Venera

Durante a corrida espacial dos anos 60, a exploração da Lua era prioridade para as superpotências. Mas apesar do interesse em estudar a Lua, Vênus também foi explorada pelos soviéticos e foi lá que eles conseguiram seus melhores sucessos. As sondas Venera, enviadas entre as décadas de 60 e 80, conseguiram vários feitos importantes na exploração espacial, a sonda Venera 3 foi a primeira a entrar na atmosfera de outro planeta em 1966. Em 1970, a sonda Venera 7 seria a primeira a pousar suavemente em outro planeta. A primeira foto de outro planeta seria obtida pela Venera 9 em 1975. Além destas conquistas, as sondas Venera foram as primeiras a registrar sons de outro planeta, e as primeiras a fazer mapeamento de radar em alta resolução.

PRIMEIROS PASSOS

As primeiras missões Venera, 1 e 2, foram lançadas em fevereiro de 1961, mas ambas tiveram problemas de comunicação alguns dias após o lançamento. As missões seguintes, Venera 3 a 6, seriam espaçonaves de 1 toneladas, lançadas pelo foguete Molniya, um derivado da família R7 da qual também faz parte o famoso foguete Soyuz.

As sondas fabricadas pela empresa Lavochkin carregavam um módulo orbital e um módulo esférico para pousar no planeta. Em 1966, a Venera 3 seria a primeira a estudar a atmosfera de outro planeta. E em 1967 seria a vez da Venera 4 estudar a atmosfera de Vênus durante uma missão de pouso. A sonda foi destruída durante a descida rumo a superfície de Vênus.

Inicialmente, as primeiras sondas enviadas durante a década de 60 conseguiam chegar até a órbita de Vênus, mas falhavam ao tentar pousar. O problema é que Vênus tem uma atmosfera com uma pressão muito maior do que a terrestre e o planeta é muito mais quente. Na superfície, a temperatura pode atingir até 500 graus, devido ao efeito estufa. As sondas Venera até que conseguiam penetrar na atmosfera, mas não conseguiam funcionar até chegar ao solo. A Venera 4 estava preparada para suportar uma pressão de 25 atmosferas, sendo que em sua superfície a pressão é de 90 atmosferas.

Venera 5 e 6 teriam o mesmo fim, transmitindo dados apenas durante a descida

A Venera 7 foi o primeiro objeto humano a transmitir informações da superfície de Vênus, porém não enviou imagens. As sondas Venera transportavam um fotômetro ultravioleta, um foto-polarímetro, um espectrômetro infravermelho, um radiômetro infravermelho, um magnetômetro e um detector de partículas carregadas, além de um sistema de TV.

Até a Venera 7, as naves tentavam pousar no lado escuro de Vênus, por causa das temperaturas, que no lado iluminado de Vênus chegam quase a 500 graus. Mas, a partir da Venera 8, todas as naves tentaram pousar no lado iluminado. É importante lembrar que um dia em Vênus equivale a 243 dias. No seu lado noturno as temperaturas podem chegar a 180 graus negativos.



SEGUNDA GERAÇÃO


Para suportar as temperaturas e pressão de Vênus, a empresa Lavochkin criaria uma segunda geração de sondas espaciais. Esta segunda geração pesaria cerca de 5 toneladas, para ser lançada exigia um foguete mais pesado, o Proton.

Em 22 de outubro de 1975, a Venera 9 conseguiu a proeza de ser a primeira nave terrestre a pousar em outro planeta e enviar uma imagem preto a branca do local de pouso. Ela conseguiu funcionam durante 1 hora no insuportável calor venusiano. As missões Venera anteriores enviavam dados da atmosfera durante a descida, mas paravam de funcionar antes de chegar ao solo.

Ao contrário da geração anterior, que tinha módulos de pouso com até 500 kg, esta nova geração de sondas Venera tinha módulos de pouso de 1500 kg. As missões anteriores não entravam em órbita de Vênus, a Venera 9 foi a primeira a orbitar este planeta.

As missões seguintes conseguiram resultados ainda melhores. Além dos módulos de pouso, as sondas Venera levaram também balões, para estudar a atmosfera venusiana. Os módulos de pouso foram reforçados e em 01 de março de 1982 foram obtidas as primeiras fotos coloridas da superfícies, pela sonda Venera 13, bem como também as primeiras análises de solo e os primeiros sons gravados de outro planeta. Os últimos módulos Venera conseguiram resistir mais de 2 horas. Uma parte das sondas Venera ficava em órbita de Vênus. Como Vênus é muito nublado, não se pode enxergar a superfície.



As sondas Venera foram as primeiras sondas soviéticas a levarem experimentos fabricados em outros países. A primeira Venera a fazer isso, foi a Venera 12, em 1978, que levou experimentos fabricados na Alemanha e na França. As sondas Venera 13 e 14 transportavam instrumentos fabricados na França e na Áustria.

As últimas sondas Venera, as Venera 15 e Venera 16, dedicaram-se a mapear a superfície venusiana utilizando radar. Elas trabalharam em conjunto durante 8 meses, mapeando do polo norte até a latitude 30 graus norte. A resolução era entre 1 a 2 km, e o mapeamento durou 8 meses, o terreno mapeado equivale a 25% da superfície venusiana. O Projeto Venera foi encerrado em 1983, com a sonda Venera 16. O planeta ainda seria visitado por mais duas sondas soviéticas, chamadas Vega, em 1985.

 

VENERA - 15, 16