O vôo eterno
O vôo eterno
A Nasa testa um avião que pode voar para sempre, sem fazer pousos para reabastecer
Daniel Hessel Teich
Sem fazer barulho ou queimar uma única gota de combustível, uma estranha aeronave com 61 metros de envergadura (distância entre a ponta de uma asa e a da outra); e fuselagem minúscula fez no último dia 19 um vôo histórico na Base Aérea de Edwards, no Estado americano da Califórnia. Batizada de Centurion, a asa gigante, construída sob encomenda da Nasa, a agência espacial americana, sobrevoou o Deserto do Mojave por uma hora e meia, a 100 metros do solo. Não tinha piloto: era conduzida por uma equipe de engenheiros que a manobravam com um controle remoto. O Centurion é surpreendente não apenas pelo formato. É o protótipo de um avião que será movido a energia solar. Suas baterias serão carregadas durante o dia, graças às células fotoelétricas sobre suas asas, de modo que a energia armazenada seja consumida durante a noite. Com isso, o aparelho será capaz de voar eternamente, sem parar para abastecer. O objetivo da Nasa é utilizá-lo para monitorar o meio ambiente, acompanhar a evolução de tempestades e furacões e ainda auxiliar nas comunicações terrestres. Na prática, vai funcionar como um satélite de baixa altitude, com a vantagem de que custará muito menos que um aparelho colocado em órbita.
Por enquanto, o que os cientistas estão testando é a resistência e a aerodinâmica da estrutura do Centurion, feita de fibra de carbono, kevlar, espuma sintética e plástico. Da mesma forma que ocorreu com o histórico 14-BIS de Santos Dumont, é quase inacreditável constatar que aquela coisa, com o dobro da envergadura de um Boeing 737-400, voa de verdade. O protótipo ainda é movido por baterias elétricas, que impulsionam seus catorze motores num vôo a uma velocidade de 30 quilômetros por hora. Só mais tarde serão adaptadas as células fotoelétricas que permitirão o vôo semiperpétuo, como chamam os cientistas. A Nasa, que tem outras aeronaves experimentais (veja o quadro abaixo);, espera dispor de uma frota de Centurion nos próximos anos. Ao todo, a máquina não custará mais de 15 milhões de dólares, metade empregada na construção das asas e a outra metade no sistema de painéis solares. Enquanto isso, o lançamento de um único satélite, para as mesmas funções que o Centurion poderá desempenhar, não sai por menos de 100 milhões de dólares. Além de custar mais barato, o avião pode voltar à Terra para reparos e mudar de rota. Muito melhor do que os satélites, que giram numa órbita fixa até caducar, quando têm de ser abandonados como lixo espacial.
Novas e estranhas máquinas voadoras
Desde os helicópteros rascunhados por Leonardo da Vinci, a história da aviação sempre deu asas a projetos mirabolantes. Estas são algumas das últimas experiências da Nasa nessa área:
O X-29, um avião de asas invertidas, voou 422 vezes em oito anos de testes. O projeto foi abortado em 1992
O X-36, protótipo de 1997, provou que um caça sem cauda pode ser ainda mais ágil
Depois de dois anos, a Nasa desistiu do X-Wing, misto de avião e helicóptero da década de 80
O X-38 será a nave de fuga da futura estação internacional no espaço em caso de emergência ESPAÇO
A conquista da Lua
Oito vezes Armstrong repetiu a lenta e dramática dança. De costas para a paisagem da noite lunar, com as mãos seguras na escada de sua águia metálica, procurava com os pés cada degrau na histórica descida. Então veio o último lance: às 23h56 de 20 de julho de 1969, Armstrong estendeu seu pé esquerdo, apalpou cuidadosamente o chão fino e poroso, pressionou-o depois com mais força e só então se deixou ficar de pé na Lua. O astronauta Armstrong era, a partir daquele instante, Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na Lua. Sua mão ainda se apoiou alguns instantes no módulo já vazio de atmosfera. Depois, libertou-se totalmente e deu os primeiros passos. A Terra conquistava a Lua.
(23 de julho de 1969);
Morte na Soyuz II
Quando as primeiras testemunhas abriram a porta, os três estavam mortos. Iniciou-se, na madrugada de quarta-feira passada, a investigação do estranho caso da Soyuz II. Pouco antes de penetrarem na atmosfera terrestre, após 23 dias, dezessete horas e quarenta minutos em órbita, os astronautas soviéticos Georgy Dobrovolski, Vladislav Volkov e Victor Patsayev avisaram à estação de controle, nas estepes de Baikonur, que tudo corria bem. Minutos depois, as comunicações se interrompiam. Disse-se que eles não teriam suportado quase 24 dias longe da gravidade terrestre. Especulou-se que gases venenosos haviam invadido sua nave, matando-os por asfixia. Pensou-se em meteoritos perfurando a dura couraça da cápsula, esgotando as reservas de oxigênio. No fim da semana, contudo, ganhou força uma explicação mais simples e, talvez por isso mesmo, mais verossímil. Dobrovolski, Volkov e Patsayev teriam morrido porque não fecharam corretamente a escotilha de sua nave espacial.
(7 de julho de 1971);
5 metros, 3, 1, contato
Soyuz Estamos vendo a Apolo. É muito bonita! Vemos o periscópio de vocês...
Apolo Soyuz, estamos nos aproximando.
Soyuz Por favor, não se esqueçam do motor (risos);.
Apolo Estamos a 5 metros... 3... 1 metro. Contato. Engatamos! Triunfamos!
Soyuz Tudo está excelente! Soyuz e Apolo estão de mãos dadas.
Do espaço não chegaram os bip-bip que emocionaram o mundo em 1957, quando o Sputnik, primeiro satélite artificial criado pelo homem, começou a girar em torno da Terra. Veio esse emocionado diálogo no momento exato do engate entre as duas naves. E da mesma forma como Iuri Gagarin, o primeiro astronauta, se deslumbrara com o fascinante cenário A Terra é azul, proclamou ele , ouviu-se novamente, do espaço, uma expressão de encantamento O céu está azul, azul
A Nasa testa um avião que pode voar para sempre, sem fazer pousos para reabastecer
Daniel Hessel Teich
Sem fazer barulho ou queimar uma única gota de combustível, uma estranha aeronave com 61 metros de envergadura (distância entre a ponta de uma asa e a da outra); e fuselagem minúscula fez no último dia 19 um vôo histórico na Base Aérea de Edwards, no Estado americano da Califórnia. Batizada de Centurion, a asa gigante, construída sob encomenda da Nasa, a agência espacial americana, sobrevoou o Deserto do Mojave por uma hora e meia, a 100 metros do solo. Não tinha piloto: era conduzida por uma equipe de engenheiros que a manobravam com um controle remoto. O Centurion é surpreendente não apenas pelo formato. É o protótipo de um avião que será movido a energia solar. Suas baterias serão carregadas durante o dia, graças às células fotoelétricas sobre suas asas, de modo que a energia armazenada seja consumida durante a noite. Com isso, o aparelho será capaz de voar eternamente, sem parar para abastecer. O objetivo da Nasa é utilizá-lo para monitorar o meio ambiente, acompanhar a evolução de tempestades e furacões e ainda auxiliar nas comunicações terrestres. Na prática, vai funcionar como um satélite de baixa altitude, com a vantagem de que custará muito menos que um aparelho colocado em órbita.
Por enquanto, o que os cientistas estão testando é a resistência e a aerodinâmica da estrutura do Centurion, feita de fibra de carbono, kevlar, espuma sintética e plástico. Da mesma forma que ocorreu com o histórico 14-BIS de Santos Dumont, é quase inacreditável constatar que aquela coisa, com o dobro da envergadura de um Boeing 737-400, voa de verdade. O protótipo ainda é movido por baterias elétricas, que impulsionam seus catorze motores num vôo a uma velocidade de 30 quilômetros por hora. Só mais tarde serão adaptadas as células fotoelétricas que permitirão o vôo semiperpétuo, como chamam os cientistas. A Nasa, que tem outras aeronaves experimentais (veja o quadro abaixo);, espera dispor de uma frota de Centurion nos próximos anos. Ao todo, a máquina não custará mais de 15 milhões de dólares, metade empregada na construção das asas e a outra metade no sistema de painéis solares. Enquanto isso, o lançamento de um único satélite, para as mesmas funções que o Centurion poderá desempenhar, não sai por menos de 100 milhões de dólares. Além de custar mais barato, o avião pode voltar à Terra para reparos e mudar de rota. Muito melhor do que os satélites, que giram numa órbita fixa até caducar, quando têm de ser abandonados como lixo espacial.
Novas e estranhas máquinas voadoras
Desde os helicópteros rascunhados por Leonardo da Vinci, a história da aviação sempre deu asas a projetos mirabolantes. Estas são algumas das últimas experiências da Nasa nessa área:
O X-29, um avião de asas invertidas, voou 422 vezes em oito anos de testes. O projeto foi abortado em 1992
O X-36, protótipo de 1997, provou que um caça sem cauda pode ser ainda mais ágil
Depois de dois anos, a Nasa desistiu do X-Wing, misto de avião e helicóptero da década de 80
O X-38 será a nave de fuga da futura estação internacional no espaço em caso de emergência ESPAÇO
A conquista da Lua
Oito vezes Armstrong repetiu a lenta e dramática dança. De costas para a paisagem da noite lunar, com as mãos seguras na escada de sua águia metálica, procurava com os pés cada degrau na histórica descida. Então veio o último lance: às 23h56 de 20 de julho de 1969, Armstrong estendeu seu pé esquerdo, apalpou cuidadosamente o chão fino e poroso, pressionou-o depois com mais força e só então se deixou ficar de pé na Lua. O astronauta Armstrong era, a partir daquele instante, Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na Lua. Sua mão ainda se apoiou alguns instantes no módulo já vazio de atmosfera. Depois, libertou-se totalmente e deu os primeiros passos. A Terra conquistava a Lua.
(23 de julho de 1969);
Morte na Soyuz II
Quando as primeiras testemunhas abriram a porta, os três estavam mortos. Iniciou-se, na madrugada de quarta-feira passada, a investigação do estranho caso da Soyuz II. Pouco antes de penetrarem na atmosfera terrestre, após 23 dias, dezessete horas e quarenta minutos em órbita, os astronautas soviéticos Georgy Dobrovolski, Vladislav Volkov e Victor Patsayev avisaram à estação de controle, nas estepes de Baikonur, que tudo corria bem. Minutos depois, as comunicações se interrompiam. Disse-se que eles não teriam suportado quase 24 dias longe da gravidade terrestre. Especulou-se que gases venenosos haviam invadido sua nave, matando-os por asfixia. Pensou-se em meteoritos perfurando a dura couraça da cápsula, esgotando as reservas de oxigênio. No fim da semana, contudo, ganhou força uma explicação mais simples e, talvez por isso mesmo, mais verossímil. Dobrovolski, Volkov e Patsayev teriam morrido porque não fecharam corretamente a escotilha de sua nave espacial.
(7 de julho de 1971);
5 metros, 3, 1, contato
Soyuz Estamos vendo a Apolo. É muito bonita! Vemos o periscópio de vocês...
Apolo Soyuz, estamos nos aproximando.
Soyuz Por favor, não se esqueçam do motor (risos);.
Apolo Estamos a 5 metros... 3... 1 metro. Contato. Engatamos! Triunfamos!
Soyuz Tudo está excelente! Soyuz e Apolo estão de mãos dadas.
Do espaço não chegaram os bip-bip que emocionaram o mundo em 1957, quando o Sputnik, primeiro satélite artificial criado pelo homem, começou a girar em torno da Terra. Veio esse emocionado diálogo no momento exato do engate entre as duas naves. E da mesma forma como Iuri Gagarin, o primeiro astronauta, se deslumbrara com o fascinante cenário A Terra é azul, proclamou ele , ouviu-se novamente, do espaço, uma expressão de encantamento O céu está azul, azul

