Olhos espaciais

Olhos espaciais
Após o sucesso do telescópio orbital Hubble, a Nasa prevê lançar outros quatro até o ano 2020
RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local

Laboratórios da Nasa (agência espacial dos EUA); estão desenvolvendo quatro grandes projetos de telescópios espaciais que deverão ser lançados nas duas primeiras décadas do século 21.Esses equipamentos deverão tornar disponível para astrônomos e cosmólogos uma grande quantidade de informações novas e mais precisas para ajudar a responder várias questões sobre a origem do Universo, formação de galáxias e a possível existência de planetas semelhantes à Terra.Os novos aparelhos deverão substituir com vantagens o telescópio espacial Hubble, que ainda deverá permanecer em funcionamento por mais de uma década.Entre outras novidades, eles possuirão equipamentos para "enxergar" outras formas de radiação emitidas pelos corpos celestes, que vão além da luz visível, como a radiação gama, a ultravioleta, a infravermelha e os raios X.O Hubble tem um espelho de cerca de 1,4 m de diâmetro e está em funcionamento desde 1990. Apesar de suas limitações, ele permitiu à ciência grandes avanços.Recentemente, imagens enviadas pelo Hubble de estrelas se afastando deram aos cientistas indícios da existência de uma força antigravitacional, confirmando uma hipótese formulada pelo físico alemão Albert Einstein (1879-1955);.Suas imagens também sugeriram que as grandes galáxias se formariam por colisões de outras menores.O primeiro dos novos equipamentos deverá ser o Sirtf (sigla em inglês para Telescópio Espacial Infravermelho);, que está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia.Com lançamento previsto para 2001, o Sirtf deverá acompanhar a Terra em sua órbita ao redor do Sol, afastando-se de nosso planeta à velocidade de 16 milhões de quilômetros por ano.Seus sensores infravermelho deverão captar a radiação emitida por astros ocultos por nuvens de poeira cósmica, que o Hubble não pode detectar.Segundo os cientistas da Nasa, apesar de ter um espelho de apenas cerca de 0,82 m, o telescópio infravermelho deverá ser capaz de detectar anãs-marrons (estrelas de campo gravitacional muito intenso e que emitem pouca luz visível); e a chamada matéria escura, que os cientistas acreditam compor grande parte de toda a matéria existente no Universo.Para realizar esse tipo de observação, o Sirtf deverá estar distante da atmosfera terrestre e resfriado a - 263C. Em sua missão, com duração prevista para cinco anos, esse telescópio deverá detectar vapor d' água e compostos de carbono em nuvens de poeiras próximas a estrelas em processo de formação de planetas.Para março de 2005, a Nasa prevê o lançamento de um outro tipo de equipamento, o SIM (sigla em inglês para Missão Espacial de Interferometria);. Ele deverá ter sete espelhos de cerca de 30 cm de diâmetro que se estenderiam por cerca de 9 m, funcionando como um único espelho grande.Esse telescópio deverá medir corpos celestes com precisão cerca de mil vez maior que a do Hubble, além de detectar pequenas mudanças no movimento de estrelas.Isso possibilitará encontrar planetas com massa pouco maior que a da Terra que descrevem órbitas muito próximas às 40 estrelas mais próximas de nós.O terceiro grande telescópio projetado pela Nasa é Telescópio Espacial da Próxima Geração (NGST);, destinado a captar radiação infravermelha a partir de 2007.Outro projeto estudado pela Nasa é o do TPF (Descobridor Terrestre de Planetas);, que não deverá estar pronto antes de 2010.O TPF deverá ser composto de vários pequenos espelhos dispostos em algumas dezenas de metros. Esse equipamento seria capaz de encontrar planetas de tamanho próximo ao da Terra entre algumas centenas de estrelas mais perto de nós.Outra idéia ambiciosa da Nasa é a construção do Planet Imager (Imageador de Planetas); um conjunto de receptores de sinais dispostos em forma semelhante à de uma antena parabólica no espaço, com extensão de cerca de 5.800 quilômetros. Mas isso ainda levará algumas décadas para ser concretizado.