A Nasa aprendeu com os próprios erros?
A Nasa aprendeu com os próprios erros?
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje, depois de quase dois anos e meio na garagem por conta do acidente com o Columbia, os ônibus espaciais devem voltar a voar. Era para ter ocorrido duas semanas atrás, não fosse uma misteriosa falha de um sensor no tanque de combustível da nave.
Atitude louvável, a Nasa parou o show para investigar. Revirou os equipamentos, chamou de volta até o engenheiro aposentado que, nos anos 1970, projetou o sistema, para identificar o problema. Não o encontrou. A agência então presumiu que o problema não fosse no maquinário em si, mas nos sistemas de cabos que conectam a nave ao chão, antes do lançamento. Pressionada pelo já apertado cronograma que exige mais de 20 vôos até 2010 para a conclusão da Estação Espacial Internacional, deliberou: mesmo que o problema volte a acontecer, o Discovery pode receber liberação para deixar a plataforma.
À primeira vista, pode parecer razoável. Ao longo de mais de duas décadas, em três outras ocasiões, esse sensor, que serve para desligar automaticamente os motores no caso de falta de combustível, falhou durante uma missão. Nas três, foi possível religar o motor e continuar com o vôo, sem acidentes ou abortos. Parece bem seguro tentar mais uma vez.
Pense de novo. Espuma tem caído do tanque externo do ônibus desde o primeiro lançamento, em 1981. A Nasa jamais considerou esse desprendimento um problema sério, que dirá uma potencial ameaça à vida dos astronautas. Cada missão subseqüente pareceu comprovar esse raciocínio. Até 1º de fevereiro de 2003. Depois, o diagnóstico: uma pancada de espuma pode, de fato, avariar um ônibus espacial, como fez com o Columbia, condenando a nave e seus sete tripulantes à desintegração, no retorno à Terra.
O vôo do Discovery tem tudo para transcorrer com sucesso. Antes da partida, no entanto, sua história já demonstrou quão fácil e convenientemente podem ser esquecidas as lições do passado.
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje, depois de quase dois anos e meio na garagem por conta do acidente com o Columbia, os ônibus espaciais devem voltar a voar. Era para ter ocorrido duas semanas atrás, não fosse uma misteriosa falha de um sensor no tanque de combustível da nave.
Atitude louvável, a Nasa parou o show para investigar. Revirou os equipamentos, chamou de volta até o engenheiro aposentado que, nos anos 1970, projetou o sistema, para identificar o problema. Não o encontrou. A agência então presumiu que o problema não fosse no maquinário em si, mas nos sistemas de cabos que conectam a nave ao chão, antes do lançamento. Pressionada pelo já apertado cronograma que exige mais de 20 vôos até 2010 para a conclusão da Estação Espacial Internacional, deliberou: mesmo que o problema volte a acontecer, o Discovery pode receber liberação para deixar a plataforma.
À primeira vista, pode parecer razoável. Ao longo de mais de duas décadas, em três outras ocasiões, esse sensor, que serve para desligar automaticamente os motores no caso de falta de combustível, falhou durante uma missão. Nas três, foi possível religar o motor e continuar com o vôo, sem acidentes ou abortos. Parece bem seguro tentar mais uma vez.
Pense de novo. Espuma tem caído do tanque externo do ônibus desde o primeiro lançamento, em 1981. A Nasa jamais considerou esse desprendimento um problema sério, que dirá uma potencial ameaça à vida dos astronautas. Cada missão subseqüente pareceu comprovar esse raciocínio. Até 1º de fevereiro de 2003. Depois, o diagnóstico: uma pancada de espuma pode, de fato, avariar um ônibus espacial, como fez com o Columbia, condenando a nave e seus sete tripulantes à desintegração, no retorno à Terra.
O vôo do Discovery tem tudo para transcorrer com sucesso. Antes da partida, no entanto, sua história já demonstrou quão fácil e convenientemente podem ser esquecidas as lições do passado.

