Desenvolvimento do projeto L3
A configuração do que seria conhecido como complexo L3 foi feita em 1963. No ano seguinte, ficou claro que o foguete proposto para a missão, o N1, não seria capaz de lançar uma expedição para a Lua composta por 3 cosmonautas. O projeto foi ajustado para transportar 2 cosmonautas, sendo que apenas 1 iria pousar na Lua. A revisão do projeto foi concluída no final de 1964. Em 30 de dezembro de 1964 foi autorizada a produção de 16 espaçonaves e foguetes. Deveriam ser construídos 4 foguetes N1 em 1966, 6 em 1967 e 6 em 1968. O primeiro vôo de um foguete N1 deveria ser no primeiro trimestre de 1966, e os primeiros pousos lunares em 1967 e 1968. Porém, houve atrasos no desenvolvimento da nave Soyuz, bem como problemas no desenvolvimento do foguete lunar N1 e nas naves Soyuz lunares, denominadas Zond. As especificações do projeto lunar L3 foram oficialmente aprovadas em 10 de fevereiro de 1965.
A expedição lunar soviética deveria ser composta de duas espaçonaves, uma nave orbital chamada Soyuz, e uma nave de pouso chamada LK
SOYUZ
As naves Soyuz que seriam utilizadas para as missões lunares eram chamadas de Soyuz-LOK (Lunniy Orbitalny Korabl). Com peso de quase 10 toneladas, estas naves Soyuz eram diferentes das naves com o mesmo nome utilizadas para missões em órbita terrestre até hoje.
Da mesma forma que as naves atuais, estas naves eram divididas em 3 módulos, um módulo de serviço, uma cápsula de retorno e um módulo orbital.
O módulo de serviço continha os motores utilizados durante a missão, além de células de combustível para gerar energia, oxigênio e água, desta forma não utilizavam os painéis solares que são comuns na sua versão terrestre. A cápsula de retorno guarda certas semelhanças com a versão atualmente utilizada da nave Soyuz, a diferença é que transportava 2 ao invés de 3 cosmonautas.
O módulo orbital é o que tem mais diferença. Atualmente o módulo orbital permite a transferência de um cosmonauta para outra nave sem a necessidade de sair da nave. No caso da Soyuz-LOK, o cosmonauta precisava sair da nave, para isso o módulo orbital tinha uma escotilha. Isso foi feito para economizar peso. Esse sistema de acoplamento era chamado de Kontakt.
O plano de vôo que deveria ser feito pelas Soyuz lunares foi testado em naves que foram batizadas como Zond. Elas utilizaram cobaias e testaram os equipamentos que seriam utilizados. A Zond 5, lançada em 15 de setembro de 1968, foi a primeira a ir a Lua e retornar. Inclusive, pregou até um susto nos ingleses do radiotelescópio de Jodel Brank. Eles ouviram uma voz em russo vinda da nave! Mas, era apenas uma gravação. A nave teve um defeito e acabou caindo no Oceano Índico. Antes do final de 1968, em 11 de novembro, foi feita mais uma tentativa, com a Zond 6. A nave conseguiu pousar na União Soviética, mas as cobaias acabaram morrendo.
As naves Zond seguintes acabariam tendo melhores resultados. As duas últimas missões, Zond 7, lançada em agosto de 1969, e Zond 8, lançada em outubro de 1970, seriam concluídas com sucesso, validando o modelo de reentrada proposto para as missões tripuladas. Uma missão tripulada, chamada Zond 9, havia sido prevista para julho de 1969, levando os cosmonautas Pavel Popovich e Vitali Sevastyanov. Mas a missão não seguiu adiante. Com a chegada dos americanos a Lua, o projeto perderia prioridade.
Apenas 1 teste foi feito de uma nave Soyuz-LOK. Uma nave de testes foi lançada em 02 de dezembro de 1970, sob a denominação Kosmos 382. O teste foi bem sucedido.
LK
O LK (Lunnyi Korabl) era composto de duas partes, um módulo tripulado onde era transportado o cosmonauta e de um módulo de pouso. Esta parte onde ficava o cosmonauta recebia o nome de LVA (Lunnyi Vzletnyi Apparat). Fazia parte do LVA uma unidade de propulsão chamado Block-E, que ficava dentro do módulo de pouso.
O módulo de pouso era chamado de LPA (Lunnyi Posadochnyi Agregat), e era composto de uma estrutura de quatro pernas usadas para pousar na Lua, esta estrutura era chamada de LPU (Lunnoe Posadochnoe Ustroistvo). Quando a decolagem da Lua era feita, explosivos separavam o LPU do Bloco-E, permitindo a decolagem.
Essa configuração era bem diferente do módulo lunar norte americano. O módulo lunar das missões Apollo também era dividido em duas partes, so que o módulo de pouso e o módulo tripulado tinham motores em separado para pouso e decolagem. No LK o Bloco-E era ao mesmo tempo usado para pousar na Lua e para decolar da Lua e retornar para a órbita lunar.
Para desacelerar o módulo lunar LK em sua missão de pousar na Lua era utilizado o Bloco-D, que era o quinto estágio do foguete N1. O Bloco-D tinha a missão de colocar o complexo Soyuz-LK em órbita lunar e de desacelerar o módulo LK em sua missão rumo a superfície lunar. Como vimos, caberia ao Bloco-E instalado na nave LK a tarefa de finalizar o pouso lunar.
O módulo Lunar LK foi testado três vezes em órbita terrestre. O primeiro teste foi em 24/11/1970 (Kosmos 379), o segundo foi em 26/02/1971 (Kosmos 398) e o último foi em 12/08/1971 (Kosmos 434). O LK pesava 1/3 do peso do módulo lunar norte americano e transportaria apenas 1 cosmonauta. Seu peso era entre 5560 a 6525 kg. Sua área interna era bem pequena, tinha apenas 5 metros cúbicos de espaço e a espaçonave seria capaz de vôo autônomo por 48 horas.
FOGUETE N1
Quanto ao foguete N1, ele falhou mais do que deveria. Repetidos problemas com o primeiro estágio acabaram selando o destino do programa espacial lunar soviético.
A política e as rivalidades tiverem seu peso. Somente em 1965 os trabalhos no foguete N1 começaram, comparando com o projeto norte americano Apollo, o atraso era de 3 anos.
A rivalidade entre os principais nomes do programa espacial soviético eliminou as chances de sucesso. Sergei Korolev, o criador do foguete, tinha a intenção de construir motores utilizando querosene e oxigênio líquido. Mas os melhores motores eram feitos por Valentin Glushko, que tinha a preferência por combustíveis hipergólicos, mais potentes, porem mais perigosos.
A comissão responsável por aprovar o projeto do foguete votou a favor de Korolev. Após isso, Glushko se recusou a trabalhar com Korolev. Para os motores do N1, foi escolhido Nikolai Kuznetsov. A experiência dele era com motores de aviões. Apesar disso ele foi bem sucedido, mas, o problema foi o atraso, quando o motor finalmente ficou pronto a corrida para a Lua já estava perdida.
A morte de Korolev em 1966 deixou o peso do projeto nas mãos do seu assistente, Vasily Mishin. Ele era um administrador que prosseguiu o projeto, ele não tinha o suporte político do seu antecessor.
Foram construídos 10 N1, apenas 4 foram lançados, todos falharam. Apesar de ter um empuxo maior que o Saturno V no momento do lançamento, seus 5 estágios lançavam uma carga menor, o que restringia as missões propostas para 2 cosmonautas, ao invés dos 3 astronautas lançados pelas missões Apollo.
Os dois primeiro testes foram feitos em 1969 antes do vôo histórico da Apollo 11. Os vôos seguintes seriam em 1971 e 1972.
Dos quatro testes do foguete lunar, o resultado foi o seguinte:
1 - 21/02/1969 - Explodiu após 68 segundos do lançamento, seus destroços mataram 91 pessoas em solo. As mortes somente foram reveladas em 1996.
2 - 03/07/1969 - Explodiu na plataforma de lançamento alguns segundos depois do lançamento, foi uma das maiores explosões não nucleares. A explosão pode ser vista a 35 km de distância.
3 - 26/06/1971 - Explodiu após 50 segundos do lançamento
4 - 23/11/1972 - O último lançamento explodiu 107 segundos após o lançamento.
Em todos os testes, as falhas ocorreram no primeiro estágio.
Devido ao fracasso, eles se dedicaram à exploração da Lua através de sondas automáticas da séria Luna e decidiram utilizar as Soyuz no programa das estações espaciais. O programa lunar tripulado soviético foi suspenso em maio de 1974 e cancelado oficialmente em 1976.
Um quinto lançamento do foguete N1 (número de série 8L) estava planejado para agosto de 1974, ele tinha como objetivo testar a missão completa sem tripulantes, mas o projeto foi cancelado alguns meses antes.
Todos os detalhes do programa lunar tripulado foram mantidos em segredo e somente foram revelados em 1989.
A expedição lunar soviética deveria ser composta de duas espaçonaves, uma nave orbital chamada Soyuz, e uma nave de pouso chamada LK
SOYUZ
As naves Soyuz que seriam utilizadas para as missões lunares eram chamadas de Soyuz-LOK (Lunniy Orbitalny Korabl). Com peso de quase 10 toneladas, estas naves Soyuz eram diferentes das naves com o mesmo nome utilizadas para missões em órbita terrestre até hoje.
Da mesma forma que as naves atuais, estas naves eram divididas em 3 módulos, um módulo de serviço, uma cápsula de retorno e um módulo orbital.
O módulo de serviço continha os motores utilizados durante a missão, além de células de combustível para gerar energia, oxigênio e água, desta forma não utilizavam os painéis solares que são comuns na sua versão terrestre. A cápsula de retorno guarda certas semelhanças com a versão atualmente utilizada da nave Soyuz, a diferença é que transportava 2 ao invés de 3 cosmonautas.
O módulo orbital é o que tem mais diferença. Atualmente o módulo orbital permite a transferência de um cosmonauta para outra nave sem a necessidade de sair da nave. No caso da Soyuz-LOK, o cosmonauta precisava sair da nave, para isso o módulo orbital tinha uma escotilha. Isso foi feito para economizar peso. Esse sistema de acoplamento era chamado de Kontakt.
O plano de vôo que deveria ser feito pelas Soyuz lunares foi testado em naves que foram batizadas como Zond. Elas utilizaram cobaias e testaram os equipamentos que seriam utilizados. A Zond 5, lançada em 15 de setembro de 1968, foi a primeira a ir a Lua e retornar. Inclusive, pregou até um susto nos ingleses do radiotelescópio de Jodel Brank. Eles ouviram uma voz em russo vinda da nave! Mas, era apenas uma gravação. A nave teve um defeito e acabou caindo no Oceano Índico. Antes do final de 1968, em 11 de novembro, foi feita mais uma tentativa, com a Zond 6. A nave conseguiu pousar na União Soviética, mas as cobaias acabaram morrendo.
As naves Zond seguintes acabariam tendo melhores resultados. As duas últimas missões, Zond 7, lançada em agosto de 1969, e Zond 8, lançada em outubro de 1970, seriam concluídas com sucesso, validando o modelo de reentrada proposto para as missões tripuladas. Uma missão tripulada, chamada Zond 9, havia sido prevista para julho de 1969, levando os cosmonautas Pavel Popovich e Vitali Sevastyanov. Mas a missão não seguiu adiante. Com a chegada dos americanos a Lua, o projeto perderia prioridade.
Apenas 1 teste foi feito de uma nave Soyuz-LOK. Uma nave de testes foi lançada em 02 de dezembro de 1970, sob a denominação Kosmos 382. O teste foi bem sucedido.
LK
O LK (Lunnyi Korabl) era composto de duas partes, um módulo tripulado onde era transportado o cosmonauta e de um módulo de pouso. Esta parte onde ficava o cosmonauta recebia o nome de LVA (Lunnyi Vzletnyi Apparat). Fazia parte do LVA uma unidade de propulsão chamado Block-E, que ficava dentro do módulo de pouso.
O módulo de pouso era chamado de LPA (Lunnyi Posadochnyi Agregat), e era composto de uma estrutura de quatro pernas usadas para pousar na Lua, esta estrutura era chamada de LPU (Lunnoe Posadochnoe Ustroistvo). Quando a decolagem da Lua era feita, explosivos separavam o LPU do Bloco-E, permitindo a decolagem.
Essa configuração era bem diferente do módulo lunar norte americano. O módulo lunar das missões Apollo também era dividido em duas partes, so que o módulo de pouso e o módulo tripulado tinham motores em separado para pouso e decolagem. No LK o Bloco-E era ao mesmo tempo usado para pousar na Lua e para decolar da Lua e retornar para a órbita lunar.
Para desacelerar o módulo lunar LK em sua missão de pousar na Lua era utilizado o Bloco-D, que era o quinto estágio do foguete N1. O Bloco-D tinha a missão de colocar o complexo Soyuz-LK em órbita lunar e de desacelerar o módulo LK em sua missão rumo a superfície lunar. Como vimos, caberia ao Bloco-E instalado na nave LK a tarefa de finalizar o pouso lunar.
O módulo Lunar LK foi testado três vezes em órbita terrestre. O primeiro teste foi em 24/11/1970 (Kosmos 379), o segundo foi em 26/02/1971 (Kosmos 398) e o último foi em 12/08/1971 (Kosmos 434). O LK pesava 1/3 do peso do módulo lunar norte americano e transportaria apenas 1 cosmonauta. Seu peso era entre 5560 a 6525 kg. Sua área interna era bem pequena, tinha apenas 5 metros cúbicos de espaço e a espaçonave seria capaz de vôo autônomo por 48 horas.
FOGUETE N1
Quanto ao foguete N1, ele falhou mais do que deveria. Repetidos problemas com o primeiro estágio acabaram selando o destino do programa espacial lunar soviético.
A política e as rivalidades tiverem seu peso. Somente em 1965 os trabalhos no foguete N1 começaram, comparando com o projeto norte americano Apollo, o atraso era de 3 anos.
A rivalidade entre os principais nomes do programa espacial soviético eliminou as chances de sucesso. Sergei Korolev, o criador do foguete, tinha a intenção de construir motores utilizando querosene e oxigênio líquido. Mas os melhores motores eram feitos por Valentin Glushko, que tinha a preferência por combustíveis hipergólicos, mais potentes, porem mais perigosos.
A comissão responsável por aprovar o projeto do foguete votou a favor de Korolev. Após isso, Glushko se recusou a trabalhar com Korolev. Para os motores do N1, foi escolhido Nikolai Kuznetsov. A experiência dele era com motores de aviões. Apesar disso ele foi bem sucedido, mas, o problema foi o atraso, quando o motor finalmente ficou pronto a corrida para a Lua já estava perdida.
A morte de Korolev em 1966 deixou o peso do projeto nas mãos do seu assistente, Vasily Mishin. Ele era um administrador que prosseguiu o projeto, ele não tinha o suporte político do seu antecessor.
Foram construídos 10 N1, apenas 4 foram lançados, todos falharam. Apesar de ter um empuxo maior que o Saturno V no momento do lançamento, seus 5 estágios lançavam uma carga menor, o que restringia as missões propostas para 2 cosmonautas, ao invés dos 3 astronautas lançados pelas missões Apollo.
Os dois primeiro testes foram feitos em 1969 antes do vôo histórico da Apollo 11. Os vôos seguintes seriam em 1971 e 1972.
Dos quatro testes do foguete lunar, o resultado foi o seguinte:
1 - 21/02/1969 - Explodiu após 68 segundos do lançamento, seus destroços mataram 91 pessoas em solo. As mortes somente foram reveladas em 1996.
2 - 03/07/1969 - Explodiu na plataforma de lançamento alguns segundos depois do lançamento, foi uma das maiores explosões não nucleares. A explosão pode ser vista a 35 km de distância.
3 - 26/06/1971 - Explodiu após 50 segundos do lançamento
4 - 23/11/1972 - O último lançamento explodiu 107 segundos após o lançamento.
Em todos os testes, as falhas ocorreram no primeiro estágio.
Devido ao fracasso, eles se dedicaram à exploração da Lua através de sondas automáticas da séria Luna e decidiram utilizar as Soyuz no programa das estações espaciais. O programa lunar tripulado soviético foi suspenso em maio de 1974 e cancelado oficialmente em 1976.
Um quinto lançamento do foguete N1 (número de série 8L) estava planejado para agosto de 1974, ele tinha como objetivo testar a missão completa sem tripulantes, mas o projeto foi cancelado alguns meses antes.
Todos os detalhes do programa lunar tripulado foram mantidos em segredo e somente foram revelados em 1989.
