Nasa corre para relançar ônibus espaciais
Um ano após acidente do Columbia, agência americana tenta equilibrar metas para voltar a voar com segurança Nasa corre para relançar ônibus espaciais
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
Amanhã completa-se um ano da última viagem do ônibus espacial Columbia. Em vez de um pouso suave na Flórida, como previsto, esfacelou-se nos céus do Texas. O acidente matou sete astronautas, um deles o primeiro de nacionalidade israelense. E forçou mudanças dentro da Nasa que agora começam a se fazer sentir, quando a agência espacial se prepara para levar seus veículos remanescentes de volta aos vôos. Seguindo as recomendações da Comissão de Investigação do Acidente do Columbia, painel desvinculado da Nasa comandado pelo almirante da reserva Harold Gehman Jr., a agência não só está trabalhando freneticamente em novas medidas de segurança como combate seu mais ferrenho inimigo: o rolo compressor gerado por cronogramas apertados, pressões de empresas contratantes e escassez de recursos. Nem tudo são flores. A comissão fez uma série de recomendações de natureza objetiva, sobre como retornar os ônibus espaciais _veículos imprescindíveis na conclusão da construção da ISS, a Estação Espacial Internacional_ a um estado operacional. Algumas dessas recomendações ainda são recebidas com reticências pela Nasa.
Um relatório produzido no início do mês pelo Stafford Covey Task Group (equipe liderada pelos ex-astronautas Tom Stafford e Richard Covey para monitorar os avanços da Nasa na implementação das mudanças);, embora elogioso, colocou algumas dúvidas sobre a possibilidade de manter o cronograma atual da agência, que quer levar o ônibus espacial Atlantis até a ISS em oito meses. Uma das respostas mais lacônicas às recomendações, segundo o documento, é justamente o modorrento processo de criação de uma comissão interna na Nasa, mas de fora do programa dos ônibus espaciais, que dê o sinal verde para cada novo lançamento. Uma pressão extra para o retorno aos vôos foi criada pelo presidente George W. Bush, que anunciou seus planos de concluir a estação em 2010 e, em seguida, aposentar as velhas naves, para iniciar missões com destino à Lua. A aposentadoria dos ônibus, que voam desde 1981, é bem-vinda, segundo Roger Launius, pesquisador da Smithsonian Institution. "Neste momento, todo mundo concorda que aposentar esses veículos é uma boa idéia. Não há discussão quanto a isso." O problema, na verdade, é o que isso significa em termos de cronograma.
A missão que se dedicaria ao Telescópio Espacial Hubble, em princípio, foi cortada. E a Nasa cogita até mudar seu planejamento para não usar mais a nave como forma de fazer rotação de tripulações a bordo do complexo orbital, deixando todo o trabalho para os veículos russos Soyuz. Apesar das dúvidas, a Nasa diz não ter motivos para mudar seus planos e insiste: o Atlantis voa em setembro. Ao que parece, quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas.
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
Amanhã completa-se um ano da última viagem do ônibus espacial Columbia. Em vez de um pouso suave na Flórida, como previsto, esfacelou-se nos céus do Texas. O acidente matou sete astronautas, um deles o primeiro de nacionalidade israelense. E forçou mudanças dentro da Nasa que agora começam a se fazer sentir, quando a agência espacial se prepara para levar seus veículos remanescentes de volta aos vôos. Seguindo as recomendações da Comissão de Investigação do Acidente do Columbia, painel desvinculado da Nasa comandado pelo almirante da reserva Harold Gehman Jr., a agência não só está trabalhando freneticamente em novas medidas de segurança como combate seu mais ferrenho inimigo: o rolo compressor gerado por cronogramas apertados, pressões de empresas contratantes e escassez de recursos. Nem tudo são flores. A comissão fez uma série de recomendações de natureza objetiva, sobre como retornar os ônibus espaciais _veículos imprescindíveis na conclusão da construção da ISS, a Estação Espacial Internacional_ a um estado operacional. Algumas dessas recomendações ainda são recebidas com reticências pela Nasa.
Um relatório produzido no início do mês pelo Stafford Covey Task Group (equipe liderada pelos ex-astronautas Tom Stafford e Richard Covey para monitorar os avanços da Nasa na implementação das mudanças);, embora elogioso, colocou algumas dúvidas sobre a possibilidade de manter o cronograma atual da agência, que quer levar o ônibus espacial Atlantis até a ISS em oito meses. Uma das respostas mais lacônicas às recomendações, segundo o documento, é justamente o modorrento processo de criação de uma comissão interna na Nasa, mas de fora do programa dos ônibus espaciais, que dê o sinal verde para cada novo lançamento. Uma pressão extra para o retorno aos vôos foi criada pelo presidente George W. Bush, que anunciou seus planos de concluir a estação em 2010 e, em seguida, aposentar as velhas naves, para iniciar missões com destino à Lua. A aposentadoria dos ônibus, que voam desde 1981, é bem-vinda, segundo Roger Launius, pesquisador da Smithsonian Institution. "Neste momento, todo mundo concorda que aposentar esses veículos é uma boa idéia. Não há discussão quanto a isso." O problema, na verdade, é o que isso significa em termos de cronograma.
A missão que se dedicaria ao Telescópio Espacial Hubble, em princípio, foi cortada. E a Nasa cogita até mudar seu planejamento para não usar mais a nave como forma de fazer rotação de tripulações a bordo do complexo orbital, deixando todo o trabalho para os veículos russos Soyuz. Apesar das dúvidas, a Nasa diz não ter motivos para mudar seus planos e insiste: o Atlantis voa em setembro. Ao que parece, quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas.

