Astronauta conserta ônibus para descida
Reparo deu certo, mas Nasa ainda estuda risco de cobertura solta de janela para liberar volta do Discovery
Astronauta conserta ônibus para descida
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na manhã de ontem, o americano Stephen Robinson se tornou o primeiro astronauta a realizar reparos do escudo térmico de um ônibus espacial em órbita. Com o esforço bem-sucedido, o Discovery está bem próximo de receber aval da Nasa para voltar à Terra.
Como o próprio Robinson havia previsto, a tarefa de conserto foi bem simples, mas delicada. O que deu mais trabalho durante a caminhada espacial de ontem _a terceira e última programada para a missão_ foi a preparação dos instrumentos do astronauta, para que eles estivessem bem presos ao seu corpo e não danificassem inadvertidamente a barriga do ônibus espacial. Depois, um trabalho delicado foi conduzir o tripulante, preso ao braço robótico da ISS (Estação Espacial Internacional);, até os dois locais em que ele deveria fazer os reparos, um à esquerda e outro à direita, ambos perto do nariz da nave.
A tarefa consistia em extrair duas tiras de tecido usado para preencher os vãos entre as telhas de proteção térmica da barriga da nave _sistema crítico para a reentrada bem-sucedida do ônibus na atmosfera. Do jeito que estavam, havia muita incerteza sobre se elas poderiam ou não aumentar o atrito durante a descida e causar superaquecimento. Por via das dúvidas, os engenheiros decidiram que valia a pena enviar um astronauta para tirá-las de lá.
Robinson instruiu via rádio seu colega James Kelly, que comandava o braço robótico de dentro da ISS, até levá-lo aos sítios de reparos. Logo que chegou ao primeiro deles, conseguiu extrair a tira, às 9h45 (horário de Brasília);. A segunda, dez minutos depois. As duas saíram facilmente, depois de serem puxadas com delicadeza por uma das mãos do astronauta.
Não foi necessário usar nenhuma das técnicas adicionais concebidas pela Nasa (que envolviam o uso de um fórceps e uma serra);, caso as tiras não cedessem a um puxão leve com a mão. "Parece que esse grande paciente está curado", disse Robinson aos colegas, após o concluir o serviço.
No total, a caminhada espacial durou seis horas e um minuto. A atividade extraveicular contou também com a participação do astronauta japonês Soichi Noguchi. Juntos, ele e Robinson instalaram uma plataforma de armazenagem no exterior da ISS, antes que o americano procedesse com as atividades de reparo do ônibus. Antes de retornarem à nave, Robinson tirou uma série de fotografias da barriga da nave.
Por rádio, Kelly brincou com seu colega. Disse que ia querer uma delas bem grande, para que Robinson pudesse autografar seu nome nela. Na transmissão, ouviram-se as risadas do resto da tripulação _o alívio após a realização de um procedimento inédito de reparo num elemento crítico para o retorno seguro.
Novo capítulo
Com a caminhada espacial bem-sucedida, os gerentes da Nasa já confirmaram que o escudo térmico do ônibus está pronto para uma reentrada na atmosfera da Terra. Mas ainda há uma coisa que a agência espacial americana quer ver checada antes de autorizar a descida do Discovery.
Há um pedaço de cobertura térmica ao lado da janela da comandante (à esquerda da nave); parcialmente solto, possivelmente desprendido durante a decolagem. Do jeito que está, não apresenta perigos do ponto de vista de produção de calor na reentrada atmosférica, mas os técnicos coletaram hoje novas imagens para analisar a possibilidade de que a cobertura possa se soltar por inteiro durante a descida e danificar alguma região da nave crucial para o sucesso da aterrissagem.
As análises devem ser concluídas hoje e apresentadas aos gerentes do programa, para que decidam o que fazer _caso alguma ação seja necessária. Grupos estão trabalhando com a hipótese de uma quarta caminhada espacial, de improviso, para corrigir o problema, mas a expectativa é que a nave possa retornar do jeito que está. "A equipe está analisando opções, caso obtenhamos uma resposta de que não gostemos dos estudos de probabilidade de impacto, mas não temos a expectativa de que esse seja um desfecho provável", disse ontem Paul Hill, diretor de vôo da missão.
Enquanto isso, os astronautas do ônibus espacial, comandados pela americana Eileen Collins, continuam os trabalhos de transferência de suprimentos e equipamentos para a ISS. Segundo o atual cronograma de trabalhos, o ônibus espacial deve se desacoplar da estação espacial no sábado e então iniciar os preparativos para o retorno à Terra. A descida está marcada para segunda-feira.
Por ora, pelos problemas enfrentados na atual missão, a frota da Nasa está na garagem. Mas a agência já declarou que quer novo lançamento até o fim do ano.
Astronauta conserta ônibus para descida
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na manhã de ontem, o americano Stephen Robinson se tornou o primeiro astronauta a realizar reparos do escudo térmico de um ônibus espacial em órbita. Com o esforço bem-sucedido, o Discovery está bem próximo de receber aval da Nasa para voltar à Terra.
Como o próprio Robinson havia previsto, a tarefa de conserto foi bem simples, mas delicada. O que deu mais trabalho durante a caminhada espacial de ontem _a terceira e última programada para a missão_ foi a preparação dos instrumentos do astronauta, para que eles estivessem bem presos ao seu corpo e não danificassem inadvertidamente a barriga do ônibus espacial. Depois, um trabalho delicado foi conduzir o tripulante, preso ao braço robótico da ISS (Estação Espacial Internacional);, até os dois locais em que ele deveria fazer os reparos, um à esquerda e outro à direita, ambos perto do nariz da nave.
A tarefa consistia em extrair duas tiras de tecido usado para preencher os vãos entre as telhas de proteção térmica da barriga da nave _sistema crítico para a reentrada bem-sucedida do ônibus na atmosfera. Do jeito que estavam, havia muita incerteza sobre se elas poderiam ou não aumentar o atrito durante a descida e causar superaquecimento. Por via das dúvidas, os engenheiros decidiram que valia a pena enviar um astronauta para tirá-las de lá.
Robinson instruiu via rádio seu colega James Kelly, que comandava o braço robótico de dentro da ISS, até levá-lo aos sítios de reparos. Logo que chegou ao primeiro deles, conseguiu extrair a tira, às 9h45 (horário de Brasília);. A segunda, dez minutos depois. As duas saíram facilmente, depois de serem puxadas com delicadeza por uma das mãos do astronauta.
Não foi necessário usar nenhuma das técnicas adicionais concebidas pela Nasa (que envolviam o uso de um fórceps e uma serra);, caso as tiras não cedessem a um puxão leve com a mão. "Parece que esse grande paciente está curado", disse Robinson aos colegas, após o concluir o serviço.
No total, a caminhada espacial durou seis horas e um minuto. A atividade extraveicular contou também com a participação do astronauta japonês Soichi Noguchi. Juntos, ele e Robinson instalaram uma plataforma de armazenagem no exterior da ISS, antes que o americano procedesse com as atividades de reparo do ônibus. Antes de retornarem à nave, Robinson tirou uma série de fotografias da barriga da nave.
Por rádio, Kelly brincou com seu colega. Disse que ia querer uma delas bem grande, para que Robinson pudesse autografar seu nome nela. Na transmissão, ouviram-se as risadas do resto da tripulação _o alívio após a realização de um procedimento inédito de reparo num elemento crítico para o retorno seguro.
Novo capítulo
Com a caminhada espacial bem-sucedida, os gerentes da Nasa já confirmaram que o escudo térmico do ônibus está pronto para uma reentrada na atmosfera da Terra. Mas ainda há uma coisa que a agência espacial americana quer ver checada antes de autorizar a descida do Discovery.
Há um pedaço de cobertura térmica ao lado da janela da comandante (à esquerda da nave); parcialmente solto, possivelmente desprendido durante a decolagem. Do jeito que está, não apresenta perigos do ponto de vista de produção de calor na reentrada atmosférica, mas os técnicos coletaram hoje novas imagens para analisar a possibilidade de que a cobertura possa se soltar por inteiro durante a descida e danificar alguma região da nave crucial para o sucesso da aterrissagem.
As análises devem ser concluídas hoje e apresentadas aos gerentes do programa, para que decidam o que fazer _caso alguma ação seja necessária. Grupos estão trabalhando com a hipótese de uma quarta caminhada espacial, de improviso, para corrigir o problema, mas a expectativa é que a nave possa retornar do jeito que está. "A equipe está analisando opções, caso obtenhamos uma resposta de que não gostemos dos estudos de probabilidade de impacto, mas não temos a expectativa de que esse seja um desfecho provável", disse ontem Paul Hill, diretor de vôo da missão.
Enquanto isso, os astronautas do ônibus espacial, comandados pela americana Eileen Collins, continuam os trabalhos de transferência de suprimentos e equipamentos para a ISS. Segundo o atual cronograma de trabalhos, o ônibus espacial deve se desacoplar da estação espacial no sábado e então iniciar os preparativos para o retorno à Terra. A descida está marcada para segunda-feira.
Por ora, pelos problemas enfrentados na atual missão, a frota da Nasa está na garagem. Mas a agência já declarou que quer novo lançamento até o fim do ano.

