Astronauta levará planta do cerrado a estação espacial

Marcos Pontes realizará experimento de germinação de árvore

Astronauta levará planta do cerrado a estação espacial
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Marcos Pontes e gonçalo-alves. Não, não se trata da mais nova dupla de ataque do futebol brasileiro. Na verdade, os dois são, respectivamente, astronauta e vegetal nacionais, ambos escalados para a execução de um dos oito experimentos selecionados pela AEB (Agência Espacial Brasileira); para ir ao espaço no fim de março.
Será o teste mais duradouro executado pelo primeiro astronauta brasileiro, programado para transcorrer durante os oito dias em que ele ficará na ISS (Estação Espacial Internacional);. A missão, durante o período, será observar, anotar e fotografar o processo de germinação das sementes de gonçalo-alves, nome científico Astronium fraxinifolium.
Pontes será auxiliado em sua tarefa pelo comandante da Soyuz TMA-8, espaçonave que o levará à órbita em 30 de março. Ao cosmonauta russo Pavel Vinogradov caberá a tarefa de transmitir as imagens produzidas pelo astronauta brasileiro para a Terra, pelo sistema de computadores da ISS.
O experimento brasileiro irá se juntar à vasta experiência internacional de testes de desenvolvimento de plantas em ambiente de microgravidade, acumulada ao longo de décadas de pesquisa _a soja até já teve seu ciclo inteiro de vida reproduzido no espaço.
Mas então, o que exatamente de novo os cientistas esperam aprender com os resultados das sementes de gonçalo-alves? "Em primeiro lugar, queríamos escolher uma espécie brasileira, que nunca tivesse sido testada num ambiente de microgravidade", conta Antonieta Salomão, que coordena a pesquisa na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropeciária);. "O gonçalo-alves é uma árvore do cerrado. Além do mais, o processo germinativo da espécie é bem rápido, condição exigida pelo tempo que o astronauta terá na estação. E suas sementes toleram condições bem diversas."
O objetivo é observar as reações da planta no ambiente de microgravidade e revelar que alterações ela sofre pela condição de ausência de peso. Será que os genes são ativados de uma forma diferente? A planta se adapta bem ou mal? "Depois que as plantas voltarem, aí sim faremos testes de expressão ativação gênica, essas coisas mais complicadas de laboratório que não tem como o astronauta fazer lá em cima", diz Salomão. Os resultados serão comparados aos de plantas brotadas em terra.
Para Salomão, o estudo do gonçalo-alves em microgravidade vai além da mera curiosidade científica. As informações garimpadas, diz ela, poderão ser usadas para aprimorar as técnicas de conservação das sementes _atividade importante não só no contexto do melhoramento genético como também em esforços de reintrodução da espécie no ambiente.