Novo orçamento da Nasa derruba Hubble
Agência terá US$ 16,5 bilhões em 2006, mas desiste de propostas para salvar o telescópio com robôs ou astronautas
Novo orçamento da Nasa derruba Hubble
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Casa Branca apresentou ontem sua proposta de orçamento para a Nasa em 2006. Embora a agência espacial americana seja uma das poucas instituições federais a receber um aumento, a proposta alvejou duas missões caras aos cientistas: o resgate do Telescópio Espacial Hubble e o cancelamento de uma missão não-tripulada às luas de Júpiter.
Com cerca de US$ 16,5 bilhões, o orçamento proposto é 2,4% maior que o de 2005. Apesar disso, é menos do que o originalmente projetado pelo presidente George W. Bush ao apresentar sua nova proposta para o programa espacial , em janeiro de 2004.
Bush deu à Nasa a missão de concluir a construção da ISS ( Estação Espacial Internacional); e aposentar os ônibus espaciais por volta de 2010, para iniciar um plano de envio de tripulações à Lua até no máximo 2020. Depois disso, mas sem uma data-alvo estabelecida, os EUA deveriam mirar o envio de astronautas a Marte.
Para cumprir as audaciosas metas, o governo Bush previa acréscimos sucessivos de 5% no orçamento da Nasa nos próximos três anos. De 2004 para 2005, aconteceu. Para 2006, faltaram 2,6%. Fim de jogo
A primeira vítima do chamado "plano Bush" para a Nasa foi o Telescópio Espacial Hubble. Projetado para ser periodicamente visitado por astronautas para a condução de atualização e reparos, o observatório deve parar de operar em 2007 ou 2008, quando sua bateria acabará e seus giroscópios (dispositivos usados para "apontá-lo"); não mais funcionarão. Sem uma visita do ônibus espacial , o Hubble estaria condenado.
Motivado pela diretriz dada por Bush de aposentar o ônibus espacial o mais rápido possível (por conta do acidente que matou sete astronautas no Columbia, em fevereiro de 2003);, Sean O'Keefe, administrador da Nasa, determinou que não haveria mais missões de reparos para o observatório. Ele apontou razões de segurança para a decisão (a tripulação do ônibus não teria onde se abrigar no espaço em caso de acidente, diferentemente do que ocorre quando a nave vai até a ISS);. Pressões do Congresso e da comunidade científica fizeram a Nasa então considerar o desenvolvimento de uma missão robótica _sem astronautas_ que pudesse salvar o telescópio. A agência iniciou estudos a esse respeito, mas logo ficou claro que nenhum robô que pudesse ser desenvolvido até 2007 seria capaz de cumprir as tarefas que os astronautas originalmente conduziam. O custo estimado do projeto atingiu a casa dos US$ 2 bilhões.
Os cientistas, liderados pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, voltaram a pressionar pela condução da missão original, com astronautas. Agora, com o orçamento de 2006 em mãos, o governo Bush deixou claro que eles não terão nem uma coisa, nem outra. Nos planos da Nasa, há apenas US$ 75 milhões para o desenvolvimento de uma nave capaz de tirar o Hubble de órbita em segurança, e outros US$ 20 milhões para estudos destinados a prolongar a vida do observatório _sem lançar um robô ou um ônibus espacial para obter isso.
"O maior item em falta é a missão de serviço do Hubble", avalia Anthony Spear, ex-gerente do JPL, o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. "Haverá uma bela briga no Congresso para tentar reinstituir essa missão."
Outro tópico que chamou a atenção foi o cancelamento do projeto Jimo (Orbitadora das Luas Geladas de Júpiter, na sigla em inglês);. A sonda, que seria lançada por volta de 2015, iria orbitar as luas Ganimedes, Calixto e Europa para demonstrar um novo sistema de propulsão nuclear.
Embora a Nasa tenha no orçamento cerca de US$ 320 milhões para continuar estudando propulsão nuclear (elemento essencial no "plano Bush");, a missão a Júpiter foi eliminada. "A Nasa está procurando formas mais baratas e alternativas de demonstrar propulsão nuclear espacial , o que, na minha opinião, é uma coisa razoável", diz Spear. "No geral, é um orçamento bem saudável." Mas isso não quer dizer que as luas de Júpiter, cativantes para os cientistas por possuírem oceanos de água líquida sob sua superfície congelada, devam ser esquecidas. "Com essa decisão, algum outro tipo de missão às luas de Júpiter deverá ser elaborado no final", diz Spear, que trabalhou com a companhia Northrop Grumman em propostas para o Jimo.
Novo orçamento da Nasa derruba Hubble
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Casa Branca apresentou ontem sua proposta de orçamento para a Nasa em 2006. Embora a agência espacial americana seja uma das poucas instituições federais a receber um aumento, a proposta alvejou duas missões caras aos cientistas: o resgate do Telescópio Espacial Hubble e o cancelamento de uma missão não-tripulada às luas de Júpiter.
Com cerca de US$ 16,5 bilhões, o orçamento proposto é 2,4% maior que o de 2005. Apesar disso, é menos do que o originalmente projetado pelo presidente George W. Bush ao apresentar sua nova proposta para o programa espacial , em janeiro de 2004.
Bush deu à Nasa a missão de concluir a construção da ISS ( Estação Espacial Internacional); e aposentar os ônibus espaciais por volta de 2010, para iniciar um plano de envio de tripulações à Lua até no máximo 2020. Depois disso, mas sem uma data-alvo estabelecida, os EUA deveriam mirar o envio de astronautas a Marte.
Para cumprir as audaciosas metas, o governo Bush previa acréscimos sucessivos de 5% no orçamento da Nasa nos próximos três anos. De 2004 para 2005, aconteceu. Para 2006, faltaram 2,6%. Fim de jogo
A primeira vítima do chamado "plano Bush" para a Nasa foi o Telescópio Espacial Hubble. Projetado para ser periodicamente visitado por astronautas para a condução de atualização e reparos, o observatório deve parar de operar em 2007 ou 2008, quando sua bateria acabará e seus giroscópios (dispositivos usados para "apontá-lo"); não mais funcionarão. Sem uma visita do ônibus espacial , o Hubble estaria condenado.
Motivado pela diretriz dada por Bush de aposentar o ônibus espacial o mais rápido possível (por conta do acidente que matou sete astronautas no Columbia, em fevereiro de 2003);, Sean O'Keefe, administrador da Nasa, determinou que não haveria mais missões de reparos para o observatório. Ele apontou razões de segurança para a decisão (a tripulação do ônibus não teria onde se abrigar no espaço em caso de acidente, diferentemente do que ocorre quando a nave vai até a ISS);. Pressões do Congresso e da comunidade científica fizeram a Nasa então considerar o desenvolvimento de uma missão robótica _sem astronautas_ que pudesse salvar o telescópio. A agência iniciou estudos a esse respeito, mas logo ficou claro que nenhum robô que pudesse ser desenvolvido até 2007 seria capaz de cumprir as tarefas que os astronautas originalmente conduziam. O custo estimado do projeto atingiu a casa dos US$ 2 bilhões.
Os cientistas, liderados pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, voltaram a pressionar pela condução da missão original, com astronautas. Agora, com o orçamento de 2006 em mãos, o governo Bush deixou claro que eles não terão nem uma coisa, nem outra. Nos planos da Nasa, há apenas US$ 75 milhões para o desenvolvimento de uma nave capaz de tirar o Hubble de órbita em segurança, e outros US$ 20 milhões para estudos destinados a prolongar a vida do observatório _sem lançar um robô ou um ônibus espacial para obter isso.
"O maior item em falta é a missão de serviço do Hubble", avalia Anthony Spear, ex-gerente do JPL, o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. "Haverá uma bela briga no Congresso para tentar reinstituir essa missão."
Outro tópico que chamou a atenção foi o cancelamento do projeto Jimo (Orbitadora das Luas Geladas de Júpiter, na sigla em inglês);. A sonda, que seria lançada por volta de 2015, iria orbitar as luas Ganimedes, Calixto e Europa para demonstrar um novo sistema de propulsão nuclear.
Embora a Nasa tenha no orçamento cerca de US$ 320 milhões para continuar estudando propulsão nuclear (elemento essencial no "plano Bush");, a missão a Júpiter foi eliminada. "A Nasa está procurando formas mais baratas e alternativas de demonstrar propulsão nuclear espacial , o que, na minha opinião, é uma coisa razoável", diz Spear. "No geral, é um orçamento bem saudável." Mas isso não quer dizer que as luas de Júpiter, cativantes para os cientistas por possuírem oceanos de água líquida sob sua superfície congelada, devam ser esquecidas. "Com essa decisão, algum outro tipo de missão às luas de Júpiter deverá ser elaborado no final", diz Spear, que trabalhou com a companhia Northrop Grumman em propostas para o Jimo.

