Astronauta do Brasil pode voar com russos

Orçamento de missão de Marcos Cesar Pontes à Estação Espacial Internacional já foi pedido pelo país a agência russa Astronauta do Brasil pode voar com russos
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL

A AEB (Agência Espacial Brasileira); está em negociações para que o astronauta Marcos Cesar Pontes parta rumo à ISS ( Estação Espacial Internacional); a bordo de uma espaçonave russa. "Estivemos conversando com eles a respeito, durante a visita do presidente Vladimir Putin ao Brasil, e eles ficaram de nos apresentar uma estimativa do custo dessa missão", disse à Folha Sérgio Gaudenzi, presidente da AEB. Treinando desde 1998 no Centro Espacial Johnson, em Houston (EUA);, Pontes originalmente estava escalado para ir à estação num dos ônibus espaciais da Nasa, a agência espacial americana. Mas problemas no Brasil e nos EUA estavam tornando sua decolagem cada vez menos provável.
Primeiro, o Brasil diminuiu consideravelmente seu comprometimento com o projeto da estação , de um valor que era de US$ 120 milhões no momento do acordo, em 1997, para apenas R$ 86 milhões, previstos no atual Plano Plurianual do governo. Em contrapartida, a Nasa reduziu o tempo de uso da ISS destino ao país e cortou os vôos previstos do astronauta brasileiro de dois para um _na melhor das hipóteses. Para piorar a situação, os americanos tiveram os próprios problemas. Após o acidente com o ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003, as missões tripuladas dos EUA foram interrompidas (só deverão ser retomadas em maio ou junho do ano que vem);. Além disso, a nova visão espacial delineada pelo presidente George W. Bush para a Nasa determina que os ônibus espaciais sejam aposentados até 2010, para dar caminho a uma nova iniciativa de retorno tripulado à Lua. Isso fez com que houvesse poucas vagas nos vôos remanescentes para tantos astronautas. "A fila com os americanos é realmente maior", diz Gaudenzi. "Então estamos estudando a possibilidade de, em vez de esperar a fila dos americanos, acertarmos um vôo com os russos, em que a fila é menor."
Não seria uma iniciativa sem precedentes. O astronauta italiano Roberto Vittori, que recebeu treinamento na Nasa e é colega de classe de Pontes, já realizou um vôo até a ISS numa nave russa Soyuz, bancado pelo governo de seu país, e deve fazer outro em abril de 2005, enquanto espera a chance de voar no ônibus espacial . O presidente da AEB diz que a decolagem de Pontes não é a prioridade máxima do programa espacial brasileiro. "Mas é uma iniciativa importante.
A imagem do astronauta é muito positiva na divulgação do programa, na popularização do programa", diz. Para conduzir essa missão, Pontes teria de passar um semestre na Cidade das Estrelas, nos arredores de Moscou, Rússia, fazendo o treinamento para tripular a Soyuz. Além disso, teria de aprender rudimentos de russo. "Já conversamos isso com ele; ele está disposto a fazer", diz Gaudenzi. Há tempos o astronauta brasileiro se declara favorável a uma proposta como essa.
"Claro que eu quero ir. A gente trabalha tanto para voar que eu agarraria a primeira chance que viesse", afirma. Isso apesar do desconforto da Soyuz, uma nave apertada com capacidade para apenas três tripulantes, o que contrasta com o luxuoso ônibus espacial da Nasa, que já chegou a levar oito passageiros de uma vez só. Gaudenzi diz que a agência agora espera a estimativa de custo dos russos para prosseguir com as negociações. O primeiro vôo de Vittori custou aos cofres italianos cerca de US$ 15 milhões.