Desastre deve adiar novos vôos, diz Pontes
Astronauta do país na Nasa foi chamado paraa trabalhar com equipes de apoio; crise pode afetar estação espacial Desastre deve adiar novos vôos, diz Pontes
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
Marcos César Pontes ficou sabendo como todo mundo: "Eu liguei a televisão e então vi aquela figura do veículo se desintegrando". Mas, depois disso, o dia do astronauta brasileiro em treinamento na Nasa foi bem diferente. Como seus colegas, ele foi chamado ao Centro Espacial Johnson, em Houston, para integrar as equipes de trabalho convocadas em razão da perda do Columbia. "Todos os astronautas estão indo para lá, para formar os grupos que vão ajudar nos trabalhos de investigação. A quantidade de dados que um ônibus espacial envia por telemetria é enorme. Vamos começar a mexer nisso e tentar descobrir o que ocorreu." Ninguém na Nasa espera encontrar pedaços significativos da fuselagem da nave, que deve ter sido despedaçada pelo violento contato com a atmosfera terrestre - e a chance de sobreviventes também já estava descartada. "O ônibus espacial tem um sistema para que astronautas saltem de pára-quedas, mas o veículo precisa estar voando a Mach 1 a velocidade do som", conta Pontes. No momento em que a nave perdeu contato com o controle da missão, a nave viajava a Mach 18. "Não existe nenhuma chance de a a tripulação ter sobrevivido."
Mais do que uma catástrofe, a destruição do Columbia pode significar uma paralisação do programa de vôos dos ônibus espaciais, atrasando significativamente projetos ligados às missões tripuladas, como a montagem da ISS (Estação Espacial Internacional);. "Que vai haver atraso, é quase certo. Só não dá para avaliar o impacto disso ainda." Um bom termômetro pode ser o episódio Challenger. Após a explosão desse ônibus espacial, em 1986, passaram-se dois anos e oito meses até que uma nova missão tivesse autorização para partir. A crise também oferece um dilema imediato para o programa da ISS. Há uma tripulação de três pessoas atualmente na estação, que deveriam retornar à Terra de "carona" do ônibus espacial Atlantis, em março. Essa missão será obviamente adiada. "Talvez o cronograma seja afetado, e a tripulação seja obrigada a voltar numa Soyuz russa", disse Pontes. Sem o ônibus espacial, a estação não pode continuar a ser montada.
Mas o pior é que nem mantida como está ela poderia ficar. Hoje, a Rússia não teria como manter sozinha o fluxo de suprimentos e a troca de tripulações com suas naves (não só por dificuldades técnicas, mas financeiras);. "E a ISS não pode ficar sozinha, sem tripulação", disse Pontes, fechando o quadro incômodo do projeto internacional no momento. No Centro Espacial Johnson, posto da Nasa mais próximo do local da queda dos destroços do Columbia, o clima era de tensão. "A gente está agora se concentrando em consolar as famílias, mais até do que investigar as causas do acidente", diz Pontes. "Uma das coisas que eu aprendi com a vida de piloto é que acidentes acontecem. Não há como evitar - um dia acontece. E você precisa seguir adiante."
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
Marcos César Pontes ficou sabendo como todo mundo: "Eu liguei a televisão e então vi aquela figura do veículo se desintegrando". Mas, depois disso, o dia do astronauta brasileiro em treinamento na Nasa foi bem diferente. Como seus colegas, ele foi chamado ao Centro Espacial Johnson, em Houston, para integrar as equipes de trabalho convocadas em razão da perda do Columbia. "Todos os astronautas estão indo para lá, para formar os grupos que vão ajudar nos trabalhos de investigação. A quantidade de dados que um ônibus espacial envia por telemetria é enorme. Vamos começar a mexer nisso e tentar descobrir o que ocorreu." Ninguém na Nasa espera encontrar pedaços significativos da fuselagem da nave, que deve ter sido despedaçada pelo violento contato com a atmosfera terrestre - e a chance de sobreviventes também já estava descartada. "O ônibus espacial tem um sistema para que astronautas saltem de pára-quedas, mas o veículo precisa estar voando a Mach 1 a velocidade do som", conta Pontes. No momento em que a nave perdeu contato com o controle da missão, a nave viajava a Mach 18. "Não existe nenhuma chance de a a tripulação ter sobrevivido."
Mais do que uma catástrofe, a destruição do Columbia pode significar uma paralisação do programa de vôos dos ônibus espaciais, atrasando significativamente projetos ligados às missões tripuladas, como a montagem da ISS (Estação Espacial Internacional);. "Que vai haver atraso, é quase certo. Só não dá para avaliar o impacto disso ainda." Um bom termômetro pode ser o episódio Challenger. Após a explosão desse ônibus espacial, em 1986, passaram-se dois anos e oito meses até que uma nova missão tivesse autorização para partir. A crise também oferece um dilema imediato para o programa da ISS. Há uma tripulação de três pessoas atualmente na estação, que deveriam retornar à Terra de "carona" do ônibus espacial Atlantis, em março. Essa missão será obviamente adiada. "Talvez o cronograma seja afetado, e a tripulação seja obrigada a voltar numa Soyuz russa", disse Pontes. Sem o ônibus espacial, a estação não pode continuar a ser montada.
Mas o pior é que nem mantida como está ela poderia ficar. Hoje, a Rússia não teria como manter sozinha o fluxo de suprimentos e a troca de tripulações com suas naves (não só por dificuldades técnicas, mas financeiras);. "E a ISS não pode ficar sozinha, sem tripulação", disse Pontes, fechando o quadro incômodo do projeto internacional no momento. No Centro Espacial Johnson, posto da Nasa mais próximo do local da queda dos destroços do Columbia, o clima era de tensão. "A gente está agora se concentrando em consolar as famílias, mais até do que investigar as causas do acidente", diz Pontes. "Uma das coisas que eu aprendi com a vida de piloto é que acidentes acontecem. Não há como evitar - um dia acontece. E você precisa seguir adiante."

