Missões espaciais vão estudar Marte

Missões espaciais vão estudar Marte
JOSÉ REIS
especial para a Folha

Há uns 20 anos, a Nasa fazia de Marte o centro de suas atenções. Sondas ''Mariner'' passavam pelos arredores do planeta, e, depois, sondas orbitavam o astro.
Mais tarde, uma sonda ''Viking'' pousou no planeta vermelho, seguida, meses depois, por outra. Pretendia-se varrer toda a superfície do planeta.
Em 1993, a ''Observer'' retomou a corrida a Marte, interrompida desde 1976. Mas essa sonda não foi feliz e explodiu no espaço. Nesse intervalo, a Nasa passou por profundas modificações em sua estrutura e em sua filosofia de trabalho.
De pesada e caríssima estrutura, passou a empresa mais ''leve'', que fixava seus objetivos em engenhos menores e mais baratos, sem prejuízo da eficiência.
Para realizar a tarefa de modificar a Nasa, foram buscar um executivo da indústria particular, Daniel Goldin, que logo pôs mãos à obra e baniu os novos vôos tripulados, estabelecendo a política de sondas, a primeira das quais seria a ''Mars Global Surveyor'', lançada no começo de novembro.
A ''Global Surveyor'' deve circular em torno de Marte por dois anos: estudará a geologia e o ambiente e servirá de transmissor de sinais de uma sonda que a Rússia esperava lançar no dia 16 de novembro.
A orbitagem da ''Surveyor'' foi toda especial. Para economizar combustível na manobra de entrada em órbita, a ''Surveyor'' penetrou na atmosfera do planeta, obtendo a perda de velocidade necessária para entrar em órbita.
O engenho russo, entretanto, não teve boa sorte. Uma série de defeitos, segundo alegam os especialistas, contestando a versão oficial de um defeito único, fez a sonda ''Marte 96'', em vez de seguir a trajetória prevista, cair vertiginosamente no fundo do Pacífico.
Na opinião de críticos, esses defeitos ocorreram por uma simples causa: a deterioração da agência espacial russa, que vinha sendo encoberta.
De fato, a agência russa lutava com uma tremenda crise financeira que a obrigava, para obter dinheiro, a transformar a estação espacial Mir e vários modelos de suas espaçonaves em centros de turismo mundial muito bem pago.
A sonda russa deveria despachar quatro engenhos para a superfície do planeta, dois dos quais com perfuradores capazes de analisar rochas dentro do solo.
Toda essa aparelhagem brilhante, com os 270 g de plutônio que a sonda transportava, ficaram como indelével marca e talvez o fim do programa nuclear russo.
Para 2 de dezembro, ficou marcado o lançamento de uma segunda sonda norte-americana, a ''Pathfinder'', que descerá diretamente na superfície do planeta.
A sonda abrirá um grande engradado que deverá levar, contendo uma espécie de jipe-robô de seis rodas, que explorará o terreno, monitorado da Terra.
Está marcado para 2001 um encontro de representantes norte-americanos e russos para debater pormenores de uma nova missão a Marte, que poderá usar o jipe que se acha estocado na agência espacial russa. Não se sabe se o acidente com a ''Marte 96'' e a difícil situação da astronáutica russa permitirão levar adiante o programa.