Discovery chega à estação e parece inteiro
Ônibus espacial é fotografado minuciosamente em inspeção; pedaço de espuma pode ter atingido uma asa
Discovery chega à estação e parece inteiro
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma manobra inédita, o ônibus espacial Discovery atracou ontem à ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês);. Os tripulantes da nave e do complexo orbital já iniciaram operações conjuntas e devem acoplar hoje à estação o módulo de carga Raffaello, levado pelo ônibus ao espaço e abarrotado de suprimentos e peças de reposição.
Enquanto os trabalhos ocorrem a contento no espaço, em terra os engenheiros tentam afugentar os fantasmas do Columbia, se certificando de que desta vez o ônibus espacial estará inteiro e bem para o violento processo de reentrada na atmosfera terrestre.
Em entrevista coletiva dada no fim da noite de ontem, os engenheiros da agência espacial americana disseram, com base nas imagens do lançamento, que pequenos pedaços de espuma desprendidos do tanque externo podem ter se chocado com uma das asas da nave _embora os sensores instalados não tenha indicado o impacto, que de todo modo seria pequeno demais para causar danos, segundo os técnicos.
A Nasa passou os últimos dois anos e meio modificado elementos do desenho do tanque de combustível externo das naves para evitar que, durante a subida até a órbita, ele desprendesse tanta espuma (material poroso e sólido de cor laranja que protege termicamente o tanque, para conservar em seu interior hidrogênio e oxigênio em estado líquido);.
Foi um pedaço de espuma de menos de um quilograma que se desprendeu do tanque e atingiu o bordo de ataque da asa esquerda do Columbia o responsável pela destruição da nave e pela morte de seus tripulantes, no retorno à Terra, em 1º de fevereiro de 2003.
Embora as modificações tenham reduzido a quantidade de espuma que se desprende do tanque (fenômeno que ocorre desde o primeiro lançamento de um ônibus espacial, em 1981);, imagens de alta resolução obtidas durante a subida do Discovery, com novas câmeras que também fizeram sua estréia em razão da perda do Columbia, mostraram que o risco de um impacto potencialmente danoso ainda existe.
"Como em qualquer ocorrência inesperada, vamos avaliar de perto e de forma completa esse evento e fazer quaisquer modificações necessárias no ônibus espacial antes que o lancemos de novo", disse Michael Griffin, administrador da agência espacial americana.
"Este é um vôo de teste. Entre as coisas que estávamos testando estavam a integridade do isolamento de espuma e o desempenho das novas câmeras instaladas para detectar problemas", afirmou Griffin, em nota. "As câmeras funcionaram bem. A espuma não."
Segundo um memorando distribuído internamente entre membros da Nasa e obtido pela Folha, duas equipes independentes calcularam as dimensões e a massa do maior pedaço de espuma que foi flagrado pelas câmeras. O destroço tem cerca de 400 gramas. No caso de um choque dele com o ônibus, poderia ter causado dano. Nesse caso, o impacto não aconteceu.
Ainda assim, para se certificar da segurança, o Discovery realizou ontem uma manobra inédita. Pilotada manualmente pela comandante Eileen Collins, a nave deu uma pirueta em frente à ISS, a fim de que os dois tripulantes da estação, Sergei Krikalev e John Phillips, obtivessem imagens de alta resolução do veículo, que servirão de base para que se avalie a segurança no retorno do ônibus à Terra. As imagens já foram enviadas ao controle da missão, em Houston, no Texas. Os engenheiros esperam dar o "OK" definitivo para a volta em três dias.
Futuro nebuloso
Sobre próximos lançamentos, a comunicação interna dá a entender que a Nasa ainda não tomou nenhuma decisão quanto a como proceder, mas imprime caráter rotineiro aos problemas atuais. "Nós resolvemos problemas após cada lançamento, antes que lancemos de novo. Essa é uma questão com que iremos lidar antes de lançarmos novamente."
"Ainda não tomamos uma decisão sobre o momento da próxima missão. Continuamos a processar o ônibus espacial Atlantis para vôo. Vamos olhar os dados e decidir como proceder. Estamos agora concentrados na missão STS-114 a atual, do Discovery."
O Atlantis está sendo preparado para o próximo lançamento, originalmente agendado pela agência para 9 de setembro, mas agora sem data para acontecer.
Discovery chega à estação e parece inteiro
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma manobra inédita, o ônibus espacial Discovery atracou ontem à ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês);. Os tripulantes da nave e do complexo orbital já iniciaram operações conjuntas e devem acoplar hoje à estação o módulo de carga Raffaello, levado pelo ônibus ao espaço e abarrotado de suprimentos e peças de reposição.
Enquanto os trabalhos ocorrem a contento no espaço, em terra os engenheiros tentam afugentar os fantasmas do Columbia, se certificando de que desta vez o ônibus espacial estará inteiro e bem para o violento processo de reentrada na atmosfera terrestre.
Em entrevista coletiva dada no fim da noite de ontem, os engenheiros da agência espacial americana disseram, com base nas imagens do lançamento, que pequenos pedaços de espuma desprendidos do tanque externo podem ter se chocado com uma das asas da nave _embora os sensores instalados não tenha indicado o impacto, que de todo modo seria pequeno demais para causar danos, segundo os técnicos.
A Nasa passou os últimos dois anos e meio modificado elementos do desenho do tanque de combustível externo das naves para evitar que, durante a subida até a órbita, ele desprendesse tanta espuma (material poroso e sólido de cor laranja que protege termicamente o tanque, para conservar em seu interior hidrogênio e oxigênio em estado líquido);.
Foi um pedaço de espuma de menos de um quilograma que se desprendeu do tanque e atingiu o bordo de ataque da asa esquerda do Columbia o responsável pela destruição da nave e pela morte de seus tripulantes, no retorno à Terra, em 1º de fevereiro de 2003.
Embora as modificações tenham reduzido a quantidade de espuma que se desprende do tanque (fenômeno que ocorre desde o primeiro lançamento de um ônibus espacial, em 1981);, imagens de alta resolução obtidas durante a subida do Discovery, com novas câmeras que também fizeram sua estréia em razão da perda do Columbia, mostraram que o risco de um impacto potencialmente danoso ainda existe.
"Como em qualquer ocorrência inesperada, vamos avaliar de perto e de forma completa esse evento e fazer quaisquer modificações necessárias no ônibus espacial antes que o lancemos de novo", disse Michael Griffin, administrador da agência espacial americana.
"Este é um vôo de teste. Entre as coisas que estávamos testando estavam a integridade do isolamento de espuma e o desempenho das novas câmeras instaladas para detectar problemas", afirmou Griffin, em nota. "As câmeras funcionaram bem. A espuma não."
Segundo um memorando distribuído internamente entre membros da Nasa e obtido pela Folha, duas equipes independentes calcularam as dimensões e a massa do maior pedaço de espuma que foi flagrado pelas câmeras. O destroço tem cerca de 400 gramas. No caso de um choque dele com o ônibus, poderia ter causado dano. Nesse caso, o impacto não aconteceu.
Ainda assim, para se certificar da segurança, o Discovery realizou ontem uma manobra inédita. Pilotada manualmente pela comandante Eileen Collins, a nave deu uma pirueta em frente à ISS, a fim de que os dois tripulantes da estação, Sergei Krikalev e John Phillips, obtivessem imagens de alta resolução do veículo, que servirão de base para que se avalie a segurança no retorno do ônibus à Terra. As imagens já foram enviadas ao controle da missão, em Houston, no Texas. Os engenheiros esperam dar o "OK" definitivo para a volta em três dias.
Futuro nebuloso
Sobre próximos lançamentos, a comunicação interna dá a entender que a Nasa ainda não tomou nenhuma decisão quanto a como proceder, mas imprime caráter rotineiro aos problemas atuais. "Nós resolvemos problemas após cada lançamento, antes que lancemos de novo. Essa é uma questão com que iremos lidar antes de lançarmos novamente."
"Ainda não tomamos uma decisão sobre o momento da próxima missão. Continuamos a processar o ônibus espacial Atlantis para vôo. Vamos olhar os dados e decidir como proceder. Estamos agora concentrados na missão STS-114 a atual, do Discovery."
O Atlantis está sendo preparado para o próximo lançamento, originalmente agendado pela agência para 9 de setembro, mas agora sem data para acontecer.

