Retorno ajuda imagem pública da Nasa

Retorno ajuda imagem pública da Nasa
de Washington

Todos vão negar que a volta de John Glenn ao espaço seja apenas um golpe de relações públicas.Mas para o administrador da Nasa, Daniel Goldin, para o presidente Bill Clinton e para o próprio senador poucos eventos teriam melhor efeito sobre suas imagens.Para Glenn, é o fecho glorioso e provavelmente insuperável de uma carreira pública notável, além da vitória final sobre seus rivais, os outros seis ''eleitos'', os primeiros astronautas norte-americanos.Para Clinton, uma excelente maneira de se comparar ao seu ídolo, John Kennedy, que mandou Glenn ao espaço pela primeira vez, além de uma forma a mais de distrair o público dos aspectos menos edificantes de sua administração.Mas os principais beneficiários da missão serão Goldin e a Nasa. Em 28 de janeiro de 1986, 73 segundos após o lançamento, o ônibus espacial Challenger explodiu às vistas de todos que acompanhavam sua subida na Flórida e de milhões assistindo televisão.Além de ter matado os sete astronautas, o acidente da Challenger destruiu o respeito e a admiração consensuais do público norte-americano pela sua agência espacial, que dera ao país a maior vitória tecnológica da Guerra Fria ao pôr os primeiros homens na Lua.A Nasa passou por uma devassa que revelou hábitos administrativos dignos de republiquetas do Terceiro Mundo e desleixos técnicos comparáveis aos de linhas aéreas especializadas em descontos.Quando Daniel Goldin foi escolhido em 1992 para administrar a Nasa, a sua era uma missão impossível. Aos 51 anos, ele nunca havia trabalhado para o governo antes.Chegou com um discurso radical de adotar métodos e práticas de empresa a qualquer custo. Demitiu em massa, cortou despesas.Deve ter ganhado um bom número de inimigos. Mas Goldin tem o faro certo para agradar a políticos e jornalistas. Goza de uma mídia invejável. Tem acertado muito e amplificado seus sucessos.Sob sua gestão, a Nasa se concentrou em projetos pequenos, baratos e seguros que dêem certo.Mas anda precisando de um grande golpe que a recoloque no panteão dos heróis dos norte-americanos. Nada melhor para isso do que usar outro desses heróis. E Glenn estava mais que disponível.(CELS);