Rússia cobra por vôo espacial desde 1990

Rússia cobra por vôo espacial desde 1990
RODRIGO FERNÁNDEZ
DO "EL PAÍS"

O magnata Dennis Tito pode até ser o primeiro turista espacial , mas está longe de ser o primeiro a pagar para ir ao espaço. Desde 1990 os russos têm cobrado para levar astronautas a suas estações orbitais.
A política de comercializar os vôos foi imposta pela situação econômica do país, que já não permitia bancar o programa espacial com a generosidade da ex-União Soviética.
Graças ao programa espacial soviético puderam voar grátis europeus de países socialistas e pilotos de países subdesenvolvidos, que jamais poderiam sonhar em ter um cosmonauta.
Assim, no início do chamado programa Intercosmos, visitou a Salyut-6, em 1980, o cubano Armando Tamayo. Também aportaram em estações espaciais soviéticas um vietnamita (no mesmo ano);, um mongol (em 81);, um sírio (em 87); e, por último, um afegão, em 88.
Mas, com a decadência da União Soviética, as viagens gratuitas terminaram. O primeiro vôo comercial foi feito por um jornalista japonês, da rede de TV TBS. Tayohiro Akiyana, com 48 anos na época, foi lançado de Baikonur para a Mir em dezembro de 1990.
A segunda pessoa que voou ao espaço sem ter a menor ligação com a astronáutica foi a inglesa Helen Patricia Sharman, engenheira da fábrica de chocolates Mars. A empresa só não pagou os US$ 17 milhões do contrato devido a uma interferência da então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, que convenceu Gorbatchov a não cobrar o passeio.
Com o fim da URSS, a Rússia começou a cobrar até dos profissionais. Assim começou, em 1992, o programa Mir-Shuttle, graças ao qual Moscou obteve mais de US$ 100 milhões. A ESA, a agência espacial européia, também ajudou a financiar a Mir, numa parceria que culminou com o vôo do alemão Ulf Merbold.
Houve também programas comerciais não se realizaram. Como o do cineasta russo Yuri Kara, que pretendia rodar um filme de amor na Mir.