Perdidos no espaço
Perdidos no espaço
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Brasília
Qualquer país comparável ao Brasil em termos geopolíticos, como Argentina, México, Índia, Filipinas, daria quase qualquer coisa para ganhar um lugar de parceiro na Estação Espacial Internacional (ISS);.Além do prestígio, as vantagens imediatas e potenciais para quem participa da construção da ISS são imensas.O diálogo com a ponta da tecnologia aeroespacial, as perspectivas de desenvolvimento de pesquisas em condições de microgravidade, as janelas de observação permanente do território nacional a partir do espaço, entre outros enormes benefícios diretos e indiretos (entre eles o desenvolvimento de remédios para doenças como mal de Chagas e dengue);, são incontestáveis.Graças a uma decisão de governo, tomada em nível presidencial por Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso, o Brasil é o único país não desenvolvido a integrar o projeto da ISS. A um custo relativamente baixo: cerca de US$ 150 milhões em cinco anos.No entanto, o país parece disposto a desperdiçar essa oportunidade única.Por conta dos problemas financeiros enfrentados no início do ano, nunca foram liberados os quase US$ 23 milhões que deveriam ter sido alocados no orçamento de 1999 do Ministério da Ciência e Tecnologia para a ISS.O país deixou de pagar à Boeing, empresa que faz a integração de todo o projeto, US$ 3 milhões, vencidos em fevereiro. A empresa americana interrompeu o contrato de consultoria que tinha com o Brasil. Se o pagamento não for feito em breve para reativar o convênio, a participação do Brasil poderá ficar definitivamente ameaçada.Agora, Nasa e Agência Espacial Brasileira renegociam os termos da contribuição do Brasil, que corre o risco de perder a tarefa de entregar um palete expresso, o equipamento mais importante sob sua responsabilidade.A esta altura, os dirigentes da Nasa que se recordam da série de TV da década de 60 "Perdidos no Espaço" já podem estar se perguntando se, na ISS, o papel de Dr. Smith, clandestino trapalhão que punha em risco o sucesso da missão, não será do Brasil.
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Brasília
Qualquer país comparável ao Brasil em termos geopolíticos, como Argentina, México, Índia, Filipinas, daria quase qualquer coisa para ganhar um lugar de parceiro na Estação Espacial Internacional (ISS);.Além do prestígio, as vantagens imediatas e potenciais para quem participa da construção da ISS são imensas.O diálogo com a ponta da tecnologia aeroespacial, as perspectivas de desenvolvimento de pesquisas em condições de microgravidade, as janelas de observação permanente do território nacional a partir do espaço, entre outros enormes benefícios diretos e indiretos (entre eles o desenvolvimento de remédios para doenças como mal de Chagas e dengue);, são incontestáveis.Graças a uma decisão de governo, tomada em nível presidencial por Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso, o Brasil é o único país não desenvolvido a integrar o projeto da ISS. A um custo relativamente baixo: cerca de US$ 150 milhões em cinco anos.No entanto, o país parece disposto a desperdiçar essa oportunidade única.Por conta dos problemas financeiros enfrentados no início do ano, nunca foram liberados os quase US$ 23 milhões que deveriam ter sido alocados no orçamento de 1999 do Ministério da Ciência e Tecnologia para a ISS.O país deixou de pagar à Boeing, empresa que faz a integração de todo o projeto, US$ 3 milhões, vencidos em fevereiro. A empresa americana interrompeu o contrato de consultoria que tinha com o Brasil. Se o pagamento não for feito em breve para reativar o convênio, a participação do Brasil poderá ficar definitivamente ameaçada.Agora, Nasa e Agência Espacial Brasileira renegociam os termos da contribuição do Brasil, que corre o risco de perder a tarefa de entregar um palete expresso, o equipamento mais importante sob sua responsabilidade.A esta altura, os dirigentes da Nasa que se recordam da série de TV da década de 60 "Perdidos no Espaço" já podem estar se perguntando se, na ISS, o papel de Dr. Smith, clandestino trapalhão que punha em risco o sucesso da missão, não será do Brasil.

