Criador do Prêmio X faz crítica à Nasa
Criador do Prêmio X faz crítica à Nasa
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
A iniciativa de levar homens de novo à Lua e depois a Marte é recebida como boa notícia, em princípio, pela comunidade aeroespacial. Mas será preciso que a Nasa aprenda a fazer negócio de uma forma mais razoável do que tem feito nos últimos tempos. Essa é o principal alerta de Peter Diamandis, o americano descendente de gregos que criou o Prêmio X _um concurso no estilo das velhas competições aeronáuticas que dará US$ 10 milhões à primeira empresa que desenvolver uma nave tripulada reutilizável para vôos suborbitais. Alguns dos grupos participantes estão perto de vencer a competição, e Diamandis aposta que um vencedor deve sair ainda neste ano. A idéia é dar novo impulso ao turismo espacial, que hoje é feito de forma tímida (e caríssima); por meio de naves russas Soyuz. *
Folha - O sr. acha que é para levar a sério a proposta de Bush, ou ela tende a ser uma reedição da Space Exploration Initiative, estabelecida pelo pai dele em 1989, que tinha as mesmas metas e foi alvejada pelo Congresso?
Peter Diamandis - É uma proposta séria, que está sendo apoiada pela Casa Branca e pela Nasa. A questão, claro, é: podem a Nasa e a indústria aeroespacial fazer isso por um custo razoável?
Folha - A solução para o programa americano seria colocar mais dinheiro na Nasa, como Bush está propondo?
Diamandis - A proposta de Bush pede um aumento de 5% no orçamento da Nasa, que agora está em US$ 15 bilhões por ano. Quinze a 17 bilhões é muito dinheiro e pode nos colocar na Lua de novo de um modo permanente, mas só se aprendermos a fazer negócios de um jeito diferente. Não pode ser feito do jeito que a ISS Estação Espacial Internacional foi feita.
Folha - Abandonar o ônibus espacial e reduzir a participação na ISS são boas iniciativas?
Diamandis - Superar a fase dos ônibus espaciais certamente é uma boa pedida... Mas precisamos de um veículo que seja totalmente reutilizável e construído com base em boas práticas comerciais. As propostas para um Orbital Space Plane que seja lançado em um foguete não-reutilizável, eu acho, são um ridículo desperdício de dinheiro.
Folha - Ninguém falou do desenvolvimento de grandes veículos lançadores, da classe do Saturno-5. Eles contarão com a indústria privada para fazer o serviço? Projetos ligados ao Prêmio X poderão ter um papel nisso?
Diamandis - A dificuldade com veículos lançadores é que temos tão poucos lançamentos a cada ano que o custo com cada um é estratosférico. O que realmente precisamos é encontrar uma maneira de permitir que as forças comerciais tenham um papel. Se pudermos criar veículos privados que levem o público pagante ao espaço, então poderemos ter uma economia razoável e uma frequência de vôos alta, que nos darão um programa sustentável. Derivações futuras de veículos do Prêmio X poderão ter um papel nessa área.
Folha - É importante ter a participação da iniciativa privada no novo programa de Bush?
Diamandis - Acho que a pequena indústria, companhias privadas, deveria liderar esse esforço. As grandes corporações demonstraram que não sabem como fazer um programa de maneira inovadora ou econômica. Precisamos nos permitir assumir riscos, para fazer avanços e tentar estratégias novas e inovadoras. Isso é o que os empreendedores sabem fazer melhor.
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
A iniciativa de levar homens de novo à Lua e depois a Marte é recebida como boa notícia, em princípio, pela comunidade aeroespacial. Mas será preciso que a Nasa aprenda a fazer negócio de uma forma mais razoável do que tem feito nos últimos tempos. Essa é o principal alerta de Peter Diamandis, o americano descendente de gregos que criou o Prêmio X _um concurso no estilo das velhas competições aeronáuticas que dará US$ 10 milhões à primeira empresa que desenvolver uma nave tripulada reutilizável para vôos suborbitais. Alguns dos grupos participantes estão perto de vencer a competição, e Diamandis aposta que um vencedor deve sair ainda neste ano. A idéia é dar novo impulso ao turismo espacial, que hoje é feito de forma tímida (e caríssima); por meio de naves russas Soyuz. *
Folha - O sr. acha que é para levar a sério a proposta de Bush, ou ela tende a ser uma reedição da Space Exploration Initiative, estabelecida pelo pai dele em 1989, que tinha as mesmas metas e foi alvejada pelo Congresso?
Peter Diamandis - É uma proposta séria, que está sendo apoiada pela Casa Branca e pela Nasa. A questão, claro, é: podem a Nasa e a indústria aeroespacial fazer isso por um custo razoável?
Folha - A solução para o programa americano seria colocar mais dinheiro na Nasa, como Bush está propondo?
Diamandis - A proposta de Bush pede um aumento de 5% no orçamento da Nasa, que agora está em US$ 15 bilhões por ano. Quinze a 17 bilhões é muito dinheiro e pode nos colocar na Lua de novo de um modo permanente, mas só se aprendermos a fazer negócios de um jeito diferente. Não pode ser feito do jeito que a ISS Estação Espacial Internacional foi feita.
Folha - Abandonar o ônibus espacial e reduzir a participação na ISS são boas iniciativas?
Diamandis - Superar a fase dos ônibus espaciais certamente é uma boa pedida... Mas precisamos de um veículo que seja totalmente reutilizável e construído com base em boas práticas comerciais. As propostas para um Orbital Space Plane que seja lançado em um foguete não-reutilizável, eu acho, são um ridículo desperdício de dinheiro.
Folha - Ninguém falou do desenvolvimento de grandes veículos lançadores, da classe do Saturno-5. Eles contarão com a indústria privada para fazer o serviço? Projetos ligados ao Prêmio X poderão ter um papel nisso?
Diamandis - A dificuldade com veículos lançadores é que temos tão poucos lançamentos a cada ano que o custo com cada um é estratosférico. O que realmente precisamos é encontrar uma maneira de permitir que as forças comerciais tenham um papel. Se pudermos criar veículos privados que levem o público pagante ao espaço, então poderemos ter uma economia razoável e uma frequência de vôos alta, que nos darão um programa sustentável. Derivações futuras de veículos do Prêmio X poderão ter um papel nessa área.
Folha - É importante ter a participação da iniciativa privada no novo programa de Bush?
Diamandis - Acho que a pequena indústria, companhias privadas, deveria liderar esse esforço. As grandes corporações demonstraram que não sabem como fazer um programa de maneira inovadora ou econômica. Precisamos nos permitir assumir riscos, para fazer avanços e tentar estratégias novas e inovadoras. Isso é o que os empreendedores sabem fazer melhor.

