A sombra da morte
Explorar a última fronteira não é uma tarefa desprovida de riscos. A sombra da morte sempre esteve por perto. Acidentes custaram a vida de quatro cosmonautas enviados ao espaço e mortes em terra foram o preço a ser pago para colocar a URSS na frente da corrida espacial.
Uma morte que teve um grande impacto no programa espacial soviético foi a perda de Sergei Korolev. Korolev foi o responsável pelos sucessos iniciais da URSS na corrida espacial, e quando ele se foi ele estava envolvido em um grande projeto, a nave Soyuz e o foguete lunar N1.
Quando Korolev morreu em 1967, durante uma cirurgia de rotina, ele foi cremado e suas cinzas foram guardadas no muro do Kremlin, em Moscou. Os soviéticos planejavam levar uma pequena urna com suas cinzas e deixar na Lua, por ocasião do primeiro vôo tripulado, como homenagem póstuma ao pai do programa espacial russo. Apenas 2 cosmonautas tiveram acesso a suas cinzas, Yuri Gagarin e Vladimir Komarov. Ambos morreram no período de um ano devido a acidentes. Komarov morreu pilotando a Soyuz 1 e Gagarin morreu num acidente de avião durante treinamento.
A morte de Korolev teve um enorme impacto. O sucessor de Korolev foi Vladimir Mishin, que não tinha o mesmo talento nem a mesma influência política. Sob a liderança de Mishin, o programa espacial soviético amargou duras perdas, a morte de 4 cosmonautas, defeitos em sondas espaciais e os fracassos no foguete lunar N1. A liderança soviética se cansou dele e em 1974 o programa espacial foi reorganizado, tendo Valentin Glushko, rival de Korolev, no comando. A primeira coisa que Glushko fez foi colocar Mishin no olho da rua. E em seguida, cancelou o foguete lunar N1.
Mishin viria a falecer em 1989. Em agosto de 1988 ele manifestou o desejo de ser cremado ao morrer, e que suas cinzas fossem enviadas numa sonda para Vênus. Apesar de seu desejo, ao morrer, ele foi enterrado num cemitério moscovita, e nunca mais se falou no assunto. Nenhuma missão nova foi lançada a Vênus desde 1984.
A seguir uma lista de acidentes fatais e de acidentes quase fatais que ocorreram durante a longa história do programa espacial russo.
ACIDENTES FATAIS
Em outubro de 1960, muitos observadores do programa espacial soviético esperavam que a União Soviética enviasse uma missão não tripulada a Marte, justamente durante a visita do premier Nikita Kruschev as Nações Unidas. Poucas semanas depois, os soviéticos anunciavam a morte do marechal de campo Mitrofan Nedelin, comandante as forças de foguetes estratégicos, num acidente de avião.
Na realidade, Nedelin, animado pelo desejo de dar um golpe publicitário, decidiu lançar um foguete antes dele ter sido completamente testado. A contagem chegou a zero e o enorme foguete estava exatamente no mesmo lugar. Por precaução, ninguém foi conferir o que tinha acontecido. A impaciência de Nedelin falou mais alto e os engenheiros foram para examinar o que havia ocorrido. Após 1 hora de vistoria, uma gigantesca explosão destruiu o foguete e matou grande parte dos técnicos, inclusive Nedelin. A explosão pode ser ouvida a mais de 100 kilometros de distância. O foguete tinha mais de 500 toneladas de combustível. Algumas histórias diziam que o impaciente Nedelin teria acendido um cigarro próximo do foguete, e o cigarro teria detonado o malsucedido foguete. Mas na verdade o problema foi relacionado a um curto circuito no segundo estágio, que teria ativado os motores durante testes antes do lançamento.
O número de mortos até hoje não é conhecido, mas se sabe que este foi o pior acidente relacionado a exploração espacial. Em 1989 a revista Ogonik estimou o número de mortos em 56, mas em 2020 a agência espacial russa estimou o número de mortos entre 60 a 150.
Todos sabem que Yuri Gagarin foi o primeiro homem a ir ao espaço, mas antes dele fazer seu histórico vôo a morte já havia se abatido sobre o programa espacial soviético. O jovem Valentim Bondarenko morreria no início de 1961, num teste em terra a bordo de uma nave Vostok, quando a atmosfera da espaçonave incendiou-se explosivamente. Sua morte foi foi mantida em segredo e somente foi admitida oficialmente pelo jornal soviético Izvestia em 1986.
A morte não deixaria de estar por perto. A primeira Soyuz a entrar em serviço, terminou sua missão de forma trágica, com a morte do cosmonauta Vladimir Komarov, em 23 de abril de 1967. Komarov sabia, durante o seu vôo, que sua nave estava com problemas. Gravações captadas pelo norte-americanos na Turquia mostram Komarov amaldiçoando a equipe que o havia lançado dentro de uma nave tão problemática. Também se pode ouvir uma mensagem de despedida para a esposa. Komarov morreu na reentrada, por falha no paraquedas principal e de reserva. As Soyuz voltaram para as oficinas e só voltaram ao espaço no final de 1968.
Em 27 de março de 1968, Yuri Gagarin, o primeiro homem ao ir ao espaço, morreu durante treinamento quando o seu caça Mig-15, onde também estava o piloto Vladimir Seryogin, caiu durante um treino de rotina em Novosyolovo.
O foguete N1 era o rival do foguete norte americano Saturn V na corrida lunar. O gigantesco foguete com 5 estágios e 100 metros de altura deveria levar dois cosmonautas para a Lua. O projeto do super foguete teve início em 1965 e em 21 de fevereiro de 1969 teve o seu primeiro teste, sem tripulação. O foguete explodiu após 68 segundos do lançamento e seus destroços mataram 91 pessoas em solo. As mortes somente foram reveladas em 1996.
O foguete N1 seria testado mais três vezes, sem sucesso. Devido aos seus problemas, o programa lunar foi cancelado e a URSS nunca mandou cosmonautas para a Lua.
Os cosmonautas da Soyuz 11 quebraram em 1971 o recorde de permanência no espaço, ficando 24 dias a bordo da Salyut 1, a primeira estação espacial. A tripulação da Soyuz 11 morreu por asfixia durante a reentrada, devido a despressurização da cápsula Soyuz. Os cosmonautas não usavam trajes pressurizados. Como resultado, as naves Soyuz passaram a transportar apenas 2 cosmonautas, já que as roupas pressurizadas e os equipamentos usados para suporte ocupavam muito espaço.
Em 18 de março de 1980 um lançamento de um satélite militar a partir do Cosmódromo de Plesetsk terminou em tragédia quando o foguete Vostok-2M explodiu. O foguete era considerado confiável, apenas 1 acidente ocorreu em 16 anos e não foram registrados problemas deste 1970.
Durante a operação de abastecimento do foguete, ocorreu um incêndio. Os trabalhadores da plataforma conseguiram rapidamente remover caminhões de combustível do local, mas o incêndio que envolveu a plataforma matou 44 pessoas. Outras quatro morreriam depois por causa dos ferimentos
- Em 11 de julho de 1993 o cosmonauta em treinamento Sergei Yuriyevich Vozovikov morreu de afogamento durante treinamento de resgate aquático no Mar Negro.
ACIDENTES NÃO FATAIS
A Voskhod 2, lançada em 1965, foi a primeira missão onde onde uma caminhada espacial, feita por Alexei Leonov. Sua roupa inflou no vácuo do espaço, dificultando seu retorno para a nave, ele foi obrigado a soltar parte do oxigênio no seu traje, o que poderia ter tido resultados fatais. Ao voltar para a Terra, a cápsula errou o local de pouso em 386 km e foi parar no meio de uma floresta. Os cosmonautas tiveram que se virar no frio por 2 dias antes de serem resgatados.
A Soyuz 5, lançada em janeiro de 1969, foi a primeira missão onde houve o acoplamento entre duas naves tripuladas. Mas ao retornar para a Terra o módulo de serviço não se separou no momento certo e a cápsula reentrou no ângulo errado. O módulo de serviço foi destruído antes que a cápsula tivesse o mesmo fim. A reentrada foi muito dura e a cápsula foi parar nas montanhas Ural.
O problema da separação do módulo de serviço não era algo novo, já havia ocorrido nas missões Voskhod 2 em 1965, Vostok 5 em 1963 e nas missões Vostok 1 e Vostok 2 em 1961.
Em 1975 seria a vez da Soyuz 18a entrar para a lista de acidentes. Um problema na separação do segundo estágio do foguete Soyuz fez o foguete acelerar na direção da Terra. Os cosmonautas experimentaram forças de 21 g e foram parar perto de um precipício, só não cairam porque o paraquedas enroscou e impediu a cápsula de cair. O comandante Lazarev sofreu lesões internas, e ficou incapacitado de voar de novo.
No ano seguinte um novo problema atingir as naves Soyuz. Em 1976 a missão Soyuz 23 pousou no meio de um lago congelado durante uma nevasca e foi arrastada para dentro do lago por seu paraquedas. Por um milagre a tripulação sobreviveu, já que as condições do tempo atrasaram o resgate.
Em 1979 a Soyuz 33 teve problemas durante manobras orbitais e a missão teve que ser abortada. A reentrada foi muito forte devido ao motor de descida ter sido usado 25 a mais do que o normal. Apesar do problema, a tripulação foi resgatada com sucesso.
A missão da Soyuz T-10-1 em 1983 terminou antes mesmo de começar. Um vazamento de combustível no foguete fez ele explodir durante o lançamento. O sistema de escape da Soyuz foi acionado com sucesso 2 segundos antes da explosão, salvando a tripulação.
Em 1988 foi a vez da Soyuz TM-5 passar apuros em órbita. Problemas no computador e nos sensores impediram a nave de fazer a reentrada. As duas primeiras tentativas de retorno falharam, e os cosmonautas tiveram que ficar um dia a mais em órbita até que o problema fosse identificado. O computador foi reprogramado e a terceira tentativa de retorno foi feita com sucesso.
Os anos 90 reservaram muitos problemas ao programa espacial russo. Em agosto de 1994 a nave de carga Progress M-24, não tripulada, colidiu com a estação espacial Mir, felizmente sem causar maiores danos. Em janeiro do mesmo ano a Soyuz TM-17 colidiu duas vezes com a Mir, sem danos.
Em 1997 a Mir não teria a mesma sorte. Em 23 de fevereiro de 1997 um incêndio ocorreu a bordo, causado por um vazamento de uma dos canisters usados para gerar oxigênio. O incêndio demorou 90 segundos para ser apagado. E em 25 de junho, a nave de carga Progress M-34 colidiria com o módulo Spektr, causando um furo que despressurizou o módulo lançado em 1995. No mês seguinte, em 17 de julho de 1997 o cabo de força que alimentava o computador foi desligado por acidente, e a estação ficou sem força e perdeu orientação.
Com o fim da estação espacial Mir e a entrada em serviço da estação espacial internacional os problemas felizmente foram menores. Em 2003 a Soyuz TMA-1 teve uma reentrada mais forte e errou o ponto de pouso em 500 km. Além disso, a cápsula foi arrastada por seu paraquedas após o pouso a acabou tombando. Um dos cosmonautas machucou o ombro.
Em 2008 um problema mais sério ocorreu com a Soyuz TMA-11, o módulo de serviço não se separou durante a reentrada. Felizmente o módulo se separou, mas a reentrada foi dura. Um dos cosmonautas foi parar no hospital, com problemas na colunas e nos músculos do pescoço. Para sorte do cosmonauta, as lesões não foram graves. Além disso, a cápsula errou o ponto de pouso em 400 km.
A missão Soyuz MS-10 não teve oportunidade de visitar a ISS em 2018. Durante o lançamento houve problemas com o foguete e a missão foi abortada. Problemas na separação dos boosters do primeiro estágio obrigaram a encerrar a missão. Os cosmonautas retornaram em segurança, sem a necessidade de cuidados médicos.
PROBLEMAS DE SAÚDE
Além de acidentes, houve casos em que foi necessário trocar toda ou parte da tripulação devido a problemas de saúde. Isso ocorreu nas missões Mir EO-2 em 1987, onde um dos tripulantes teve que ser substituído e numa das visitas a estação Salyut 7 em 1985. O incidente mais grave foi em 1976, quando os dois cosmonautas que habitavam a estação Salyut-5 tiveram que voltar mais cedo para a Terra devido a suspeita de vazamento de gases tóxicos.
Uma morte que teve um grande impacto no programa espacial soviético foi a perda de Sergei Korolev. Korolev foi o responsável pelos sucessos iniciais da URSS na corrida espacial, e quando ele se foi ele estava envolvido em um grande projeto, a nave Soyuz e o foguete lunar N1.
Quando Korolev morreu em 1967, durante uma cirurgia de rotina, ele foi cremado e suas cinzas foram guardadas no muro do Kremlin, em Moscou. Os soviéticos planejavam levar uma pequena urna com suas cinzas e deixar na Lua, por ocasião do primeiro vôo tripulado, como homenagem póstuma ao pai do programa espacial russo. Apenas 2 cosmonautas tiveram acesso a suas cinzas, Yuri Gagarin e Vladimir Komarov. Ambos morreram no período de um ano devido a acidentes. Komarov morreu pilotando a Soyuz 1 e Gagarin morreu num acidente de avião durante treinamento.
A morte de Korolev teve um enorme impacto. O sucessor de Korolev foi Vladimir Mishin, que não tinha o mesmo talento nem a mesma influência política. Sob a liderança de Mishin, o programa espacial soviético amargou duras perdas, a morte de 4 cosmonautas, defeitos em sondas espaciais e os fracassos no foguete lunar N1. A liderança soviética se cansou dele e em 1974 o programa espacial foi reorganizado, tendo Valentin Glushko, rival de Korolev, no comando. A primeira coisa que Glushko fez foi colocar Mishin no olho da rua. E em seguida, cancelou o foguete lunar N1.
Mishin viria a falecer em 1989. Em agosto de 1988 ele manifestou o desejo de ser cremado ao morrer, e que suas cinzas fossem enviadas numa sonda para Vênus. Apesar de seu desejo, ao morrer, ele foi enterrado num cemitério moscovita, e nunca mais se falou no assunto. Nenhuma missão nova foi lançada a Vênus desde 1984.
A seguir uma lista de acidentes fatais e de acidentes quase fatais que ocorreram durante a longa história do programa espacial russo.
ACIDENTES FATAIS
Em outubro de 1960, muitos observadores do programa espacial soviético esperavam que a União Soviética enviasse uma missão não tripulada a Marte, justamente durante a visita do premier Nikita Kruschev as Nações Unidas. Poucas semanas depois, os soviéticos anunciavam a morte do marechal de campo Mitrofan Nedelin, comandante as forças de foguetes estratégicos, num acidente de avião.
Na realidade, Nedelin, animado pelo desejo de dar um golpe publicitário, decidiu lançar um foguete antes dele ter sido completamente testado. A contagem chegou a zero e o enorme foguete estava exatamente no mesmo lugar. Por precaução, ninguém foi conferir o que tinha acontecido. A impaciência de Nedelin falou mais alto e os engenheiros foram para examinar o que havia ocorrido. Após 1 hora de vistoria, uma gigantesca explosão destruiu o foguete e matou grande parte dos técnicos, inclusive Nedelin. A explosão pode ser ouvida a mais de 100 kilometros de distância. O foguete tinha mais de 500 toneladas de combustível. Algumas histórias diziam que o impaciente Nedelin teria acendido um cigarro próximo do foguete, e o cigarro teria detonado o malsucedido foguete. Mas na verdade o problema foi relacionado a um curto circuito no segundo estágio, que teria ativado os motores durante testes antes do lançamento.
O número de mortos até hoje não é conhecido, mas se sabe que este foi o pior acidente relacionado a exploração espacial. Em 1989 a revista Ogonik estimou o número de mortos em 56, mas em 2020 a agência espacial russa estimou o número de mortos entre 60 a 150.
Todos sabem que Yuri Gagarin foi o primeiro homem a ir ao espaço, mas antes dele fazer seu histórico vôo a morte já havia se abatido sobre o programa espacial soviético. O jovem Valentim Bondarenko morreria no início de 1961, num teste em terra a bordo de uma nave Vostok, quando a atmosfera da espaçonave incendiou-se explosivamente. Sua morte foi foi mantida em segredo e somente foi admitida oficialmente pelo jornal soviético Izvestia em 1986.
A morte não deixaria de estar por perto. A primeira Soyuz a entrar em serviço, terminou sua missão de forma trágica, com a morte do cosmonauta Vladimir Komarov, em 23 de abril de 1967. Komarov sabia, durante o seu vôo, que sua nave estava com problemas. Gravações captadas pelo norte-americanos na Turquia mostram Komarov amaldiçoando a equipe que o havia lançado dentro de uma nave tão problemática. Também se pode ouvir uma mensagem de despedida para a esposa. Komarov morreu na reentrada, por falha no paraquedas principal e de reserva. As Soyuz voltaram para as oficinas e só voltaram ao espaço no final de 1968.
Em 27 de março de 1968, Yuri Gagarin, o primeiro homem ao ir ao espaço, morreu durante treinamento quando o seu caça Mig-15, onde também estava o piloto Vladimir Seryogin, caiu durante um treino de rotina em Novosyolovo.
O foguete N1 era o rival do foguete norte americano Saturn V na corrida lunar. O gigantesco foguete com 5 estágios e 100 metros de altura deveria levar dois cosmonautas para a Lua. O projeto do super foguete teve início em 1965 e em 21 de fevereiro de 1969 teve o seu primeiro teste, sem tripulação. O foguete explodiu após 68 segundos do lançamento e seus destroços mataram 91 pessoas em solo. As mortes somente foram reveladas em 1996.
O foguete N1 seria testado mais três vezes, sem sucesso. Devido aos seus problemas, o programa lunar foi cancelado e a URSS nunca mandou cosmonautas para a Lua.
Os cosmonautas da Soyuz 11 quebraram em 1971 o recorde de permanência no espaço, ficando 24 dias a bordo da Salyut 1, a primeira estação espacial. A tripulação da Soyuz 11 morreu por asfixia durante a reentrada, devido a despressurização da cápsula Soyuz. Os cosmonautas não usavam trajes pressurizados. Como resultado, as naves Soyuz passaram a transportar apenas 2 cosmonautas, já que as roupas pressurizadas e os equipamentos usados para suporte ocupavam muito espaço.
Em 18 de março de 1980 um lançamento de um satélite militar a partir do Cosmódromo de Plesetsk terminou em tragédia quando o foguete Vostok-2M explodiu. O foguete era considerado confiável, apenas 1 acidente ocorreu em 16 anos e não foram registrados problemas deste 1970.
Durante a operação de abastecimento do foguete, ocorreu um incêndio. Os trabalhadores da plataforma conseguiram rapidamente remover caminhões de combustível do local, mas o incêndio que envolveu a plataforma matou 44 pessoas. Outras quatro morreriam depois por causa dos ferimentos
- Em 11 de julho de 1993 o cosmonauta em treinamento Sergei Yuriyevich Vozovikov morreu de afogamento durante treinamento de resgate aquático no Mar Negro.
ACIDENTES NÃO FATAIS
A Voskhod 2, lançada em 1965, foi a primeira missão onde onde uma caminhada espacial, feita por Alexei Leonov. Sua roupa inflou no vácuo do espaço, dificultando seu retorno para a nave, ele foi obrigado a soltar parte do oxigênio no seu traje, o que poderia ter tido resultados fatais. Ao voltar para a Terra, a cápsula errou o local de pouso em 386 km e foi parar no meio de uma floresta. Os cosmonautas tiveram que se virar no frio por 2 dias antes de serem resgatados.
A Soyuz 5, lançada em janeiro de 1969, foi a primeira missão onde houve o acoplamento entre duas naves tripuladas. Mas ao retornar para a Terra o módulo de serviço não se separou no momento certo e a cápsula reentrou no ângulo errado. O módulo de serviço foi destruído antes que a cápsula tivesse o mesmo fim. A reentrada foi muito dura e a cápsula foi parar nas montanhas Ural.
O problema da separação do módulo de serviço não era algo novo, já havia ocorrido nas missões Voskhod 2 em 1965, Vostok 5 em 1963 e nas missões Vostok 1 e Vostok 2 em 1961.
Em 1975 seria a vez da Soyuz 18a entrar para a lista de acidentes. Um problema na separação do segundo estágio do foguete Soyuz fez o foguete acelerar na direção da Terra. Os cosmonautas experimentaram forças de 21 g e foram parar perto de um precipício, só não cairam porque o paraquedas enroscou e impediu a cápsula de cair. O comandante Lazarev sofreu lesões internas, e ficou incapacitado de voar de novo.
No ano seguinte um novo problema atingir as naves Soyuz. Em 1976 a missão Soyuz 23 pousou no meio de um lago congelado durante uma nevasca e foi arrastada para dentro do lago por seu paraquedas. Por um milagre a tripulação sobreviveu, já que as condições do tempo atrasaram o resgate.
Em 1979 a Soyuz 33 teve problemas durante manobras orbitais e a missão teve que ser abortada. A reentrada foi muito forte devido ao motor de descida ter sido usado 25 a mais do que o normal. Apesar do problema, a tripulação foi resgatada com sucesso.
A missão da Soyuz T-10-1 em 1983 terminou antes mesmo de começar. Um vazamento de combustível no foguete fez ele explodir durante o lançamento. O sistema de escape da Soyuz foi acionado com sucesso 2 segundos antes da explosão, salvando a tripulação.
Em 1988 foi a vez da Soyuz TM-5 passar apuros em órbita. Problemas no computador e nos sensores impediram a nave de fazer a reentrada. As duas primeiras tentativas de retorno falharam, e os cosmonautas tiveram que ficar um dia a mais em órbita até que o problema fosse identificado. O computador foi reprogramado e a terceira tentativa de retorno foi feita com sucesso.
Os anos 90 reservaram muitos problemas ao programa espacial russo. Em agosto de 1994 a nave de carga Progress M-24, não tripulada, colidiu com a estação espacial Mir, felizmente sem causar maiores danos. Em janeiro do mesmo ano a Soyuz TM-17 colidiu duas vezes com a Mir, sem danos.
Em 1997 a Mir não teria a mesma sorte. Em 23 de fevereiro de 1997 um incêndio ocorreu a bordo, causado por um vazamento de uma dos canisters usados para gerar oxigênio. O incêndio demorou 90 segundos para ser apagado. E em 25 de junho, a nave de carga Progress M-34 colidiria com o módulo Spektr, causando um furo que despressurizou o módulo lançado em 1995. No mês seguinte, em 17 de julho de 1997 o cabo de força que alimentava o computador foi desligado por acidente, e a estação ficou sem força e perdeu orientação.
Com o fim da estação espacial Mir e a entrada em serviço da estação espacial internacional os problemas felizmente foram menores. Em 2003 a Soyuz TMA-1 teve uma reentrada mais forte e errou o ponto de pouso em 500 km. Além disso, a cápsula foi arrastada por seu paraquedas após o pouso a acabou tombando. Um dos cosmonautas machucou o ombro.
Em 2008 um problema mais sério ocorreu com a Soyuz TMA-11, o módulo de serviço não se separou durante a reentrada. Felizmente o módulo se separou, mas a reentrada foi dura. Um dos cosmonautas foi parar no hospital, com problemas na colunas e nos músculos do pescoço. Para sorte do cosmonauta, as lesões não foram graves. Além disso, a cápsula errou o ponto de pouso em 400 km.
A missão Soyuz MS-10 não teve oportunidade de visitar a ISS em 2018. Durante o lançamento houve problemas com o foguete e a missão foi abortada. Problemas na separação dos boosters do primeiro estágio obrigaram a encerrar a missão. Os cosmonautas retornaram em segurança, sem a necessidade de cuidados médicos.
PROBLEMAS DE SAÚDE
Além de acidentes, houve casos em que foi necessário trocar toda ou parte da tripulação devido a problemas de saúde. Isso ocorreu nas missões Mir EO-2 em 1987, onde um dos tripulantes teve que ser substituído e numa das visitas a estação Salyut 7 em 1985. O incidente mais grave foi em 1976, quando os dois cosmonautas que habitavam a estação Salyut-5 tiveram que voltar mais cedo para a Terra devido a suspeita de vazamento de gases tóxicos.
















