôo autônomo, onde obtinham as imagens, depois ejetavam sua cápsula de descida e acoplavam com as Salyut, onde ficavam acoplados como uma expansão da estação espacial. As naves TKS pesavam 20 toneladas, o mesmo peso de uma estação Salyut.
A estação espacial Salyut 7 recebeu a visita de 2 naves TKS, a Cosmos 1443, lançada em 2 de março de 1983, que foi utilizada até 19 de setembro de 1983, e a Cosmos 1686, lançada em 27 de setembro de 1985, e que ficou acoplada até a destruição da Salyut 7, em 7 de fevereiro de 1991.
YANTAR
Em 1964 os soviéticos decidiram desenvolver um novo satélite militar, com um novo equipamento e um novo design. Desta maneira, surgiriam os satélites da série Yantar. Os Yantar pesavam 6,6 toneladas, e poderiam operar durante 30 dias. Ao final da missão, duas pequenas esferas, denominadas SPKs, trariam os filmes feitos em órbita pelo satélite. As Yantar utilizavam câmeras fotográficas de alta resolução, muito superiores as utilizadas pelos satélites Zenith. Os Yantar utilizavam seu sistema de câmeras na vertical, ao contrário dos Zenith, que utilizavam seu sistema de câmeras na horizontal. Os satélites Yantar também podiam efetuar mudanças de órbita. Suas cápsulas retornavam os filmes no décimo e décimo oitavo dias de missão.

No período de 1964 a 1978 foram feitos diversos testes do novo satélite. Sua produção para testes tinha começado em 1967. Em 1978, os Yantar finalmente entravam em serviço. O nome militar para o satélite era Feniks (Phoenix);. Esperava-se na década de 60, que os Yantar substituíssem rapidamente os Zenith, porém, os Zenith saíram de linha apenas no final da década de 80. Foram feitos ao todo 30 lançamentos.
Uma versão melhorada dos Yantar foi desenvolvida e também utilizada. Denominado Oktan, este satélite Yantar foi testado pela primeira vez em 1977. Como característica principal, poderia ficar no espaço 45 dias, ao invés dos 30 dias dos satélites Yantar. O sistema de câmeras também foi modificado, mas o peso e as dimensões eram idênticas aos outros satélites Yantar. Foram feitos 12 lançamentos até 1983, todos bem sucedidos. Em janeiro de 1984, os satélites Yantar do tipo Fenik e Oktan foram substituídos por satélites melhor equipados. Versões melhores e mais sofisticadas dos satélites Yantar continuaram sendo utilizadas até a década de 90.
POLYUS
O desenvolvimento do Polyus (Skif-DM); começou em junho de 1983, como resposta ao programa de defesa estratégica dos Estados Unidos, conhecida como Guerra nas Estrelas. Polyus era uma plataforma de defesa espacial, que seria capaz de lançar uma ogiva nuclear em qualquer lugar dos Estados Unidos em 6 minutos. Também continha armas anti-satélite e compartimento para acomodar cosmonautas.
O Polyus tinha componentes obtidos de outros projetos, como o do ônibus espacial Buran, Mir 2 e TKS. Sua construção começou em julho de 1984, devido aos sucessos iniciais do programa de defesa americano. Ele foi construído pela fábrica Krunichev. O Polyus tinha 37 metros de comprimento por 4,7 metros de diâmetro, e peso de 80 toneladas.

O Polyus foi lançado em 15 de maio de 1987, e após um lançamento perfeito, ele se desgovernou na órbita terrestre devido a uma falha no sistema de inércia, que não havia sido testado corretamente, e acabou caindo no Sul do Oceano Pacífico. Os responsáveis pelo defeito foram punidos, e durante muitos anos as informações sobre o Polyus eram desconhecidas no Ocidente. Naves como o Polyus não foram mais desenvolvidas.
ARKON
Os Arkon são uma nova geração de satélites de reconhecimento russo. São capazes de obter imagens com resolução de 2 a 5 metros. Sua órbita é de 1500 a 2000 kilômetros de altura. Ao contrário dos Yantar, ele não retorna para a Terra, mas transmite seus dados para as estações de controle. Possuem um peso de 6 toneladas. O desenvolvimento dos Arkon demorou mais de 10 anos, principalmente devido a problemas financeiros. Seu primeiro lançamento foi em 06 de junho de 1997, com o nome de Cosmos 2344.
RESUMO
Um breve resumo dos projetos militares russos e soviéticos, divididos por categoria.
Reconhecimento fotográfico: Zenit, substituído gradativamente a partir da década de 70 pelos Yantar, mais sofisticados. Hoje, os satélites são digitais, não utilizam mais cápsulas para retornar as fotos. Desta forma, podem ser utilizados por anos.
Reconhecimento marítimo por radar: US-A e US-P, este último movido a energia nuclear. Abandonados na década de 70, e substituídos pelos Okean, com radar com resolução de alguns metros.
Comunicação: Strela, utilizado até a década de 90, comunicação com bases móveis, e Raduga (década de 70);, estacionário, para bases fixas. Hoje, os Raduga e derivados se comunicam tanto com bases fixas como móveis. Para comunicação marítima, são utilizados os Tselina.
Disparo de mísseis: OKO, utilizados desde a década de 70, detectam qualquer lançamento, e são colocados em órbita polar.
Posicionamento global civil e militar: GLONASS, sistema parecido ao GPS, com erro de alguns metros, ou menos.
Sistema ofensivos: IS (Istrebitel Sputnik); e FOBS (Fractional Orbital Bombing System); - Satélites suicidas que podiam ser armazenados no espaço. Se aproximavam de outros satélites e explodiam, destruindo-se, junto com o satélite inimigo. Altamente manobráveis, deveriam destruir o inimigo na primeira órbita após lançado, se necessário. Nunca entrou em operação, mas foram feitos muitos testes até a década de 80, quando foram abandonados.
















