Brasil quer 2 sucessores do VLS até 2014
Revisão do programa espacial prevê desenvolvimento de novos foguetes com base no lançador de satélites nacional Brasil quer 2 sucessores do VLS até 2014
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil deverá projetar e construir dois foguetes sucessores do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites); até 2014. A meta consta do plano de revisão do programa espacial aprovado pelo Conselho Superior da AEB (Agência Espacial Brasileira); na quarta-feira. De acordo com o documento, o país deve concluir o desenvolvimento do VLS-1, que tem capacidade para lançar satélites de até 350 kg em órbitas baixas (até 700 km de altitude);, e imediatamente partir para o desenvolvimento de uma versão atualizada do foguete, denominada VLS-1B. Ele seria capaz de lançar até 800 kg em órbitas baixas e provavelmente terá propulsão líquida, tecnologia que o Brasil ainda não possui.
Num terceiro estágio, o programa espacial brasileiro buscaria o desenvolvimento de um lançador com capacidade de até 800 kg numa órbita geoestacionária. Localizada sobre a linha do Equador, a cerca de 36 mil quilômetros de distância, essa órbita é especialmente útil para satélites de comunicação, porque o satélite fica o tempo todo sobrevoando o mesmo ponto da Terra (daí o nome);. Além de desenvolver seus lançadores próprios, o novo PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais);, que aponta as ambições do Brasil no setor para o decênio 2005-2014, recomenda a promoção da comercialização do acesso ao espaço por meio de acordos internacionais. Esses acordos envolveriam o desenvolvimento conjunto do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, para o lançamento comercial de satélites de outros países. Já há acertos com a Ucrânia (com o uso do foguete Cyclone-4); e com a Rússia (num estágio ainda preliminar); para a realização dessas parcerias.
Essas são as recomendações-chave na área de acesso ao espaço, mas o PNAE compreende ainda ações de missões espaciais, infra-estrutura, pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos e participação da indústria nacional. No campo de missões de observação da Terra, o documento enfatiza a continuidade do projeto Cbers (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres);, parceria com a China que já produziu dois satélites lançados (Cbers-1 e 2); e deve ainda gerar outros três (Cbers-2B, 3 e 4);. Comunicações Outro destaque vai para o setor de telecomunicações, com desenvolvimento, lançamento e operação de um satélite geoestacionário, projeto com finalidade tanto civil quanto militar. No setor de satélites científicos, o novo PNAE deve incluir os projetos Equars e Mirax (um satélite de monitoramento terrestre e um observatório astronômico de raios X);, já em desenvolvimento no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais);, além do desenvolvimento de plataformas orbitais recuperáveis (como o projeto Sara, que já está em andamento no IAE, Instituto de Aeronáutica e Espaço da Força Aérea Brasileira);.
Além disso, enfatiza o desenvolvimento de projetos de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico para aplicação na ISS ( Estação Espacial Internacional);. Revisão ou validação? A comunidade espacial brasileira não está tão satisfeita com os métodos usados no estabelecimento das novas metas do programa. "Não houve uma revisão do PNAE. Houve uma validação de vontades e projetos que já estavam colocados", diz Otávio Durão, engenheiro do Inpe e membro da Associação Aeroespacial Brasileira convidado a comentar o processo de revisão para a AEB. A associação produziu um relatório em que faz diversas críticas ao resultado obtido pelo grupo que conduziu a revisão do PNAE. "Essas considerações já foram levadas em conta na redação do documento aprovado pelo Conselho Superior", diz Sérgio Gaudenzi, presidente da AEB. Durão discorda. "Agora, a pergunta fundamental. O geoestacionário custa US$ 600 milhões em cinco anos. Os Cbers, outros US$ 200 milhões só para o Brasil. Só isso dá cerca de US$ 160 milhões por ano, cinco vezes mais do que a AEB considera o máximo que ela pode pretender para o orçamento espacial ", critica o engenheiro. "
E mais: Alcântara, outros satélites, VLS, lançador para geoestacionário, parece até piada!" Segundo Gaudenzi, a revisão ainda não contemplou valores para os projetos. "A avaliação dos custos será feita no próximo mês", afirmou.
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil deverá projetar e construir dois foguetes sucessores do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites); até 2014. A meta consta do plano de revisão do programa espacial aprovado pelo Conselho Superior da AEB (Agência Espacial Brasileira); na quarta-feira. De acordo com o documento, o país deve concluir o desenvolvimento do VLS-1, que tem capacidade para lançar satélites de até 350 kg em órbitas baixas (até 700 km de altitude);, e imediatamente partir para o desenvolvimento de uma versão atualizada do foguete, denominada VLS-1B. Ele seria capaz de lançar até 800 kg em órbitas baixas e provavelmente terá propulsão líquida, tecnologia que o Brasil ainda não possui.
Num terceiro estágio, o programa espacial brasileiro buscaria o desenvolvimento de um lançador com capacidade de até 800 kg numa órbita geoestacionária. Localizada sobre a linha do Equador, a cerca de 36 mil quilômetros de distância, essa órbita é especialmente útil para satélites de comunicação, porque o satélite fica o tempo todo sobrevoando o mesmo ponto da Terra (daí o nome);. Além de desenvolver seus lançadores próprios, o novo PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais);, que aponta as ambições do Brasil no setor para o decênio 2005-2014, recomenda a promoção da comercialização do acesso ao espaço por meio de acordos internacionais. Esses acordos envolveriam o desenvolvimento conjunto do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, para o lançamento comercial de satélites de outros países. Já há acertos com a Ucrânia (com o uso do foguete Cyclone-4); e com a Rússia (num estágio ainda preliminar); para a realização dessas parcerias.
Essas são as recomendações-chave na área de acesso ao espaço, mas o PNAE compreende ainda ações de missões espaciais, infra-estrutura, pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos e participação da indústria nacional. No campo de missões de observação da Terra, o documento enfatiza a continuidade do projeto Cbers (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres);, parceria com a China que já produziu dois satélites lançados (Cbers-1 e 2); e deve ainda gerar outros três (Cbers-2B, 3 e 4);. Comunicações Outro destaque vai para o setor de telecomunicações, com desenvolvimento, lançamento e operação de um satélite geoestacionário, projeto com finalidade tanto civil quanto militar. No setor de satélites científicos, o novo PNAE deve incluir os projetos Equars e Mirax (um satélite de monitoramento terrestre e um observatório astronômico de raios X);, já em desenvolvimento no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais);, além do desenvolvimento de plataformas orbitais recuperáveis (como o projeto Sara, que já está em andamento no IAE, Instituto de Aeronáutica e Espaço da Força Aérea Brasileira);.
Além disso, enfatiza o desenvolvimento de projetos de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico para aplicação na ISS ( Estação Espacial Internacional);. Revisão ou validação? A comunidade espacial brasileira não está tão satisfeita com os métodos usados no estabelecimento das novas metas do programa. "Não houve uma revisão do PNAE. Houve uma validação de vontades e projetos que já estavam colocados", diz Otávio Durão, engenheiro do Inpe e membro da Associação Aeroespacial Brasileira convidado a comentar o processo de revisão para a AEB. A associação produziu um relatório em que faz diversas críticas ao resultado obtido pelo grupo que conduziu a revisão do PNAE. "Essas considerações já foram levadas em conta na redação do documento aprovado pelo Conselho Superior", diz Sérgio Gaudenzi, presidente da AEB. Durão discorda. "Agora, a pergunta fundamental. O geoestacionário custa US$ 600 milhões em cinco anos. Os Cbers, outros US$ 200 milhões só para o Brasil. Só isso dá cerca de US$ 160 milhões por ano, cinco vezes mais do que a AEB considera o máximo que ela pode pretender para o orçamento espacial ", critica o engenheiro. "
E mais: Alcântara, outros satélites, VLS, lançador para geoestacionário, parece até piada!" Segundo Gaudenzi, a revisão ainda não contemplou valores para os projetos. "A avaliação dos custos será feita no próximo mês", afirmou.

