Reunião em junho lança sonda extra-orbital

Acordo de cooperação com a Rússia pretende levar nave a 1,5 milhão de km da Terra, para estudar o vento solar Reunião em junho lança sonda extra-orbital
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira sonda espacial brasileira programada para deixar a órbita terrestre começa a sair do estágio das intenções. Em junho, uma reunião na França entre representantes da Agência Espacial Brasileira, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); e da Rosaviakosmos (agência espacial russa); deve dar o primeiro passo na sua direção, estabelecendo uma agenda de cooperação espacial entre Brasil e Rússia. Um dos pontos dessa agenda deve ser o desenvolvimento conjunto da MCE, sigla para Missão de Clima Espacial. Mais que um satélite, a sonda vai passar de raspão pela Lua e viajar a um ponto 1,5 milhão de quilômetros distante da Terra, onde deverá fazer estudos do vento solar (partículas emitidas pelo Sol);.
Depois de passar alguns meses nessa região do espaço em que a atração gravitacional da Terra e do Sol se equivalem _o chamado ponto de Lagrange_, a sonda voltaria à Terra, entrando numa órbita altamente elíptica. No ponto mais distante desse traçado em torno do planeta, o satélite estaria mais distante que a Lua. No mais próximo, estaria quase tão perto quanto a ISS (Estação Espacial Internacional);, a 600 km de altitude. Segundo Walter Gonzalez, do Inpe, investigador principal do projeto no lado brasileiro, a meta é lançar o satélite em 2008. "O objetivo é cobrir a fase de ascensão do novo ciclo solar." O Sol passa por picos e vales de atividade durante um período de 11 anos.
O projeto nasceu como parte de um programa russo chamado Interball-Prognoz, há cerca de dois anos, mas acabou ganhando vida própria para que seu desenvolvimento fosse acelerado. Ainda assim, os russos acham que o projeto caminha a passos lentos. "Os cientistas russos gostam da MCE porque é uma boa oportunidade para que eles façam ciência boa no espaço, embora sua última reação tenha sido meio pessimista", diz Alexander Sukhanov, pesquisador que serviu como elo de ligação entre o pessoal do IKI (Instituto de Pesquisa Espacial russo); e o do Inpe durante a gestação da missão. Luiz Carlos Miranda, diretor do Inpe, diz que deve ir a Moscou em breve para acertar detalhes desse e de outros projetos conjuntos. A reunião ainda não tem data marcada, mas deve acontecer provavelmente em julho.
O desânimo dos russos vem do fato de que havia a perspectiva de reunir já nessa primeira rodada os cientistas dos dois países para definir especificações da nave. Essa parte do trabalho deve ficar para depois. Apesar disso, Miranda diz acreditar que a missão será contemplada no Plano Plurianual (PPA); que o governo federal está atualmente preparando. (SN);