Nasa adiciona mais um dia à missão do ônibus Discovery
Engenheiros ainda estudam possibilidade de reparos; astronautas fazem "faxina" na estação espacial
Nasa adiciona mais um dia à missão do ônibus Discovery
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ontem foi dia de faxina no espaço. O trabalho da tripulação do ônibus espacial Discovery consistiu basicamente em descarregar parte das cerca de 15 toneladas de suprimentos enviadas à ISS (Estação Espacial Internacional);. O esforço, que contou também com a participação da dupla residente no complexo, naturalmente também envolveu a retirada do lixo acumulado ao longo dos dois anos e meio de operações desde a última visita de naves americanas.
Para preparar a estação para o que pode ser mais um hiato nas visitas dos ônibus, a agência espacial americana também decidiu prolongar por mais um dia a estadia do Discovery no espaço. A tripulação comandada pela astronauta Eileen Collins agora deve retornar à Terra nas primeiras horas do dia 8 de agosto, ou seja, na segunda-feira que vem.
Embora siga repetindo a mesma informação nos últimos dias _a de que o ônibus espacial está suficientemente inteiro para um retorno seguro à atmosfera terrestre_, os gerentes do programa ainda precisam dar sua autorização final para o retorno.
Os técnicos e engenheiros estudam a possibilidade de pedir que a tripulação conduza reparos no escudo térmico da nave antes do retorno. Mas o que os dois astronautas iriam corrigir, nesse caso, não está ligado a danos pelo impacto de espuma sólida desprendida do tanque externo do ônibus durante a decolagem _causa do acidente que destruiu o Columbia e sua tripulação de sete, no retorno à Terra, em fevereiro de 2003.
Na verdade, o potencial reparo seria apenas um literal esforço de "aparar arestas" no material usado para preencher os vãos entre cada uma das telhas térmicas da barriga do Discovery. As imagens em alta resolução feitas a partir da ISS mostraram dois trechos em que esse material está formando uma pequena protuberância na superfície da nave.
Os engenheiros estão no momento estudando o efeito que isso pode ter na reentrada atmosférica, mas a perspectiva é a de que não seja um problema _o fenômeno já foi observado muitas vezes antes no ônibus espacial. A única diferença é que essa é a primeira vez que as protuberâncias são vistas ainda no espaço _graças às novas imagens_ e não no chão, durante a inspeção pós-vôo.
Caso esses reparos sejam necessários, o que agora parece improvável, eles deverão ser conduzidos pelo japonês Soichi Noguchi e pelo americano Stephen Robinson em sua terceira caminhada espacial programada para a missão. A primeira delas ocorreu anteontem, com sucesso. A dupla testou técnicas de reparos das telhas térmicas (com modelos levados para esse fim, não nas que estão instaladas no ônibus); e consertou uma antena quebrada na ISS.
Para hoje está programada a segunda caminhada espacial, em que os astronautas deverão fazer mais reparos e adições à estação.
Melhor vôo de um ônibus
A Nasa tem sido duramente criticada por ter falhado em eliminar o risco de um acidente idêntico ao que vitimou o Columbia. Durante o lançamento, na semana passada, vários pedaços de espuma sólida se desprenderam do tanque externo durante a subida, o que poderia ter causado danos graves à nave. Ao que tudo indica, não aconteceu. Mas a decolagem demonstrou que as mudanças implementadas no tanque externo durante os últimos dois anos e meio não foram suficientes.
O administrador da Nasa, Michael Griffin, em reiteradas ocasiões assumiu total responsabilidade pelos problemas, mas disse que a agência pretende retomar os vôos rapidamente, talvez até mesmo neste ano, após mais uma rodada de análises e reformulações do tanque externo.
Embora admita a falha, Griffin enfatiza que, até mesmo no quesito "espuma", o vôo do Discovery foi o mais seguro da história dos ônibus espaciais, que vão ao espaço regularmente desde 1981. Sua avaliação vem das imagens de alta resolução captadas em órbita.
"Nós temos aproximadamente um sexto do número de cicatrizes nesse orbitador que apareceram, na média, em cada um dos últimos 113 vôos", disse Griffin ontem, em uma entrevista à rede americana da televisão NBC.
Nasa adiciona mais um dia à missão do ônibus Discovery
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ontem foi dia de faxina no espaço. O trabalho da tripulação do ônibus espacial Discovery consistiu basicamente em descarregar parte das cerca de 15 toneladas de suprimentos enviadas à ISS (Estação Espacial Internacional);. O esforço, que contou também com a participação da dupla residente no complexo, naturalmente também envolveu a retirada do lixo acumulado ao longo dos dois anos e meio de operações desde a última visita de naves americanas.
Para preparar a estação para o que pode ser mais um hiato nas visitas dos ônibus, a agência espacial americana também decidiu prolongar por mais um dia a estadia do Discovery no espaço. A tripulação comandada pela astronauta Eileen Collins agora deve retornar à Terra nas primeiras horas do dia 8 de agosto, ou seja, na segunda-feira que vem.
Embora siga repetindo a mesma informação nos últimos dias _a de que o ônibus espacial está suficientemente inteiro para um retorno seguro à atmosfera terrestre_, os gerentes do programa ainda precisam dar sua autorização final para o retorno.
Os técnicos e engenheiros estudam a possibilidade de pedir que a tripulação conduza reparos no escudo térmico da nave antes do retorno. Mas o que os dois astronautas iriam corrigir, nesse caso, não está ligado a danos pelo impacto de espuma sólida desprendida do tanque externo do ônibus durante a decolagem _causa do acidente que destruiu o Columbia e sua tripulação de sete, no retorno à Terra, em fevereiro de 2003.
Na verdade, o potencial reparo seria apenas um literal esforço de "aparar arestas" no material usado para preencher os vãos entre cada uma das telhas térmicas da barriga do Discovery. As imagens em alta resolução feitas a partir da ISS mostraram dois trechos em que esse material está formando uma pequena protuberância na superfície da nave.
Os engenheiros estão no momento estudando o efeito que isso pode ter na reentrada atmosférica, mas a perspectiva é a de que não seja um problema _o fenômeno já foi observado muitas vezes antes no ônibus espacial. A única diferença é que essa é a primeira vez que as protuberâncias são vistas ainda no espaço _graças às novas imagens_ e não no chão, durante a inspeção pós-vôo.
Caso esses reparos sejam necessários, o que agora parece improvável, eles deverão ser conduzidos pelo japonês Soichi Noguchi e pelo americano Stephen Robinson em sua terceira caminhada espacial programada para a missão. A primeira delas ocorreu anteontem, com sucesso. A dupla testou técnicas de reparos das telhas térmicas (com modelos levados para esse fim, não nas que estão instaladas no ônibus); e consertou uma antena quebrada na ISS.
Para hoje está programada a segunda caminhada espacial, em que os astronautas deverão fazer mais reparos e adições à estação.
Melhor vôo de um ônibus
A Nasa tem sido duramente criticada por ter falhado em eliminar o risco de um acidente idêntico ao que vitimou o Columbia. Durante o lançamento, na semana passada, vários pedaços de espuma sólida se desprenderam do tanque externo durante a subida, o que poderia ter causado danos graves à nave. Ao que tudo indica, não aconteceu. Mas a decolagem demonstrou que as mudanças implementadas no tanque externo durante os últimos dois anos e meio não foram suficientes.
O administrador da Nasa, Michael Griffin, em reiteradas ocasiões assumiu total responsabilidade pelos problemas, mas disse que a agência pretende retomar os vôos rapidamente, talvez até mesmo neste ano, após mais uma rodada de análises e reformulações do tanque externo.
Embora admita a falha, Griffin enfatiza que, até mesmo no quesito "espuma", o vôo do Discovery foi o mais seguro da história dos ônibus espaciais, que vão ao espaço regularmente desde 1981. Sua avaliação vem das imagens de alta resolução captadas em órbita.
"Nós temos aproximadamente um sexto do número de cicatrizes nesse orbitador que apareceram, na média, em cada um dos últimos 113 vôos", disse Griffin ontem, em uma entrevista à rede americana da televisão NBC.

