Detecção de furacões

Detecção de furacões
Estudo aperfeiçoa sistemas e técnicas de previsão de catástrofes
MARCELO FERRONI
da Reportagem Local

Pesquisadores norte-americanos se preparam para compilar o maior banco de dados já obtido a respeito do comportamento de furacões. O estudo, previsto para terminar em 2000, poderá tornar mais precisa a previsão desses fenômenos meteorológicos.Atualmente, os meteorologistas podem detectar a direção de um furacão com cerca de 24h a 48h de antecedência, mas ainda não podem identificar com precisão qual é a intensidade que o furacão poderá ter.Os dados foram obtidos a partir de missões realizadas no ano passado pela Nasa (agência espacial dos EUA);, pela Noaa (Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos EUA);, pela Força Aérea e por universidades do país.O projeto, chamado Camex-3 (sigla em inglês para Experimento de Convecção e Umidade);, foi realizado entre 12 de agosto e 23 de setembro de 1998. Seu objetivo principal era observar furacões e estudar as causas que os fazem aumentar de intensidade.O experimento contou com uma série de missões realizadas por aviões da Força Aérea, da Noaa e da Nasa. Entre os aviões estava o ER-2, da Nasa, versão modificada do U-2, avião de espionagem utilizado pelos EUA, que voa a até 17 km de altitude.O mesmo avião deverá ser usado agora, no Brasil, em um projeto internacional que pretende obter dados climáticos e ambientais sobre a floresta amazônica.Além dos aviões, a Nasa usou também uma estação climática nas Bahamas e o satélite TRMM (sigla em inglês para Missão de Medições da Floresta Tropical);.Os instrumentos de medição recolheram dados espaciais e temporais sobre a estrutura, dinâmica e locomoção dos furacões.No total, foram estudados quatro furacões de grande intensidade _Bonnie, Danielle, Earl e Georges_ e uma tempestade tropical _chamada Hermine.O furacão Bonnie, em agosto, passou pela Carolina do Norte, alcançou o Estado de Virgínia, na Costa Leste, e se dirigiu à região nordeste dos EUA. Não houve mortos e, na Carolina do Norte, cerca de 500 mil pessoas ficaram desabrigadas.O furacão Georges varreu parte do Caribe e do sul da Flórida na última semana de setembro. Os países do Caribe atingidos pelo fenômeno meteorológico foram República Dominicana, Porto Rico, Haiti e Cuba. No total, foram registrados cerca de 300 mortos _200 deles da República Dominicana.Os furacões Earl e Danielle tiveram menor intensidade.132 horas de vôo "O maior sucesso do Camex-3 foi a quantidade de informação coletada a respeito dos furacões tropicais", diz Ramesh Kakar, gerente do projeto.Ao todo, foram completadas 132 horas de vôo e utilizados cerca de 30 instrumentos diferentes para medir determinadas características dos fenômenos.Segundo os pesquisadores, antes mesmo de o banco de dados estar pronto já surgiram informações novas a respeito dos furacões estudados."A forma como o vento se movimenta no interior e no exterior dos furacões parece ser muito mais intricada do que esperávamos", diz Robbie Hood, do Centro de Vôo Espacial Marshall, instituto ligado à Nasa e que colaborou como experimento.A direção e a força dos ventos são uma medida de fluxo de energia dentro do furacão e podem ajudar na previsão de suas futuras atividades.