Nova era de descobertas
Nova era de descobertas
Alcântara não é simplesmente sobre alcançar o espaço. É sobre ir ao espaço para abraçar a Terra
ANTHONY S. HARRINGTON
Ontem fui ao Palácio do Itamaraty para encontrar-me com o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, na assinatura de um acordo que abre portas para a participação dos EUA no lançamento de satélites do Centro de Lançamento de Alcântara.
Esse acordo tornou-se possível devido ao relacionamento maduro e cooperativo entre o Brasil e os Estados Unidos. Nós somos parceiros. E nossa interação se caracteriza pelo respeito mútuo, pela confiança e pelas metas compartilhadas.
Foi nesse espírito que nossos negociadores puderam resolver complexas questões jurídicas e técnicas que possibilitaram esse acordo de salvaguardas. Como resultado, companhias americanas poderão usar a base de Alcântara para lançamentos espaciais comerciais.
Depois de conversar com várias empresas dos Estados Unidos na semana passada, sei que há forte interesse em utilizar essa importante instalação de Alcântara. A indústria de satélites considera a localização do centro de lançamentos um fator importante, tanto pela proximidade do Equador como pela infra-estrutura e pela acessibilidade aérea e marítima.
O acordo que assinamos ontem abre as portas para o uso comercial de Alcântara. Ao mesmo tempo, o Brasil e os Estados Unidos vão se pautar pelos importantes princípios da não-proliferação de armamentos que ambos apóiam como membros do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis.
O notável desempenho do Brasil para controlar a proliferação de tecnologias sensíveis e armas de destruição em massa serve como modelo para o mundo. Durante visita à Índia e ao Paquistão, mês passado, o presidente Clinton mais uma vez elogiou a decisão brasileira de dar as costas para os enormes riscos e custos das armas nucleares.
Foi nesta mesma semana, 500 anos atrás, que Pedro Álvares Cabral atracou na costa atlântica brasileira e mudou o curso da história nas Américas. Essa época de descobertas possibilitou uma era de encontros. Aqueles dias de descobrimento foram tempos vibrantes. Assim também é o nosso tempo.
Hoje, ao mesmo tempo em que refletimos sobre Alcântara, mais de 2.000 satélites estão em órbita sobre nosso planeta, unindo as pessoas do mundo como nunca antes. Alcântara não é simplesmente sobre alcançar o espaço. É sobre ir ao espaço para abraçar a Terra. Satélites de telecomunicações, de análise do tempo e de pesquisa são lançados para nos ajudar a descobrir quem somos e como podemos melhorar nossas vidas. Indo para o espaço, nós abrimos as portas para a comunicação entre vizinhos, entre nações, entre pessoas.
Estou orgulhoso do fato de o Brasil e os Estados Unidos serem parceiros nessa nova era. Além das parcerias comerciais que serão propiciadas futuramente em Alcântara, americanos e brasileiros já estão trabalhando juntos em diversos projetos espaciais, científicos e tecnológicos.
Nossos cientistas estão trabalhando juntos há anos para compreender os padrões do tempo e prever as secas. Durante o projeto Guará, em 1995, cientistas da Nasa e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); lançaram sondas de Alcântara para estudar a atmosfera superior. Eles vasculharam os céus para resolver os problemas que enfrentamos aqui na Terra.
Hoje a Nasa e cientistas das melhores universidades americanas estão trabalhando com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Inpe e várias instituições brasileiras no Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia, conhecido como LBA. Esse projeto internacional , sob a liderança brasileira, está preenchendo os vazios na compreensão humana sobre as dinâmicas ecológicas da região amazônica e seu impacto no clima terrestre.
A parceria Brasil-Estados Unidos na Estação Espacial Internacional é também emblemática da colaboração entre nossos países. Estamos na expectativa do primeiro vôo de um astronauta brasileiro, o major Marcos Pontes, da Força Aérea Brasileira.
Esses são apenas uns poucos exemplos. A cooperação nas áreas da ciência e da tecnologia vai do espaço à saúde, do controle da poluição à pesquisa agrícola. Trabalhando conjuntamente, o Brasil e os EUA estão engajados em projetos que tornarão nossas vidas melhores, aqui e ao redor do mundo.
Os Estados Unidos valorizam o Brasil como um aliado em ciência, da mesma forma como valorizamos o Brasil como um aliado para o desenvolvimento econômico e o fortalecimento das instituições democráticas das Américas.
A liderança brasileira em questões de não-proliferação e controle de armamentos está servindo como modelo para o mundo. Nosso trabalho conjunto em algumas dessas áreas tão difíceis tem contribuído para a harmonia e os interesses comuns que cada vez mais definem o relacionamento entre nossas nações.
Anthony Stephen Harrington, 59, é embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Foi presidente do Conselho Presidencial de Supervisão de Inteligência e vice-presidente do Conselho Consultivo de Supervisão de Inteligência Estrangeira dos EUA.
Alcântara não é simplesmente sobre alcançar o espaço. É sobre ir ao espaço para abraçar a Terra
ANTHONY S. HARRINGTON
Ontem fui ao Palácio do Itamaraty para encontrar-me com o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, na assinatura de um acordo que abre portas para a participação dos EUA no lançamento de satélites do Centro de Lançamento de Alcântara.
Esse acordo tornou-se possível devido ao relacionamento maduro e cooperativo entre o Brasil e os Estados Unidos. Nós somos parceiros. E nossa interação se caracteriza pelo respeito mútuo, pela confiança e pelas metas compartilhadas.
Foi nesse espírito que nossos negociadores puderam resolver complexas questões jurídicas e técnicas que possibilitaram esse acordo de salvaguardas. Como resultado, companhias americanas poderão usar a base de Alcântara para lançamentos espaciais comerciais.
Depois de conversar com várias empresas dos Estados Unidos na semana passada, sei que há forte interesse em utilizar essa importante instalação de Alcântara. A indústria de satélites considera a localização do centro de lançamentos um fator importante, tanto pela proximidade do Equador como pela infra-estrutura e pela acessibilidade aérea e marítima.
O acordo que assinamos ontem abre as portas para o uso comercial de Alcântara. Ao mesmo tempo, o Brasil e os Estados Unidos vão se pautar pelos importantes princípios da não-proliferação de armamentos que ambos apóiam como membros do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis.
O notável desempenho do Brasil para controlar a proliferação de tecnologias sensíveis e armas de destruição em massa serve como modelo para o mundo. Durante visita à Índia e ao Paquistão, mês passado, o presidente Clinton mais uma vez elogiou a decisão brasileira de dar as costas para os enormes riscos e custos das armas nucleares.
Foi nesta mesma semana, 500 anos atrás, que Pedro Álvares Cabral atracou na costa atlântica brasileira e mudou o curso da história nas Américas. Essa época de descobertas possibilitou uma era de encontros. Aqueles dias de descobrimento foram tempos vibrantes. Assim também é o nosso tempo.
Hoje, ao mesmo tempo em que refletimos sobre Alcântara, mais de 2.000 satélites estão em órbita sobre nosso planeta, unindo as pessoas do mundo como nunca antes. Alcântara não é simplesmente sobre alcançar o espaço. É sobre ir ao espaço para abraçar a Terra. Satélites de telecomunicações, de análise do tempo e de pesquisa são lançados para nos ajudar a descobrir quem somos e como podemos melhorar nossas vidas. Indo para o espaço, nós abrimos as portas para a comunicação entre vizinhos, entre nações, entre pessoas.
Estou orgulhoso do fato de o Brasil e os Estados Unidos serem parceiros nessa nova era. Além das parcerias comerciais que serão propiciadas futuramente em Alcântara, americanos e brasileiros já estão trabalhando juntos em diversos projetos espaciais, científicos e tecnológicos.
Nossos cientistas estão trabalhando juntos há anos para compreender os padrões do tempo e prever as secas. Durante o projeto Guará, em 1995, cientistas da Nasa e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); lançaram sondas de Alcântara para estudar a atmosfera superior. Eles vasculharam os céus para resolver os problemas que enfrentamos aqui na Terra.
Hoje a Nasa e cientistas das melhores universidades americanas estão trabalhando com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Inpe e várias instituições brasileiras no Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia, conhecido como LBA. Esse projeto internacional , sob a liderança brasileira, está preenchendo os vazios na compreensão humana sobre as dinâmicas ecológicas da região amazônica e seu impacto no clima terrestre.
A parceria Brasil-Estados Unidos na Estação Espacial Internacional é também emblemática da colaboração entre nossos países. Estamos na expectativa do primeiro vôo de um astronauta brasileiro, o major Marcos Pontes, da Força Aérea Brasileira.
Esses são apenas uns poucos exemplos. A cooperação nas áreas da ciência e da tecnologia vai do espaço à saúde, do controle da poluição à pesquisa agrícola. Trabalhando conjuntamente, o Brasil e os EUA estão engajados em projetos que tornarão nossas vidas melhores, aqui e ao redor do mundo.
Os Estados Unidos valorizam o Brasil como um aliado em ciência, da mesma forma como valorizamos o Brasil como um aliado para o desenvolvimento econômico e o fortalecimento das instituições democráticas das Américas.
A liderança brasileira em questões de não-proliferação e controle de armamentos está servindo como modelo para o mundo. Nosso trabalho conjunto em algumas dessas áreas tão difíceis tem contribuído para a harmonia e os interesses comuns que cada vez mais definem o relacionamento entre nossas nações.
Anthony Stephen Harrington, 59, é embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Foi presidente do Conselho Presidencial de Supervisão de Inteligência e vice-presidente do Conselho Consultivo de Supervisão de Inteligência Estrangeira dos EUA.

