ELEFANTE ESPACIAL

ELEFANTE ESPACIAL

A PARTIR de hoje, uma equipe de astronautas passa a ocupar permanentemente a Estação Espacial Internacional (ISS);. Para a Nasa, a principal patrocinadora desse projeto de mais de US$ 60 bilhões, é o marco de uma nova etapa na história da exploração espacial . Numa visão mais ácida, seria apenas o hotel mais caro e fora de mão já concebido pelo homem. O mais provável é que seja um misto dos dois.
Os soviéticos e depois os russos já mantiveram, com a Mir, um programa de longa permanência no espaço, o que torna a "nova era" da Nasa menos nova. O que de mais notável descobriram é que passar muito tempo em ambiente de microgravidade faz mal à saúde.
Os experimentos científicos que tanto os russos como os norte-americanos realizaram no espaço _e devem repetir e aprofundar na ISS_ são interessantes. Nada tão promissor como a cura do câncer, que a Nasa insinua em seus "press releases", mas a pesquisa com cristalização de proteínas, entre outras que podem ser favorecidas pela microgravidade, poderá revelar-se um campo útil.
É evidente que as tecnologias desenvolvidas para mandar o homem para o espaço e lá mantê-lo acabam encontrando aplicação prática na indústria terráquea. É discutível se o mesmo ganho não seria obtido com missões não-tripuladas. Opera aqui uma dimensão psicológica, do tipo "Jornada nas Estrelas", "aonde nenhum homem jamais foi...". E não há nada de errado em que assim seja. No fundo, o romantismo não é menos importante do que as canetas capazes de escrever onde as forças gravitacionais pouco atuam.
Mais polêmica é a participação do Brasil no projeto, ao lado das nações mais desenvolvidas do planeta. Figurar ao lado dessas potências é praticamente tudo o que o país ganha, já que a apropriação de tecnologia será mínima. O custo é da ordem de US$ 150 milhões em cinco anos. Não é tanto que torne a aventura brasileira proibitiva nem tão pouco para ser considerado desprezível, sobretudo se aplicados em projetos sociais.