Nasa faz hoje o reparo do ônibus espacial
Em manobra inédita, astronauta se colocará sob a nave para retirar pedaços de tecido do escudo térmico
Nasa faz hoje o reparo do ônibus espacial
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje, logo pela manhã, acontece o momento mais crítico da missão do Discovery desde a decolagem do ônibus espacial, na terça-feira passada. É quando o astronauta americano Stephen Robinson tentará realizar um procedimento inédito de reparo no escudo térmico da nave antes da volta à Terra, na próxima segunda.
O esforço se dará durante a terceira e última caminhada espacial programada pela Nasa para os astronautas. Robinson e seu colega Soichi Noguchi, do Japão, devem sair ao espaço às 5h14 (horário de Brasília);. Sua primeira tarefa será instalar uma nova plataforma de armazenagem no exterior da ISS (Estação Espacial Internacional);.
Após isso, começa a verdadeira emoção. O braço robótico da estação será movido para um outro local e então carregará Robinson até a barriga do Discovery. Enquanto isso, Noguchi ficará observando seu colega de uma distância segura. O braço robótico do próprio ônibus será usado para acompanhar o andamento dos trabalhos (veja quadro à direita);.
"Essa vai ser uma tarefa bem delicada", disse Robinson ontem, transmitindo do espaço, "mas, como eu disse, uma bem simples." O astronauta terá basicamente de ir a dois pontos da barriga do ônibus espacial, próximos ao nariz da espaçonave, para tirar dois pedaços do tecido que preenche os vãos entre as telhas de cerâmica as quais compõem o escudo térmico do Discovery. Durante a decolagem, sacolejos parecem ter deslocado esses tecidos, a ponto de eles formarem protuberâncias de no máximo uns três centímetros, em dois pontos do escudo.
O fenômeno, que nada tem a ver com o tão polêmico desprendimento de espuma sólida do tanque externo durante a subida ao espaço, provavelmente aconteceu antes (como evidenciado por inspeções de outros ônibus espaciais após o retorno);, sem prejuízo crítico da segurança, mas os gerentes não querem correr riscos. "Pela experiência de vôo que temos, seria muito fácil concluir que não há perigo em descer com o ônibus do jeito que está", disse Wayne Hale, vice-gerente do programa. "Seria realmente muito fácil chegar a essa conclusão. Mas nós não trabalhamos mais desse jeito."
Ao se colocar sob a barriga do ônibus espacial (é a primeira vez que um astronauta faz isso);, por volta das 8h30 (com transmissão pela internet, em www.nasa.gov);, Robinson terá três métodos à disposição para o trabalho. O primeiro envolve usar suas próprias mãos para, delicadamente, puxar o tecido e retirá-lo. Caso o material não ceda, o americano deverá usar uma serra para cortar os pedaços protuberantes. Em último caso, poderá usar um fórceps.
Caso tudo isso falhe, os engenheiros não descartam a programação de novas caminhadas espaciais nos próximos dias. E a prioridade de Robinson deve ser evitar danos às telhas de proteção térmica. Caso ele acabe inadvertidamente produzindo danos, o material criado pela Nasa para reparo de telhas (testado pelos astronautas na primeira caminhada espacial da missão); estará a postos na comporta de ar da ISS.
Dia de folga
Ontem, tirando a preparação para a caminhada espacial de hoje, os astronautas tiveram um dia de pouco trabalho. Tiveram meio período de folga, e as atividades conduzidas consistiram basicamente na transferência de suprimentos para a estação orbital.
As duas tripulações (a do ônibus, comandada pela americana Eileen Collins, e a da estação, chefiada pelo russo Sergei Krikalev); também atenderam uma ligação do presidente George W. Bush.
"Quero agradecê-los por se arriscarem pelo esforço da exploração", disse o presidente. "Estamos ansiosos para ver a conclusão bem-sucedida dessa missão."
Collins respondeu. "Nós realmente gostamos do que fazemos, realmente acreditamos em nossa missão e na exploração espacial e em levar pessoas para fora do planeta e em ver o que há lá fora", disse. "Os passos que estamos dando valem a pena, e queremos que todo mundo saiba disso."
Bush terminou a ligação com bom humor. "Obrigado por atenderem meu telefonema, agora voltem ao trabalho."
Nasa faz hoje o reparo do ônibus espacial
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje, logo pela manhã, acontece o momento mais crítico da missão do Discovery desde a decolagem do ônibus espacial, na terça-feira passada. É quando o astronauta americano Stephen Robinson tentará realizar um procedimento inédito de reparo no escudo térmico da nave antes da volta à Terra, na próxima segunda.
O esforço se dará durante a terceira e última caminhada espacial programada pela Nasa para os astronautas. Robinson e seu colega Soichi Noguchi, do Japão, devem sair ao espaço às 5h14 (horário de Brasília);. Sua primeira tarefa será instalar uma nova plataforma de armazenagem no exterior da ISS (Estação Espacial Internacional);.
Após isso, começa a verdadeira emoção. O braço robótico da estação será movido para um outro local e então carregará Robinson até a barriga do Discovery. Enquanto isso, Noguchi ficará observando seu colega de uma distância segura. O braço robótico do próprio ônibus será usado para acompanhar o andamento dos trabalhos (veja quadro à direita);.
"Essa vai ser uma tarefa bem delicada", disse Robinson ontem, transmitindo do espaço, "mas, como eu disse, uma bem simples." O astronauta terá basicamente de ir a dois pontos da barriga do ônibus espacial, próximos ao nariz da espaçonave, para tirar dois pedaços do tecido que preenche os vãos entre as telhas de cerâmica as quais compõem o escudo térmico do Discovery. Durante a decolagem, sacolejos parecem ter deslocado esses tecidos, a ponto de eles formarem protuberâncias de no máximo uns três centímetros, em dois pontos do escudo.
O fenômeno, que nada tem a ver com o tão polêmico desprendimento de espuma sólida do tanque externo durante a subida ao espaço, provavelmente aconteceu antes (como evidenciado por inspeções de outros ônibus espaciais após o retorno);, sem prejuízo crítico da segurança, mas os gerentes não querem correr riscos. "Pela experiência de vôo que temos, seria muito fácil concluir que não há perigo em descer com o ônibus do jeito que está", disse Wayne Hale, vice-gerente do programa. "Seria realmente muito fácil chegar a essa conclusão. Mas nós não trabalhamos mais desse jeito."
Ao se colocar sob a barriga do ônibus espacial (é a primeira vez que um astronauta faz isso);, por volta das 8h30 (com transmissão pela internet, em www.nasa.gov);, Robinson terá três métodos à disposição para o trabalho. O primeiro envolve usar suas próprias mãos para, delicadamente, puxar o tecido e retirá-lo. Caso o material não ceda, o americano deverá usar uma serra para cortar os pedaços protuberantes. Em último caso, poderá usar um fórceps.
Caso tudo isso falhe, os engenheiros não descartam a programação de novas caminhadas espaciais nos próximos dias. E a prioridade de Robinson deve ser evitar danos às telhas de proteção térmica. Caso ele acabe inadvertidamente produzindo danos, o material criado pela Nasa para reparo de telhas (testado pelos astronautas na primeira caminhada espacial da missão); estará a postos na comporta de ar da ISS.
Dia de folga
Ontem, tirando a preparação para a caminhada espacial de hoje, os astronautas tiveram um dia de pouco trabalho. Tiveram meio período de folga, e as atividades conduzidas consistiram basicamente na transferência de suprimentos para a estação orbital.
As duas tripulações (a do ônibus, comandada pela americana Eileen Collins, e a da estação, chefiada pelo russo Sergei Krikalev); também atenderam uma ligação do presidente George W. Bush.
"Quero agradecê-los por se arriscarem pelo esforço da exploração", disse o presidente. "Estamos ansiosos para ver a conclusão bem-sucedida dessa missão."
Collins respondeu. "Nós realmente gostamos do que fazemos, realmente acreditamos em nossa missão e na exploração espacial e em levar pessoas para fora do planeta e em ver o que há lá fora", disse. "Os passos que estamos dando valem a pena, e queremos que todo mundo saiba disso."
Bush terminou a ligação com bom humor. "Obrigado por atenderem meu telefonema, agora voltem ao trabalho."