China proíbe TV ao vivo em vôo tripulado
Lançamento da nave Shenzhou com primeiros astronautas chineses seria transmitido só depois de ocorrido China proíbe TV ao vivo em vôo tripulado
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
O governo chinês decidiu não permitir a transmissão ao vivo pela TV de sua primeira tentativa de enviar uma tripulação ao espaço, prevista para acontecer a partir das 22h, no horário de Brasília (manhã de hoje na China);. A "janela" de lançamento vai até a noite de amanhã no Brasil. De acordo com informações da Estação Central de Televisão da China, transmitidas a várias agências de notícias e jornais, só serão transmitidas cenas gravadas do lançamento, mas não foi informado quanto tempo depois. O plano de vôo e a tripulação que farão parte da missão da nave Shenzhou-5 ("nave divina", em chinês); ainda permanecem em segredo, mas o jornal de Hong Kong "Wen Wei Po" anunciou ontem o que diz ser a relação dos três astronautas que estão no Centro de Lançamento de Jiuquan (na região noroeste da China);, aguardando a chance de adquirir fama instantânea ao serem escalados para o vôo. Segundo o diário, o principal candidato a se tornar o primeiro astronauta chinês é Yang Liwei, seguido por Zhai Zhigang. O terceiro seria Nie Haisheng. Liwei tem 38 anos, é originário da província de Lianoning, região nordeste da China, e teve sua formação como piloto da Força Aérea chinesa. Ele faz parte da segunda turma de astronautas, um grupo composto por 12 pessoas.
Zhigang e Haisheng também são da mesma leva. A escolha final seria feita duas horas e meia antes do vôo, segundo a imprensa local. É notável entre os candidatos a ausência de Li Qinglong e Wu Jie, que foram preparados na Rússia em 1996 para formar a base do programa de astronautas chinês. Seja quem for o escolhido, deve se tornar lenda viva na China assim que o foguete Chang Zheng- 2F (Longa Marcha-2F); colocar a Shenzhou em órbita, repetindo quatro décadas depois um feito só realizado por duas nações no mundo, União Soviética (hoje Rússia); e Estados Unidos. O primeiro vôo orbital da história foi efetivado em 12 de abril de 1961 por Iuri Gagarin, a bordo da nave soviética Vostok-1. O cosmonauta (termo adotado pelos russos para designar seus viajantes espaciais); deu uma volta em torno da Terra e retornou 108 minutos após o lançamento. Ele foi seguido em 5 de maio do mesmo ano pelo primeiro americano a visitar o espaço, Alan Shepard. Mas a missão era apenas um "salto" até o espaço, coma cápsula Mercury Freedom-7 sendo arremessada para cima e retornando na sequência, em 15 minutos. O feito só foi equiparado pelo programa espacial americano em 20 de fevereiro de 1962, como vôo de John Glenn, terceiro do programa Mercury e primeiro a dar voltas completas em torno do planeta, num total de três.
Desde então, nenhuma outra nação além dessas duas conseguiu enviar gente ao espaço. A ESA (Agência Espacial Européia); chegou a ter, nos anos 1980, um programa de desenvolvimento de uma nave tripulada, a Hermes, que acabou cancelado pela escalada de custos. Estimativas internas feitas por gerentes do programa espacial chinês dão conta de que cerca de US$ 700 milhões foram gastos somente no desenvolvimento da nave Shenzhou. O valor não inclui o custo dos quatro lançamentos não-tripulados da nave (feitos entre 1999 e 2002); nem o que foi gasto para preparar a Shenzhou-5.
Queimando etapas
O investimento, entretanto, coloca a China em pé de igualdade com os grandes empreendedores da exploração espacial. Sua nave é até mais capaz que a Soyuz TMA, última versão da nave russa usada desde 1967 para transporte de tripulações até a órbita terrestre. Ambos os veículos têm capacidade para três pessoas, e a Shenzhou tema vantagem adicional de manter seu módulo orbital no espaço após o retorno da tripulação. Esse compartimento, com painéis solares próprios, pode manter experimentos em órbita por vários meses, mesmo sem a presença dos astronautas. De resto, Shenzhou e Soyuz são bem parecidas, mas não por coincidência. Houve muita consultoria russa no projeto chinês, instaurado em 1993, e uma cápsula de retorno construída pela empresa RSC Energia chegou a ser importada da Rússia para estudo pelas equipes chinesas.
Atualmente, o cronograma prevê a realização de mais três vôos de qualificação, com desafios crescentes. O preparado para subir ontem não deve fazer mais que testar os sistemas de suporte de vida (presentes no módulo de serviço da nave); e os propulsores responsáveis pelo controle de atitude (orientação da nave no espaço);. A idéia é concluir essa fase de qualificação em 2006.
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL
O governo chinês decidiu não permitir a transmissão ao vivo pela TV de sua primeira tentativa de enviar uma tripulação ao espaço, prevista para acontecer a partir das 22h, no horário de Brasília (manhã de hoje na China);. A "janela" de lançamento vai até a noite de amanhã no Brasil. De acordo com informações da Estação Central de Televisão da China, transmitidas a várias agências de notícias e jornais, só serão transmitidas cenas gravadas do lançamento, mas não foi informado quanto tempo depois. O plano de vôo e a tripulação que farão parte da missão da nave Shenzhou-5 ("nave divina", em chinês); ainda permanecem em segredo, mas o jornal de Hong Kong "Wen Wei Po" anunciou ontem o que diz ser a relação dos três astronautas que estão no Centro de Lançamento de Jiuquan (na região noroeste da China);, aguardando a chance de adquirir fama instantânea ao serem escalados para o vôo. Segundo o diário, o principal candidato a se tornar o primeiro astronauta chinês é Yang Liwei, seguido por Zhai Zhigang. O terceiro seria Nie Haisheng. Liwei tem 38 anos, é originário da província de Lianoning, região nordeste da China, e teve sua formação como piloto da Força Aérea chinesa. Ele faz parte da segunda turma de astronautas, um grupo composto por 12 pessoas.
Zhigang e Haisheng também são da mesma leva. A escolha final seria feita duas horas e meia antes do vôo, segundo a imprensa local. É notável entre os candidatos a ausência de Li Qinglong e Wu Jie, que foram preparados na Rússia em 1996 para formar a base do programa de astronautas chinês. Seja quem for o escolhido, deve se tornar lenda viva na China assim que o foguete Chang Zheng- 2F (Longa Marcha-2F); colocar a Shenzhou em órbita, repetindo quatro décadas depois um feito só realizado por duas nações no mundo, União Soviética (hoje Rússia); e Estados Unidos. O primeiro vôo orbital da história foi efetivado em 12 de abril de 1961 por Iuri Gagarin, a bordo da nave soviética Vostok-1. O cosmonauta (termo adotado pelos russos para designar seus viajantes espaciais); deu uma volta em torno da Terra e retornou 108 minutos após o lançamento. Ele foi seguido em 5 de maio do mesmo ano pelo primeiro americano a visitar o espaço, Alan Shepard. Mas a missão era apenas um "salto" até o espaço, coma cápsula Mercury Freedom-7 sendo arremessada para cima e retornando na sequência, em 15 minutos. O feito só foi equiparado pelo programa espacial americano em 20 de fevereiro de 1962, como vôo de John Glenn, terceiro do programa Mercury e primeiro a dar voltas completas em torno do planeta, num total de três.
Desde então, nenhuma outra nação além dessas duas conseguiu enviar gente ao espaço. A ESA (Agência Espacial Européia); chegou a ter, nos anos 1980, um programa de desenvolvimento de uma nave tripulada, a Hermes, que acabou cancelado pela escalada de custos. Estimativas internas feitas por gerentes do programa espacial chinês dão conta de que cerca de US$ 700 milhões foram gastos somente no desenvolvimento da nave Shenzhou. O valor não inclui o custo dos quatro lançamentos não-tripulados da nave (feitos entre 1999 e 2002); nem o que foi gasto para preparar a Shenzhou-5.
Queimando etapas
O investimento, entretanto, coloca a China em pé de igualdade com os grandes empreendedores da exploração espacial. Sua nave é até mais capaz que a Soyuz TMA, última versão da nave russa usada desde 1967 para transporte de tripulações até a órbita terrestre. Ambos os veículos têm capacidade para três pessoas, e a Shenzhou tema vantagem adicional de manter seu módulo orbital no espaço após o retorno da tripulação. Esse compartimento, com painéis solares próprios, pode manter experimentos em órbita por vários meses, mesmo sem a presença dos astronautas. De resto, Shenzhou e Soyuz são bem parecidas, mas não por coincidência. Houve muita consultoria russa no projeto chinês, instaurado em 1993, e uma cápsula de retorno construída pela empresa RSC Energia chegou a ser importada da Rússia para estudo pelas equipes chinesas.
Atualmente, o cronograma prevê a realização de mais três vôos de qualificação, com desafios crescentes. O preparado para subir ontem não deve fazer mais que testar os sistemas de suporte de vida (presentes no módulo de serviço da nave); e os propulsores responsáveis pelo controle de atitude (orientação da nave no espaço);. A idéia é concluir essa fase de qualificação em 2006.

