Nave de brasileiro se aproxima da estação

Veículo Soyuz que leva o astronauta Marcos Cesar Pontes se alinha para atracar com estação espacial

Nave de brasileiro se aproxima da estação
SALVADOR NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
A espaçonave Soyuz TMA-8 fez ontem à noite sua aproximação final da ISS (Estação Espacial Internacional);. A atracação estava marcada para a 1h19 (horário de Brasília);, e não havia acontecido até o fechamento desta edição.
É agora que a chamada Missão Centenário, nome dado ao esforço de enviar o astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes ao espaço, começa para valer.
O início do dia não foi dos mais agitados. Os três tripulantes da Soyuz, Pontes, mais o russo Pavel Vinogradov e o americano Jeffrey Williams, precisariam esperar cerca de três horas, após a atracação (que é feita manualmente por Vinogradov);, para entrar na ISS.
Esse período é necessário para que se possa checar se a atracação foi realmente bem-sucedida e para equalizar a pressão atmosférica dos dois lados da escotilha _um na estação, outro na Soyuz.
Ao desembarcar na ISS, o trio seria recebido com abraços dos colegas que já estão a bordo _o americano William MacArthur e o russo Valery Tokarev. É uma velha tradição espacial nas estações.
Nos próximos dias, MacArthur deve transferir o comando da estação para Vinogradov. O complexo está ocupado permanentemente desde 2000 _um recorde. E a expectativa é grande especificamente para a tripulação que acaba de chegar, pois eles terão de preparar o complexo para o próximo vôo do ônibus espacial Discovery, marcado para julho.
A nave levará o alemão Thomas Reiter, que também se tornará tripulante fixo da ISS. Com isso, pela primeira vez desde o acidente do Columbia, em fevereiro de 2003, a ISS terá três pessoas o tempo todo a bordo _fator essencial para a realização de pesquisas científicas. Com duas pessoas, o trabalho todo praticamente se resume a operar a estação, com muito pouco tempo para outras atividades.
MacArthur e Tokarev estão na ISS desde outubro e devem retornar no próximo dia 8 à Terra, na nave que os levou até lá, a Soyuz TMA-7. Pontes voltará com eles.
Experimentos
A maior parte do trabalho por ora será o de descarregar tudo que foi levado pela Soyuz _só da parte do astronauta brasileiro, são cerca de 15 quilos de materiais. A maior parte disso diz respeito aos oito experimentos nacionais que ele fará a bordo.
Pontes deverá começar pelos que envolvem a germinação de plantas (há um experimento com feijão, com fins educacionais, e um com gonçalo-alves, uma árvore do cerrado);, pois são esses os que exigem o maior tempo disponível em condição de microgravidade, para que as plantas se desenvolvam o máximo possível.
Apreensão pós-vôo
Houve certo nervosismo após a decolagem, quando o centro de controle da missão em Korolev (pronuncia-se "Karalióv");, arredores de Moscou, perdeu as transmissões de telemetria da Soyuz TMA-8 por dez minutos.
A companhia Energia (pronuncia-se "Enérguia");, responsável pela fabricação das naves e foguetes Soyuz, reconheceu o problema, mas minimizou sua importância, dizendo que antes da perda da telemetria, os parâmetros de vôo estavam todos normais. De acordo com a empresa, esse fato, no espaço, é uma grande coisa, porque é difícil mudar radicalmente a trajetória de uma nave, uma vez que ela está lá em cima, estável, orbitando a Terra.
A confiança dos engenheiros se confirmou quando eles voltaram a receber a telemetria da Soyuz, após a correção do problema.