Brasil pode perder projeto em estação espacial
Brasil pode perder projeto em estação espacial
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
A agência espacial norte-americana (Nasa); publicou via Internet uma solicitação de manifestações de "fontes potenciais" para fornecer o mais importante item sob responsabilidade do Brasil na Estação Espacial Internacional.Segundo a Embaixada dos EUA em Brasília, a Nasa "ainda tem muita esperança" de que o Brasil produza e entregue o equipamento, um palete expresso para experimentos na estação.Como o país está atrasado em pagamentos que deveriam ter sido feitos há oito meses à Boeing, empresa responsável pela integração de todas as partes da estação, e ainda não liberou a verba necessária para cumprir seus compromissos deste ano com o projeto, a Nasa desencadeou o seu "plano de contingência".O porta-voz da Presidência, diplomata George Lamazière, disse que o assunto "envolve recursos elevados" e que o presidente Fernando Henrique Cardoso "está estudando a matéria para poder equacionar o problema".O Brasil é o único país não desenvolvido entre os 16 que participam do projeto da estação.Em troca de seis equipamentos (com custo estimado em US$ 150 milhões, a serem desembolsados nos próximos cinco anos);, o Brasil ganhará espaço na estação para fazer experimentos científicos de seu interesse, realizar observações do seu território e enviar dois astronautas (um dos quais já está treinando nos EUA);.O palete expresso é o item mais importante da série que o Brasil se comprometeu a fornecer. Sua concepção servirá de base para os outros equipamentos que cabe ao Brasil entregar à estação.Se o palete expresso não for feito pelo Brasil, mesmo que o país continue a participar do projeto, as indústrias nacionais passariam à condição de simples beneficiadoras de peças. Uma das vantagens da presença do Brasil na estação é a possibilidade do desenvolvimento de tecnologia.Contrato suspenso Os atrasos do Brasil com o projeto já provocaram a suspensão do contrato que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); tinha com a Boeing. O Brasil deve US$ 3 milhões à empresa.Segundo o acordo assinado entre Brasil e EUA durante a visita do presidente Bill Clinton a Brasília em outubro de 1997, o palete expresso deve ser entregue até o fim do mês de junho de 2001.Mas algumas peças desse equipamento precisam estar prontas em maio do ano que vem.Se isso não acontecer, todo o projeto da estação espacial sofrerá atrasos. A montagem da estação começou em novembro de 1998, quando os dois primeiros módulos, um dos EUA e outro da Rússia, foram unidos no espaço.O custo total do projeto está estimado em US$ 60 bilhões. A estação deve estar pronta em 2004.O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB);, Luiz Gylvan Meira Filho, disse ontem à Folha que ainda não tinha lido a solicitação da Nasa. Ele havia solicitado à agência dos EUA uma revisão da participação do Brasil.Uma das possibilidades em estudo era o país se responsabilizar por um dos dois outros paletes com prazo de entrega posterior.Outra hipótese seria o Brasil manter seu compromisso com o primeiro palete, mas deixar que as partes que devem estar prontas em maio de 2000 fossem feitas por empresas estrangeiras.Para isso, seria necessário que a verba de 1999 para o projeto (US$ 23 milhões); fosse liberada já.
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
A agência espacial norte-americana (Nasa); publicou via Internet uma solicitação de manifestações de "fontes potenciais" para fornecer o mais importante item sob responsabilidade do Brasil na Estação Espacial Internacional.Segundo a Embaixada dos EUA em Brasília, a Nasa "ainda tem muita esperança" de que o Brasil produza e entregue o equipamento, um palete expresso para experimentos na estação.Como o país está atrasado em pagamentos que deveriam ter sido feitos há oito meses à Boeing, empresa responsável pela integração de todas as partes da estação, e ainda não liberou a verba necessária para cumprir seus compromissos deste ano com o projeto, a Nasa desencadeou o seu "plano de contingência".O porta-voz da Presidência, diplomata George Lamazière, disse que o assunto "envolve recursos elevados" e que o presidente Fernando Henrique Cardoso "está estudando a matéria para poder equacionar o problema".O Brasil é o único país não desenvolvido entre os 16 que participam do projeto da estação.Em troca de seis equipamentos (com custo estimado em US$ 150 milhões, a serem desembolsados nos próximos cinco anos);, o Brasil ganhará espaço na estação para fazer experimentos científicos de seu interesse, realizar observações do seu território e enviar dois astronautas (um dos quais já está treinando nos EUA);.O palete expresso é o item mais importante da série que o Brasil se comprometeu a fornecer. Sua concepção servirá de base para os outros equipamentos que cabe ao Brasil entregar à estação.Se o palete expresso não for feito pelo Brasil, mesmo que o país continue a participar do projeto, as indústrias nacionais passariam à condição de simples beneficiadoras de peças. Uma das vantagens da presença do Brasil na estação é a possibilidade do desenvolvimento de tecnologia.Contrato suspenso Os atrasos do Brasil com o projeto já provocaram a suspensão do contrato que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); tinha com a Boeing. O Brasil deve US$ 3 milhões à empresa.Segundo o acordo assinado entre Brasil e EUA durante a visita do presidente Bill Clinton a Brasília em outubro de 1997, o palete expresso deve ser entregue até o fim do mês de junho de 2001.Mas algumas peças desse equipamento precisam estar prontas em maio do ano que vem.Se isso não acontecer, todo o projeto da estação espacial sofrerá atrasos. A montagem da estação começou em novembro de 1998, quando os dois primeiros módulos, um dos EUA e outro da Rússia, foram unidos no espaço.O custo total do projeto está estimado em US$ 60 bilhões. A estação deve estar pronta em 2004.O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB);, Luiz Gylvan Meira Filho, disse ontem à Folha que ainda não tinha lido a solicitação da Nasa. Ele havia solicitado à agência dos EUA uma revisão da participação do Brasil.Uma das possibilidades em estudo era o país se responsabilizar por um dos dois outros paletes com prazo de entrega posterior.Outra hipótese seria o Brasil manter seu compromisso com o primeiro palete, mas deixar que as partes que devem estar prontas em maio de 2000 fossem feitas por empresas estrangeiras.Para isso, seria necessário que a verba de 1999 para o projeto (US$ 23 milhões); fosse liberada já.

