'Missão 100% cumprida', diz astronauta
Marcos Cesar Pontes fala com jornalistas antes de iniciar volta do espaço, marcada para hoje à noite
'Missão 100% cumprida', diz astronauta
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Em sua última entrevista antes da reentrada na Terra, hoje à noite, o astronauta Marcos Cesar Pontes disse que sua missão no espaço foi 100% cumprida, tanto no eixo científico quanto no de divulgação. "E eu acrescentaria um terceiro eixo, o histórico", afirmou o tenente-coronel.
"Existe a necessidade de utilizar mais eixos porque existem vários objetivos. A gente diria que a missão atingiu 100% dos objetivos", disse o astronauta.
Pontes falou ontem durante 20 minutos a jornalistas brasileiros, numa entrevista coletiva "blindada": apenas sete veículos de comunicação puderam fazer perguntas, uma cada um, sem direito a réplica. As perguntas tiveram de ser submetidas com ao menos um dia de antecedência à AEB (Agência Espacial Brasileira);.
Antes disso, o astronauta havia dado duas entrevistas ao "Jornal Nacional", da Rede Globo. A emissora comprou tempo de transmissão da ISS (Estação Espacial Internacional);. Segundo a AEB, a negociação aconteceu diretamente com os russos.
De macacão azul e parecendo bastante inchado devido aos efeitos da microgravidade (sensação de ausência de peso no espaço);, Pontes rebateu críticas em relação ao custo elevado da missão _US$ 10 milhões, dinheiro que, segundo vários cientistas, poderia ser aplicado no desenvolvimento de satélites nacionais ou até mesmo na formação de doutores.
"Com esse dinheiro certamente poderiam ter sido formados doutores e mestres, como têm sido formados", disse, acrescentando que o custo da missão espacial foi pequeno em relação ao que já se investiu na formação de cientistas. "Mas quantos jovens você acha que vão se motivar e deslanchar em carreiras de ciência e tecnologia? Há custos e benefícios", ponderou.
Em seguida, voltou a se comparar a Alberto Santos-Dumont. "Se alguém falasse ao Santos-Dumont que ele estava colocando o avião na frente dos balões, esse alguém teria sido provado errado", disse, decalcando o inglês. "Se você comparar as notícias sobre o programa espacial nos últimos tempos e antes, verá que hoje as pessoas têm consciência de que existe um programa espacial", continuou.
Pontes disse que já está tudo pronto para o retorno à Terra. "Começamos os preparativos às 18h30 GMT 15h30 em Brasília, colocando o equipamento dentro da cápsula. Está tudo pronto... se Deus quiser, estaremos em Baikonur no domingo de manhã sábado à noite, em Brasília."
A despedida de Pontes e dos membros da Expedição 12 à estação espacial, o russo Valery Tokarev e o americano William McArthur, acontece às 14h15, e será transmitida ao vivo pela Radiobras e pela TV da Nasa (www. nasa.gov/multimedia/nasatv/);. A desacoplagem da nave Soyuz TMA-7, que trará o trio à Terra, está marcada para as 17h25. O pouso está previsto para as 20h56, num local a cerca de 50 quilômetros da cidade de Akralyk, no Cazaquistão.
Futuro na Terra
Inquirido sobre suas preferências políticas e sobre a exploração política da Missão Centenário, Pontes escapou flutuando: "Minha preocupação básica é se durante a reentrada nós vamos estar no ângulo certo, se vamos sobreviver ou não. Eu penso operacionalmente, não sou político".
Na Terra, o futuro do astronauta é mais incerto. Ainda não se sabe se ele continua na Nasa em Houston, preparando-se para uma nova missão, ou se serão abertas inscrições para a contratação de novos astronautas.
"Temos de aguardar o rumo da ISS. Há contestações da União Européia sobre a utilidade da estação", disse à Folha o presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi. Ele afirmou que o Brasil tem interesse em renegociar com os Estados Unidos sua participação no complexo orbital, inicialmente orçada em US$ 120 milhões _que o Brasil nunca conseguiu cumprir.
"O Brasil tem vontade de trabalhar num novo acordo, de acordo com a nossa realidade", disse Gaudenzi. Segundo o presidente da AEB, algo razoável para o país seria investir US$ 10 milhões, um décimo da proposta inicial.
Do espaço, Pontes finalizou a transmissão agradecendo os votos de bom pouso, com uma patriotada: "A nossa bandeira aqui em cima representa muito. Tenho certeza de que hoje muita gente vê isso como um fato".
'Missão 100% cumprida', diz astronauta
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Em sua última entrevista antes da reentrada na Terra, hoje à noite, o astronauta Marcos Cesar Pontes disse que sua missão no espaço foi 100% cumprida, tanto no eixo científico quanto no de divulgação. "E eu acrescentaria um terceiro eixo, o histórico", afirmou o tenente-coronel.
"Existe a necessidade de utilizar mais eixos porque existem vários objetivos. A gente diria que a missão atingiu 100% dos objetivos", disse o astronauta.
Pontes falou ontem durante 20 minutos a jornalistas brasileiros, numa entrevista coletiva "blindada": apenas sete veículos de comunicação puderam fazer perguntas, uma cada um, sem direito a réplica. As perguntas tiveram de ser submetidas com ao menos um dia de antecedência à AEB (Agência Espacial Brasileira);.
Antes disso, o astronauta havia dado duas entrevistas ao "Jornal Nacional", da Rede Globo. A emissora comprou tempo de transmissão da ISS (Estação Espacial Internacional);. Segundo a AEB, a negociação aconteceu diretamente com os russos.
De macacão azul e parecendo bastante inchado devido aos efeitos da microgravidade (sensação de ausência de peso no espaço);, Pontes rebateu críticas em relação ao custo elevado da missão _US$ 10 milhões, dinheiro que, segundo vários cientistas, poderia ser aplicado no desenvolvimento de satélites nacionais ou até mesmo na formação de doutores.
"Com esse dinheiro certamente poderiam ter sido formados doutores e mestres, como têm sido formados", disse, acrescentando que o custo da missão espacial foi pequeno em relação ao que já se investiu na formação de cientistas. "Mas quantos jovens você acha que vão se motivar e deslanchar em carreiras de ciência e tecnologia? Há custos e benefícios", ponderou.
Em seguida, voltou a se comparar a Alberto Santos-Dumont. "Se alguém falasse ao Santos-Dumont que ele estava colocando o avião na frente dos balões, esse alguém teria sido provado errado", disse, decalcando o inglês. "Se você comparar as notícias sobre o programa espacial nos últimos tempos e antes, verá que hoje as pessoas têm consciência de que existe um programa espacial", continuou.
Pontes disse que já está tudo pronto para o retorno à Terra. "Começamos os preparativos às 18h30 GMT 15h30 em Brasília, colocando o equipamento dentro da cápsula. Está tudo pronto... se Deus quiser, estaremos em Baikonur no domingo de manhã sábado à noite, em Brasília."
A despedida de Pontes e dos membros da Expedição 12 à estação espacial, o russo Valery Tokarev e o americano William McArthur, acontece às 14h15, e será transmitida ao vivo pela Radiobras e pela TV da Nasa (www. nasa.gov/multimedia/nasatv/);. A desacoplagem da nave Soyuz TMA-7, que trará o trio à Terra, está marcada para as 17h25. O pouso está previsto para as 20h56, num local a cerca de 50 quilômetros da cidade de Akralyk, no Cazaquistão.
Futuro na Terra
Inquirido sobre suas preferências políticas e sobre a exploração política da Missão Centenário, Pontes escapou flutuando: "Minha preocupação básica é se durante a reentrada nós vamos estar no ângulo certo, se vamos sobreviver ou não. Eu penso operacionalmente, não sou político".
Na Terra, o futuro do astronauta é mais incerto. Ainda não se sabe se ele continua na Nasa em Houston, preparando-se para uma nova missão, ou se serão abertas inscrições para a contratação de novos astronautas.
"Temos de aguardar o rumo da ISS. Há contestações da União Européia sobre a utilidade da estação", disse à Folha o presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi. Ele afirmou que o Brasil tem interesse em renegociar com os Estados Unidos sua participação no complexo orbital, inicialmente orçada em US$ 120 milhões _que o Brasil nunca conseguiu cumprir.
"O Brasil tem vontade de trabalhar num novo acordo, de acordo com a nossa realidade", disse Gaudenzi. Segundo o presidente da AEB, algo razoável para o país seria investir US$ 10 milhões, um décimo da proposta inicial.
Do espaço, Pontes finalizou a transmissão agradecendo os votos de bom pouso, com uma patriotada: "A nossa bandeira aqui em cima representa muito. Tenho certeza de que hoje muita gente vê isso como um fato".