Pesquisa tenta encurtar viagem a Marte

Astronauta divulga no Rio tecnologia de plasma como combustível que reduziria a 2 meses ida ao planeta vermelho
Pesquisa tenta encurtar viagem a Marte
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Um motor especial que usa como combustível o plasma, uma espécie de "quarto estado" da matéria _os outros são o sólido, o líquido e o gasoso_, pode reduzir a um quinto o tempo de viagem do planeta Terra até Marte.
A distância mínima entre os dois planetas, que estão em constante movimento, é de cerca de 80 milhões de quilômetros.
Usando o plasma, uma nave espacial poderia chegar a Marte em dois meses. Com a tecnologia atual, que usa hidrogênio e oxigênio como combustíveis, a travessia duraria de seis a dez meses.
O astronauta costarriquenho naturalizado americano Franklin Chang-Díaz é coordenador do projeto da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos); que desenvolve o uso do plasma como combustível alternativo para naves espaciais. O custo do projeto é "impossível de ser calculado", disse ele, em entrevista no Rio.
Chang-Díaz, engenheiro com doutorado no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts);, esteve em Niterói (a 15 km do Rio); para uma série de palestras e conferências sobre a pesquisa que desenvolve. Ele participou de cinco missões no espaço pela Nasa, sendo uma delas o último vôo de acoplamento com a estação Mir.
O plasma é uma espécie de gás extremamente quente, cuja temperatura chega à casa de 1 milhão de graus Celsius. De tão quente, o único meio de conservá-lo é dentro de um campo magnético, que funciona como "invólucro".
O motor especial é "completamente diferente dos usados hoje e relativamente pequeno", disse o físico. O aparato mede dois metros por meio metro de largura. "A maior parte do motor é de bobinas magnéticas supercondutoras", explicou Chang-Díaz.
Primeiro teste
O primeiro teste do projeto será feito em 2003, quando uma nave-robô será enviada até a Estação Espacial Internacional . O segundo será feito dois anos depois.
Chang-Díaz projeta para 2018 a viagem a Marte. "Mas não temos uma garantia disso", ressaltou.
A temperatura média de Marte é de aproximadamente 50 C negativos. A rarefeita atmosfera do planeta, composta de gás carbônico, não é respirável. Para solucionar esse problema, uma equipe de quatro a seis astronautas montaria uma estufa, onde seriam cultivadas plantas híbridas tropicais para produzir oxigênio.
Os astronautas ficariam na estufa, em ambientes artificialmente criados para abrigá-los. Esses locais "teriam o tamanho de quadras de basquete", disse.
"Bombearíamos a baixa pressão da atmosfera de Marte dentro da estufa a pressões mais altas. As plantas utilizariam o gás carbônico e, com a fotossíntese, produziriam oxigênio para o uso dos astronautas", afirmou o cientista da Nasa à Folha.
Um estudo sobre as plantas ideais para a tarefa está sendo feito por uma escola agrícola da região tropical úmida da Costa Rica. Março 2001
Edição 26.270 Terça, 06/03/2001 Tiragem 457,558
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