Motores iônicos
Motores iônicos
Turbina a ser usada em 1998 deverá revolucionar a exploração espacial
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
O futuro da conquista espacial começa em 1998. A ficção científica nunca esteve tão próxima da realidade como na mais moderna sonda espacial norte-americana, a DS-1, que deverá ser lançada no ano que vem.
A história da conquista espacial algum dia será dividida em antes e depois dessa sonda, cujo revolucionário motor já foi invejado até pelo capitão Kirk da espaçonave Enterprise, da série de TV e cinema "Jornada nas Estrelas".
Mais ainda, o computador de bordo é o mais próximo que o ser humano já inventou daquele conhecido como Hal, que infernizou a vida dos astronautas no livro e no filme "2001, Uma Odisséia no Espaço".
Os responsáveis pela sonda estiveram envolvidos nas principais conquistas da Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, dos EUA);. Trata-se do pessoal do famoso JPL (Laboratório de Propulsão a Jato, de Pasadena, Califórnia);.
Por que o motor da DS-1 é revolucionário? Porque todos os motores de todos os foguetes e satélites e sondas espaciais existentes funcionam com o mesmo princípio de um busca-pé ou de um cu-de-breu _isto é, nada que um torcedor de futebol não conheça.
A maneira bonita de descrever esses motores _seja o de um rojão, seja o do ônibus espacial americano_ é dizer que usam energia química _ou seja, são verdadeiras explosões controladas, subindo ou se movendo pelo espaço graças à queima de uma substância combustível.
O motor da DS-1 _sigla em inglês para "Deep Space 1" (Espaço Profundo 1);_ é o primeiro de uma nova geração a usar íons como elemento propulsor. Íons são átomos (ou um conjunto deles); com excesso ou com falta de carga elétrica.
Os íons são acelerados eletricamente até eventualmente chegarem a uma velocidade de 115.000 km/h.
Essa aceleração dos íons na DS-1 é obra de um motor, cujo diâmetro é de apenas 30 cm. O "combustível" é um gás inerte, o xenônio, que é ionizado graças à energia proveniente de painéis solares capazes de concentrar 2.000 watts (ou 2 quilowatts); de potência.
A DS-1 deverá ser lançada em 1º de julho de 1998. Será uma missão de dois anos que deverá coletar informações científicas com os instrumentos de praxe (câmeras, espectroscópios etc.);, mas que acima de tudo pretende testar tecnologias para serem usadas nas missões espaciais do século 21.
Apesar de a tecnologia ser o principal objetivo da sonda, a ciência vai sair ganhando, pois a DS-1 deverá passar por Marte, por um asteróide e por um cometa, catando informações pelo caminho.
A sonda vai fazer isso com um grau de independência bem maior do que costuma ser o caso hoje.
A ficção percebeu essa necessidade antes.
O computador Hal 9000 deveria ser uma espécie de cérebro e sistema nervoso da espaçonave do livro e filme "2001". A mesma função a bordo da mais discreta DS-1 vai ser cumprida por um programa de computador dotado de inteligência artificial, chamado "Agente Remoto". Sua função é a mesma do Hal: controlar a nave com um mínimo de interferência humana.
Para ser mais independente que as outras sondas, a DS-1 também vai estar equipada com um sistema de navegação óptico (isto é, a nave na prática vai "enxergar" sua posição no espaço);.
Motor a íon, computador e sistemas de guiagem futurísticos, e outras nove menos badaladas tecnologias, deverão fazer da DS-1 um marco na história da exploração espacial.
Turbina a ser usada em 1998 deverá revolucionar a exploração espacial
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
O futuro da conquista espacial começa em 1998. A ficção científica nunca esteve tão próxima da realidade como na mais moderna sonda espacial norte-americana, a DS-1, que deverá ser lançada no ano que vem.
A história da conquista espacial algum dia será dividida em antes e depois dessa sonda, cujo revolucionário motor já foi invejado até pelo capitão Kirk da espaçonave Enterprise, da série de TV e cinema "Jornada nas Estrelas".
Mais ainda, o computador de bordo é o mais próximo que o ser humano já inventou daquele conhecido como Hal, que infernizou a vida dos astronautas no livro e no filme "2001, Uma Odisséia no Espaço".
Os responsáveis pela sonda estiveram envolvidos nas principais conquistas da Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, dos EUA);. Trata-se do pessoal do famoso JPL (Laboratório de Propulsão a Jato, de Pasadena, Califórnia);.
Por que o motor da DS-1 é revolucionário? Porque todos os motores de todos os foguetes e satélites e sondas espaciais existentes funcionam com o mesmo princípio de um busca-pé ou de um cu-de-breu _isto é, nada que um torcedor de futebol não conheça.
A maneira bonita de descrever esses motores _seja o de um rojão, seja o do ônibus espacial americano_ é dizer que usam energia química _ou seja, são verdadeiras explosões controladas, subindo ou se movendo pelo espaço graças à queima de uma substância combustível.
O motor da DS-1 _sigla em inglês para "Deep Space 1" (Espaço Profundo 1);_ é o primeiro de uma nova geração a usar íons como elemento propulsor. Íons são átomos (ou um conjunto deles); com excesso ou com falta de carga elétrica.
Os íons são acelerados eletricamente até eventualmente chegarem a uma velocidade de 115.000 km/h.
Essa aceleração dos íons na DS-1 é obra de um motor, cujo diâmetro é de apenas 30 cm. O "combustível" é um gás inerte, o xenônio, que é ionizado graças à energia proveniente de painéis solares capazes de concentrar 2.000 watts (ou 2 quilowatts); de potência.
A DS-1 deverá ser lançada em 1º de julho de 1998. Será uma missão de dois anos que deverá coletar informações científicas com os instrumentos de praxe (câmeras, espectroscópios etc.);, mas que acima de tudo pretende testar tecnologias para serem usadas nas missões espaciais do século 21.
Apesar de a tecnologia ser o principal objetivo da sonda, a ciência vai sair ganhando, pois a DS-1 deverá passar por Marte, por um asteróide e por um cometa, catando informações pelo caminho.
A sonda vai fazer isso com um grau de independência bem maior do que costuma ser o caso hoje.
A ficção percebeu essa necessidade antes.
O computador Hal 9000 deveria ser uma espécie de cérebro e sistema nervoso da espaçonave do livro e filme "2001". A mesma função a bordo da mais discreta DS-1 vai ser cumprida por um programa de computador dotado de inteligência artificial, chamado "Agente Remoto". Sua função é a mesma do Hal: controlar a nave com um mínimo de interferência humana.
Para ser mais independente que as outras sondas, a DS-1 também vai estar equipada com um sistema de navegação óptico (isto é, a nave na prática vai "enxergar" sua posição no espaço);.
Motor a íon, computador e sistemas de guiagem futurísticos, e outras nove menos badaladas tecnologias, deverão fazer da DS-1 um marco na história da exploração espacial.

