Colisão de cometa pode ser maior espetáculo cósmico
Colisão de cometa pode ser maior espetáculo cósmico
JOSÉ REIS
Especial para a Folha
Astrônomos de todo o mundo estão ansiosos, com seus instrumentos preparados, para entre 16 e 22 do próximo mês registrar o que para alguns deverá ser o maior espetáculo cósmico de todos os tempos e para outros será no máximo um chuveiro de meteoros: o encontro do cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter.
A história desse cometa é interessante. Especula-se que há bilhões de anos ele navegava no espaço como bola de gelo, batendo aqui e acolá nos outros objetos celestes e aumentando de tamanho a cada trombada, pela adição de detritos e poeira.
Na década passada ele teria chegado próximo de Júpiter, cujo campo gravitacional o capturou, passando ele a orbitar em torno desse planeta, em trajetória oval muito estreita (os outros cometas costumam orbitar em torno do Sol);. Em julho de 1992, aproximando-se demais do planeta, foi estilhaçado em 21 fragmentos que se dispuseram em corrente, uma "fieira de pérolas", para repetir comparação que se tornou comum. Deve-se a Eugene Shoemaker, Carolyn Shoemaker e David Levy a descoberta dessa "fieira" e sua caracterização como cometa. Isso aconteceu a 23 de março de 1993.
Em maio do mesmo ano anunciou-se que a estreita trajetória do cometa o levaria a um encontro fatal com Júpiter. É o que os astrônomos estão esperando para o próximo mês.
O impacto deve ocorrer na parte de trás do cometa, não sendo possível apreciá-lo diretamente da Terra, que terá de contentar-se com o final da festa, porque Júpiter tem rotação muito mais rápida do que o nosso planeta. Dez dias depois do encontro a parte em que tiver havido a colisão aparecerá diante dos habitantes da Terra.
Isso não quer dizer que iremos perder o espetáculo, seja ele qual for, porque há muitas naves no espaço em condições de fotografá-lo, como a Voyager 1, que está deixando o Sistema Solar, e a sonda Galileo que vai indo na direção de Júpiter. Além disso temos o olho já restabelecido do telescópio espacial Hubble.
Muito se discute a respeito do tamanho do Shoemaker-Levy 9. A princípio se calculou que seu maior fragmento teria uns 10 km, mas os pesquisadores foram aos poucos reduzindo esse número, sendo hoje mais comum situá-lo entre 1 e 4 km.
Que esperar do encontro dos 21 fragmentos desse volume com a atmosfera de Júpiter? Os cientistas divergem, mas de suas especulações pode-se concluir que, dependendo do real tamanho dos fragmentos e das condições de sua aproximação, poderemos ter uma grandiosa chuva de meteoros, um enorme clarão, uma gigantesca bola de fogo ou uma explosão de tipo nuclear, com a formação de cogumelo espetacular correspondente a 25 megatons (milhões de toneladas de TNT);.
Nesta altura dos acontecimentos é esperar para ver. Além desses acontecimentos, prevê-se que o delicado anel que a Voyager descobriu em 1979 talvez aumente muito de tamanho, pela adição de detritos, ganhando proporções semelhantes às de um anel de Saturno. Outras alterações propõem certos astrônomos, como o aparecimento de uma segunda mancha vermelha (fenômeno ciclônico que marca a superfície de Júpiter);.
JOSÉ REIS
Especial para a Folha
Astrônomos de todo o mundo estão ansiosos, com seus instrumentos preparados, para entre 16 e 22 do próximo mês registrar o que para alguns deverá ser o maior espetáculo cósmico de todos os tempos e para outros será no máximo um chuveiro de meteoros: o encontro do cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter.
A história desse cometa é interessante. Especula-se que há bilhões de anos ele navegava no espaço como bola de gelo, batendo aqui e acolá nos outros objetos celestes e aumentando de tamanho a cada trombada, pela adição de detritos e poeira.
Na década passada ele teria chegado próximo de Júpiter, cujo campo gravitacional o capturou, passando ele a orbitar em torno desse planeta, em trajetória oval muito estreita (os outros cometas costumam orbitar em torno do Sol);. Em julho de 1992, aproximando-se demais do planeta, foi estilhaçado em 21 fragmentos que se dispuseram em corrente, uma "fieira de pérolas", para repetir comparação que se tornou comum. Deve-se a Eugene Shoemaker, Carolyn Shoemaker e David Levy a descoberta dessa "fieira" e sua caracterização como cometa. Isso aconteceu a 23 de março de 1993.
Em maio do mesmo ano anunciou-se que a estreita trajetória do cometa o levaria a um encontro fatal com Júpiter. É o que os astrônomos estão esperando para o próximo mês.
O impacto deve ocorrer na parte de trás do cometa, não sendo possível apreciá-lo diretamente da Terra, que terá de contentar-se com o final da festa, porque Júpiter tem rotação muito mais rápida do que o nosso planeta. Dez dias depois do encontro a parte em que tiver havido a colisão aparecerá diante dos habitantes da Terra.
Isso não quer dizer que iremos perder o espetáculo, seja ele qual for, porque há muitas naves no espaço em condições de fotografá-lo, como a Voyager 1, que está deixando o Sistema Solar, e a sonda Galileo que vai indo na direção de Júpiter. Além disso temos o olho já restabelecido do telescópio espacial Hubble.
Muito se discute a respeito do tamanho do Shoemaker-Levy 9. A princípio se calculou que seu maior fragmento teria uns 10 km, mas os pesquisadores foram aos poucos reduzindo esse número, sendo hoje mais comum situá-lo entre 1 e 4 km.
Que esperar do encontro dos 21 fragmentos desse volume com a atmosfera de Júpiter? Os cientistas divergem, mas de suas especulações pode-se concluir que, dependendo do real tamanho dos fragmentos e das condições de sua aproximação, poderemos ter uma grandiosa chuva de meteoros, um enorme clarão, uma gigantesca bola de fogo ou uma explosão de tipo nuclear, com a formação de cogumelo espetacular correspondente a 25 megatons (milhões de toneladas de TNT);.
Nesta altura dos acontecimentos é esperar para ver. Além desses acontecimentos, prevê-se que o delicado anel que a Voyager descobriu em 1979 talvez aumente muito de tamanho, pela adição de detritos, ganhando proporções semelhantes às de um anel de Saturno. Outras alterações propõem certos astrônomos, como o aparecimento de uma segunda mancha vermelha (fenômeno ciclônico que marca a superfície de Júpiter);.

