Naves Soyuz

As Soyuz (União) são naves de terceira geração, com amplo poder de manobra e capacidade para acoplamentos no espaço. As primeiras Soyuz pesavam 8 toneladas, tinham 22 metros cúbicos de espaço interno e podiam comportar 3 cosmonautas. As Soyuz também seriam utilizadas para fazer viagens tripuladas para a Lua, mas isso nunca se concretizou. Até 2023 mais de 150 lançamentos tripulados ou não haviam sido feitos, q que torna a Soyuz a nave espacial tripulada mais utilizada e com mais tempo em serviço.

A primeira Soyuz a entrar em serviço, terminou sua missão de forma trágica, com a morte do cosmonauta Vladimir Komarov, em 23 de abril de 1967. As Soyuz voltaram para as oficinas e só voltaram ao espaço no final de 1968. Uma versão lunar da Soyuz foi testada com o nome de Zond, mas apesar de conseguir ir e voltar da Lua não era muito confiável. Com a chegada dos americanos na Lua, as Soyuz passaram a ser utilizadas para transportar cosmonautas para as estações espaciais Salyut e Mir.

As Soyuz sofreram depois 5 modificações, as Soyuz T (utilizadas nas estações Salyut);, as Soyuz TM (utilizadas na estação Mir); e as Soyuz TMA, TMA-M e MS (utilizadas na ISS);. Atualmente elas pesam apenas 7 toneladas, tem menos autonomia (aproximadamente 5 dias contra os até 14 das primeiras Soyuz); mas conservam o mesmo espaço interno. Elas são apenas utilizadas na viagem de ida e volta das estações.

Desde o início, as naves Soyuz possuem 3 módulos, um módulo de serviço, utilizado para mudanças de órbita chamado PAO (Priborno-Agregatniy Otsek), um módulo de descida chamado de SA (Spuskaemy Apparat), onde ficam os cosmonautas durante o lançamento e a reentrada, e um módulo orbital esférico, utilizado para acoplar com outras naves, chamado de BO (Bitovoy otsek). Este é o módulo de habitação, com área livre de 4 metros cúbicos.



PRIMEIROS TESTES

Os testes para a construção das Soyuz começaram em 1964, com o Polyot 1. O Polyot 1 foi um modelo da nave Soyuz que era capaz de mudar de órbita, pois as naves Vostok e Voskhod não tinham essa capacidade. Outro teste importante foi o dos satélites Cosmos 186 e Cosmos 188, lançados respectivamente em 28 e 29 de outubro de 1966. Em 30 de outubro de 1966, os 2 satélites se acoplaram, sendo as primeiras naves a serem acoplada. No mesmo dia, o Cosmos 186 retornava a Terra, descendo na Sibéria. Este teste provou que as naves Soyuz podiam mudar de órbita e acoplar com outras naves.

O inicio do programa Soyuz foi trágico. No vôo inicial, o cosmonauta Vladimir Komarov, da Soyuz 1, morreu ao retornar a Terra. O pára-quedas falhou e sua nave foi destruída ao chegar ao solo. Esse acidente atrasou consideravelmente o programa.

A Soyuz 1, lançada em 23 de abril de 1967 e tripulada por Vladimir Komarov, tinha por objetivo acoplar-se com outra nave Soyuz, tripulada por 3 cosmonautas, que seria lançada no dia seguinte. Porém, ao chegar no espaço, um dos painéis solares não conseguiu ser aberto, o que prejudicava o vôo. O retorno teve que ser feito no dia seguinte. O pouso foi feito manualmente, mas o pára-quedas principal estava com defeito e não conseguiu abrir. O pára-quedas de reserva foi aberto, mas era tarde demais. A Soyuz 1 se arrebentou violentamente no chão e não sobrou nada de Vladimir Komarov. A outra nave que seria lançada para acoplar com a Soyuz 1 tinha o mesmo defeito.

No vôo seguinte, 1 ano depois, a Soyuz 2, sem tripulação, fez manobras de aproximação com a Soyuz 3, tripulada por Georgy Beregovoi. Finalmente, os soviéticos tinham uma nova nave.

Em 1969, foram lançadas 5 naves Soyuz. Primeiramente, em janeiro, as Soyuz 4 e 5 se acoplaram e trocaram suas tripulações. O cosmonauta Volynov, da Soyuz 5, teve que passar por uma situação difícil durante o seu retorno a Terra. Após acoplar com a Soyuz 4 e transferir os seus colegas Khrunov e Yeliseyev, ele retornou sozinho para a Terra. O problema é que o módulo de serviço de sua nave não se soltou da cápsula de descida. Mesmo assim, o cosmonauta fez a descida. Após o módulo de serviço ter sido destruído pela reentrada, ele pode utilizar os retrofoguetes. Mas eles não serviram para muita coisa. O pouso foi muito duro, tanto que Volynov acabou quebrando um dente. Ele voltaria para o espaço apenas 7 anos depois.

Em outubro, foi à vez das Soyuz 6, 7 e 8 fazerem manobras conjuntas. Tudo isso tinha como objetivo a utilização de estações espaciais. Em 1970, a Soyuz 9 , tripulada por Adrian Nicolayev e Vitaly Sevastianov conseguiu bater o recorde de permanência no espaço, ficando 17 dias em órbita. Estava tudo pronto para o inicio do programa Salyut e o lançamento da primeira estação espacial.

VERSÕES DA NAVE SOYUZ

A trágica perda da tripulação da Soyuz 11 em 1971 ao retornar da estação espacial Salyut-1 exigiu mudanças na espaçonave. A tripulação morreu por asfixia, portanto os cosmonautas a partir daquele momento deveriam vestir trajes pressurizados durante o lançamento e retorno.

Para substituir os pesados trajes pressurizados foi criado o traje Sokol, derivado de trajes militares usados na aviação. Apesar de leve, apenas 10 kgs, o kit de ar de emergência era muito grande e pesado, o que obrigou a espaçonave a levar apenas 2 cosmonautas.

Em 1979 uma nova versão da Soyuz foi lançada, a Soyuz-T. A adição de um computador digital, bem como a modificação do sistema de propulsão, permitiu economizar peso, o que fez a tripulação voltar a ser composta de 3 cosmonautas.

Quando a estação espacial Mir foi lançada em 1986, uma nova versão da Soyuz foi lançada, a Soyuz-TM. Um novo paraquedas feito de materiais sintéticos mais leves permitiu economizar 300 kgs de peso. Um upgrade do sistema de rádio Kurs, usado para rendezvous (manobras de acoplamento) permitia iniciar operações a uma distância de 150 km da estação, ao invés de 25 km da versão anterior.

A versão TMA, ou antropométrica, foi feita para as missões para a estação espacial internacional, tendo seu primeiro vôo em 2002. Melhorias na nave Soyuz foram feitas a pedido da agência espacial norte americana, a NASA. Isso ocorreu porque astronautas norte americanos passaram a ser lançados nas naves Soyuz.

Esta versão ficaria em operação por menos de 1 década. Em outubro de 2010 seria lançada uma nova versão, chamada Soyuz TMA-M, informalmente conhecida como "Soyuz Digital". Um novo computador e 19 novos sistemas foram introduzidos, além da substituição de 36 instrumentos existentes. As melhorias permitiram economizar 70 kgs.

A última atualização da nave Soyuz até o momento é a Soyuz-MS, lançada pela primeira vez em julho de 2016. Muitas melhorias propostas para a Soyuz TMA-M não puderam ser implementadas a tempo, e ficaram para o futuro. A melhoria contínua da Soyuz é algo que é sempre feito, mas um dos principais motivos é substituir componentes fora de fabricação ou estrangeiros, especialmente aqueles fabricados na Ucrânia.



As principais melhorias foram a melhoria dos painéis solares do módulo de serviço, a adição de um escudo contra impactos de micrometeorito no módulo de habitação e a troca do sistema de rádio Kurs usado para acoplamentos pelo Kurs-NA.

Muitas das melhorias da versão MS foram compartilhadas com as naves Progress-MS. As naves Progress são versões de carga usadas para levar suprimentos para estações espaciais, e tem o seu design derivado da nave Soyuz.

 

1969: Soyuz 5 (USSR);