ELEFANTE SIDERAL

ELEFANTE SIDERAL
A desintegração do Columbia e a consequente suspensão de todos os vôos de ônibus espaciais dos EUA criam sérias dificuldades para a Estação Espacial Internacional (ISS);, que passa a depender exclusivamente de foguetes do precário programa espacial russo para receber equipamentos e suprimentos. É um bom momento, portanto, para discutir a oportunidade de manter esse projeto, que envolve a participação de 16 nações e deverá custar, após sucessivos estouros orçamentários, pouco mais de US$ 90 bilhões. Para a Nasa, que lidera a construção da ISS, a iniciativa inaugura uma nova era na exploração espacial. Além de permitir longas permanências em ambiente de microgravidade, ela deverá produzir importantes avanços científicos e proporcionar conquistas no campo da engenharia.
Para seus críticos, a ISS é um elefante branco. Os russos já mantiveram, com a Mir, um programa de longa permanência no espaço. O que de mais notável descobriram é que passar muito tempo em ambiente de microgravidade fez mal à saúde. Os experimentos feitos a bordo da ISS são interessantes, mas nada tão promissor como a cura do câncer, que a Nasa insinua em seus "press releases". O destaque é a pesquisa com cristalização de proteínas, que é favorecida pela microgravidade. É evidente que as tecnologias desenvolvidas para mandar o homem ao espaço e lá mantê-lo acabam encontrando aplicação prática na indústria terráquea. É discutível se o mesmo ganho não seria obtido com missões não tripuladas.
Uma avaliação realista de vícios e virtudes da ISS fica entre essas duas visões extremas. É bonito o sonho de que o homem está desbravando o espaço sideral e já detém base permanente, mas é preciso "manter um pé no chão" e guardar algum realismo. A insistência em sustentar programas mesmo diante de cortes de verbas, com impactos negativos sobre a segurança, está entre as causas remotas do desastre com o Columbia.