Cientista critica programa espacial
Participação do Brasil no programa da Estação Espacial Internacional é tema de debate no RS
Cientista critica programa espacial
RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a Porto Alegre
O presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira);, Luiz Gylvan Meira Filho, defendeu ontem, em palestra na reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência); a participação do país no projeto da Estação Espacial Internacional (ISS);.A palestra ocorreu em meio a questionamentos sobre esse investimento, feitos principalmente pelo físico Roberto Salmeron, um dos mais importantes brasileiros trabalhando no exterior.Salmeron, há 31 anos na França e hoje professor da Escola Politécnica, em Paris, argumentou que, mesmo na comunidade científica francesa, há grande oposição à participação na estação, um projeto liderado pelos EUA e que envolve 16 países, como Japão, Canadá, Rússia e vários da Europa.A estação deverá custar cerca de US$ 50 bilhões, o mais caro projeto científico-tecnológico da história. O Brasil entra com 120 milhões e a fabricação de seis partes, como uma janela de observação e um contêiner logístico.O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); centraliza a participação brasileira, que também deverá contar com a participação da indústria. Nos EUA, a estação está sendo projetada principalmente pela Boeing, responsável pela integração das partes feitas nos vários países.Projetada para 2002, a ISS deverá ser um grande laboratório em órbita, a 355 km de altitude, para observações astronômicas, da Terra e estudos em ambiente de microgravidade, que permitem um melhor crescimento de cristais. Sua massa será de 470 toneladas, e ela terá uma tripulação permanente de seis pessoas."É uma iniciativa mais para o prestígio. Será que tem cabimento gastar tanto?", disse Salmeron, para quem a estação deverá roubar verbas de outros projetos.Meira Filho respondeu que a área espacial não deve ser vista como um competidor por recursos, mas sim como um "agente de promoção'" do desenvolvimento científico-tecnológico.O presidente da AEB define a estação como um "condomínio" em órbita, em que os países contribuem e têm direitos equivalentes no seu uso. Nesse sentido, diz ele, o percentual de tempo usado pelo país para pesquisas em órbita poderá ser proporcionalmente maior que o gasto financeiro."Não conheço nenhum projeto que ficou mais barato que o previsto", disse Salmeron."Os benefícios são indiretos, o preço está em conta", declarou Nelson Schuch, pesquisador do Inpe em Santa Maria (RS);. "É uma maneira de nossos técnicos e institutos terem acesso a esse tipo de desenvolvimento", diz ele.Meira Filho também argumentou que, por sua grande extensão, o Brasil é um usuário natural de sistemas espaciais. Para ele, o país não deve competir diretamente em certas áreas _como os vôos tripulados_, mas pode encontrar certos "nichos", como os pequenos satélites e foguetes hoje já fabricados por aqui.
Cientista critica programa espacial
RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a Porto Alegre
O presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira);, Luiz Gylvan Meira Filho, defendeu ontem, em palestra na reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência); a participação do país no projeto da Estação Espacial Internacional (ISS);.A palestra ocorreu em meio a questionamentos sobre esse investimento, feitos principalmente pelo físico Roberto Salmeron, um dos mais importantes brasileiros trabalhando no exterior.Salmeron, há 31 anos na França e hoje professor da Escola Politécnica, em Paris, argumentou que, mesmo na comunidade científica francesa, há grande oposição à participação na estação, um projeto liderado pelos EUA e que envolve 16 países, como Japão, Canadá, Rússia e vários da Europa.A estação deverá custar cerca de US$ 50 bilhões, o mais caro projeto científico-tecnológico da história. O Brasil entra com 120 milhões e a fabricação de seis partes, como uma janela de observação e um contêiner logístico.O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); centraliza a participação brasileira, que também deverá contar com a participação da indústria. Nos EUA, a estação está sendo projetada principalmente pela Boeing, responsável pela integração das partes feitas nos vários países.Projetada para 2002, a ISS deverá ser um grande laboratório em órbita, a 355 km de altitude, para observações astronômicas, da Terra e estudos em ambiente de microgravidade, que permitem um melhor crescimento de cristais. Sua massa será de 470 toneladas, e ela terá uma tripulação permanente de seis pessoas."É uma iniciativa mais para o prestígio. Será que tem cabimento gastar tanto?", disse Salmeron, para quem a estação deverá roubar verbas de outros projetos.Meira Filho respondeu que a área espacial não deve ser vista como um competidor por recursos, mas sim como um "agente de promoção'" do desenvolvimento científico-tecnológico.O presidente da AEB define a estação como um "condomínio" em órbita, em que os países contribuem e têm direitos equivalentes no seu uso. Nesse sentido, diz ele, o percentual de tempo usado pelo país para pesquisas em órbita poderá ser proporcionalmente maior que o gasto financeiro."Não conheço nenhum projeto que ficou mais barato que o previsto", disse Salmeron."Os benefícios são indiretos, o preço está em conta", declarou Nelson Schuch, pesquisador do Inpe em Santa Maria (RS);. "É uma maneira de nossos técnicos e institutos terem acesso a esse tipo de desenvolvimento", diz ele.Meira Filho também argumentou que, por sua grande extensão, o Brasil é um usuário natural de sistemas espaciais. Para ele, o país não deve competir diretamente em certas áreas _como os vôos tripulados_, mas pode encontrar certos "nichos", como os pequenos satélites e foguetes hoje já fabricados por aqui.

