Montagem da Estação Espacial Internacional por 16 países deve começar hoje com lançamento de módulo de carga
Rússia abre projeto Internacional no espaço
MAURÍCIO TUFFANI
Editor-assistente de Ciência
Após vários atrasos e crises por falta de verba, a Rússia chega hoje ao passo inicial da colonização Internacional do espaço.
Até ontem, estava prevista para hoje, às 4h40 (horário de Brasília);, em Baikonur, no deserto do Cazaquistão (Ásia Central);, a decolagem de um foguete da série Próton, de 55 metros de altura, levando o módulo de carga Zaria ("alvorada", em russo);, o primeiro da Estação Espacial Internacional (ISS);.
A conclusão desse gigantesco complexo orbital de 450 toneladas havia sido prevista inicialmente para 2002. Mas fora posteriormente adiada para 2003 e para 2004. Há poucos meses a Nasa (agência espacial dos EUA); e o governo russo chegaram a admitir que a construção só seria concluída em 2005.
Após entendimentos entre as agências dos EUA, da Rússia e da Comunidade Européia, foi estabelecido o cronograma atual, com término previsto para 2004.
Passeios espaciais
Até a conclusão da montagem da ISS, dezenas de astronautas _ou cosmonautas, como preferem os russos_ deverão somar cerca de 1.100 horas de passeios espaciais em atividades.
Também estão programadas cerca de 50 missões com ônibus espaciais norte-americanos, naves russas da série Soiuz e lançamentos de grandes instalações por meio de foguetes.
Esse trabalho a ser tocado também com o apoio de outros 14 países, entre eles o Brasil (leia texto abaixo);, deverá resultar em uma plataforma orbital com capacidade de operar durante dez anos.
Mas essa vida útil pode se estender por mais tempo. A estação espacial russa Mir, por exemplo, que foi lançada em 1986, já tem mais de 12 anos de operação.
Ao fazer essa comparação, é preciso levar em conta que problemas enfrentados pela Mir foram causados ou potencializados pela crise financeira do programa espacial russo, que se refletiu também no atraso do cronograma da ISS.
Em junho do ano passado, a Mir colidiu com uma nave de carga, danificando alguns de seus painéis solares. O acidente provocou perda das reservas de oxigênio e de energia elétrica da estação. No início de 1998, a Mir teve um início de incêndio a bordo.
Na gênese de todos esses problemas, os técnicos do Centro de Controle de Vôos Espaciais de Koroliev, perto de Moscou, sempre apontaram uma mesma causa: os equipamentos da Mir estavam obsoletos e precisavam ser substituídos.
O atual cronograma de construção da ISS prevê para janeiro de 2000 a chegada dos três primeiros tripulantes. Eles deverão ficar cinco meses a bordo da estação para supervisionar as primeiras etapas mais complexas da montagem.
Mas a entrada em operação da ISS, com as primeiras equipes de pesquisa, deve começar em 2003, antes da conclusão total da estação, prevista para 2004 (veja quadro ao lado);.
Segundo a Nasa, a partir de 2003, a ISS poderá ser visível a olho nu, como um ponto brilhante no céu. À medida que a sua estrutura se ampliar, mais visível ela será.
Custos crescentes
Além do atraso no cronograma, o projeto da ISS também teve o orçamento aumentado nos últimos anos. Isso se deveu principalmente à elevação dos custos inicialmente previstos e à ampliação da participação de outros países.
Até setembro do ano passado, a Nasa havia divulgado que a ISS deveria custar US$ 15 bilhões. Até junho deste ano, a cifra havia chegado a US$ 40 bilhões.
O custo atual, estimado em cerca de US$ 60 bilhões, vem sendo anunciado pela Nasa com a afirmação de que o projeto da ISS é "uma clara demonstração da liderança dos EUA na comunidade global, iluminando o caminho para a cooperação pacífica entre as nações no século 21".
Em 1988, a ISS já havia sido batizada provisoriamente Freedom ("liberdade" em inglês); pelo então presidente norte-americano, Ronald Reagan.
Posteriormente, em 1993, o atual presidente dos EUA, Bill Clinton, chegou a chamá-la de "Estação Internacional Alpha".
Diversos estudos biomédicos deverão ser realizados a bordo da ISS, facilitados pela microgravidade (condição em que a atração gravitacional é praticamente nula);, que acelera diversos processos bioquímicos.
Também deverão ser realizadas várias pesquisas meteorológicas e de recursos naturais, beneficiadas pela permanente observação da Terra.
MAURÍCIO TUFFANI
Editor-assistente de Ciência
Após vários atrasos e crises por falta de verba, a Rússia chega hoje ao passo inicial da colonização Internacional do espaço.
Até ontem, estava prevista para hoje, às 4h40 (horário de Brasília);, em Baikonur, no deserto do Cazaquistão (Ásia Central);, a decolagem de um foguete da série Próton, de 55 metros de altura, levando o módulo de carga Zaria ("alvorada", em russo);, o primeiro da Estação Espacial Internacional (ISS);.
A conclusão desse gigantesco complexo orbital de 450 toneladas havia sido prevista inicialmente para 2002. Mas fora posteriormente adiada para 2003 e para 2004. Há poucos meses a Nasa (agência espacial dos EUA); e o governo russo chegaram a admitir que a construção só seria concluída em 2005.
Após entendimentos entre as agências dos EUA, da Rússia e da Comunidade Européia, foi estabelecido o cronograma atual, com término previsto para 2004.
Passeios espaciais
Até a conclusão da montagem da ISS, dezenas de astronautas _ou cosmonautas, como preferem os russos_ deverão somar cerca de 1.100 horas de passeios espaciais em atividades.
Também estão programadas cerca de 50 missões com ônibus espaciais norte-americanos, naves russas da série Soiuz e lançamentos de grandes instalações por meio de foguetes.
Esse trabalho a ser tocado também com o apoio de outros 14 países, entre eles o Brasil (leia texto abaixo);, deverá resultar em uma plataforma orbital com capacidade de operar durante dez anos.
Mas essa vida útil pode se estender por mais tempo. A estação espacial russa Mir, por exemplo, que foi lançada em 1986, já tem mais de 12 anos de operação.
Ao fazer essa comparação, é preciso levar em conta que problemas enfrentados pela Mir foram causados ou potencializados pela crise financeira do programa espacial russo, que se refletiu também no atraso do cronograma da ISS.
Em junho do ano passado, a Mir colidiu com uma nave de carga, danificando alguns de seus painéis solares. O acidente provocou perda das reservas de oxigênio e de energia elétrica da estação. No início de 1998, a Mir teve um início de incêndio a bordo.
Na gênese de todos esses problemas, os técnicos do Centro de Controle de Vôos Espaciais de Koroliev, perto de Moscou, sempre apontaram uma mesma causa: os equipamentos da Mir estavam obsoletos e precisavam ser substituídos.
O atual cronograma de construção da ISS prevê para janeiro de 2000 a chegada dos três primeiros tripulantes. Eles deverão ficar cinco meses a bordo da estação para supervisionar as primeiras etapas mais complexas da montagem.
Mas a entrada em operação da ISS, com as primeiras equipes de pesquisa, deve começar em 2003, antes da conclusão total da estação, prevista para 2004 (veja quadro ao lado);.
Segundo a Nasa, a partir de 2003, a ISS poderá ser visível a olho nu, como um ponto brilhante no céu. À medida que a sua estrutura se ampliar, mais visível ela será.
Custos crescentes
Além do atraso no cronograma, o projeto da ISS também teve o orçamento aumentado nos últimos anos. Isso se deveu principalmente à elevação dos custos inicialmente previstos e à ampliação da participação de outros países.
Até setembro do ano passado, a Nasa havia divulgado que a ISS deveria custar US$ 15 bilhões. Até junho deste ano, a cifra havia chegado a US$ 40 bilhões.
O custo atual, estimado em cerca de US$ 60 bilhões, vem sendo anunciado pela Nasa com a afirmação de que o projeto da ISS é "uma clara demonstração da liderança dos EUA na comunidade global, iluminando o caminho para a cooperação pacífica entre as nações no século 21".
Em 1988, a ISS já havia sido batizada provisoriamente Freedom ("liberdade" em inglês); pelo então presidente norte-americano, Ronald Reagan.
Posteriormente, em 1993, o atual presidente dos EUA, Bill Clinton, chegou a chamá-la de "Estação Internacional Alpha".
Diversos estudos biomédicos deverão ser realizados a bordo da ISS, facilitados pela microgravidade (condição em que a atração gravitacional é praticamente nula);, que acelera diversos processos bioquímicos.
Também deverão ser realizadas várias pesquisas meteorológicas e de recursos naturais, beneficiadas pela permanente observação da Terra.

