Telescópio do terceiro milênio vai mostrar matéria invisível
Telescópio do terceiro milênio vai mostrar matéria invisível
Hubble vai ficar ainda mais obsoleto com novos observatórios espaciais
RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO
especial para a Folha
Os telescópios do futuro serão ultraleves e compactos, com espelhos de alumínio. Mesmo orbitando em pontos diferentes do Sistema Solar, poderão ter sua potência associada e multiplicada.
Com eles, será possível sondar a estrutura do cosmos, a vida das galáxias (quem sabe encontrar sinais de vida extraterrestre?);, assim como a matéria escura, que parece constituir 95% do universo. Veremos a matéria escura que nos envolve, veremos o invisível.
No entanto, os defensores da astronomia tradicional, óptica, com observatórios situados no solo, consideram que ela tem um futuro seguro. Motivo: preço.
O maior de todos os grandes telescópios modernos que surgem no momento, o VLT _''Very Large Telescope''_, maior telescópio europeu, deve custar menos de US$ 500 milhões, menos da metade do valor do telescópio espacial norte-americano Hubble.
Além disso, com seus quatro grandes espelhos de oito metros, o VLT será capaz de coletar 40 vezes mais luz e colocar em atividade quatro equipes de cientistas diferentes, simultaneamente.
Hubble obsoleto
Acredita-se que os novos telescópios espaciais com espelhos metálicos ultraleves e compactos serão muito superiores ao Hubble.
Além do mais, a evolução científica irá reduzir o custo das sondas, satélites e telescópios espaciais, o que aliás já está ocorrendo.
O telescópio espacial norte-americano era um instrumento já ultrapassado quando foi lançado. Além de ter ficado muito tempo encaixotado, à espera do desenvolvimento das lançadeiras espaciais, seu lançamento sofreu um grande atraso em virtude do desastre do ônibus espacial Challenger, em janeiro de 1986.
Inovação no solo
Os novos telescópios gigantes e logísticos, ou melhor, "inteligentes", começaram a surgir no último decênio em substituição ao grande telescópio Hale, de 5 m de diâmetro, instalado em 1947 no monte Palomar, na Califórnia (EUA);. Durante quase meio século, esse monstro de 500 toneladas não conheceu nenhum rival.
Foi necessário esperar o ano de 1989 para que surgisse o NTT (New Technology Telescope);, telescópio europeu de nova tecnologia, de 3,5 m, em La Silla, Chile, para que a era dos telescópios pesados e rígidos viesse a sofrer uma revolução. Desde então, os instrumentos passaram a ser leves, flexíveis, manejáveis e mais baratos.
Uma dezena de telescópios gigantes, com diâmetro de seis a dez metros, encontra-se em construção no mundo. O primeiro deles foi inaugurado em 1992, no Havaí: o telescópio Keck de 10 m de diâmetro, o primeiro a destronar o do monte Palomar (e que tem a metade do peso deste último);.
Usando o mesmo processo do NTT, encontra-se em processo de desenvolvimento o VLT, que o Observatório Europeu Austral também deverá instalar no Chile. Seus quatro espelhos idênticos, de 8 m de diâmetro, constituem cada um deles um delgado disco gigantesco de 18 cm de espessura.
Para eliminar os múltiplos problemas de flexão e de deformação que um espelho dessas dimensões provoca, os técnicos partiram para uma nova solução: a compensação ativa por intermédio de 150 macacos hidráulicos.
Eles ajustam o relevo da superfície do espelho e anulam continuamente os principais defeitos instrumentais. Com esse processo, denominado óptica ativa, é possível obter-se um espelho opticamente perfeito de 20 toneladas. Isto é: menos de um terço do que seria viável na concepção clássica.
Inovação ótica
Acredita-se que, se os primeiros VLT neste fim de milênio serão de vidro, a sua reposição será em alumínio. Vão se tornar inquebráveis e ultraleves no terceiro milênio.
Convém salientar que, na verdade, os grandes telescópios só foram possíveis graças aos progressos ópticos e eletrônicos do último decênio. Ao lado da óptica ativa, que compensa os defeitos instrumentais, surgiu recentemente a óptica adaptativa, a qual será capaz de corrigir as imagens da turbulência atmosférica. Isto é: vão eliminar as instabilidades do ar que perturbam a propagação dos raios luminosos _agitando a atmosfera, tiram a nitidez das imagens do aparelho.
Além dessas inovações ópticas, surgiu recentemente a interferometria. Ela vai permitir associar telescópios situados a várias dezenas ou mesmo centenas de metros de distância entre si. Desse modo os astrônomos simulam telescópios gigantescos de uma potência inimaginável.
Hubble vai ficar ainda mais obsoleto com novos observatórios espaciais
RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO
especial para a Folha
Os telescópios do futuro serão ultraleves e compactos, com espelhos de alumínio. Mesmo orbitando em pontos diferentes do Sistema Solar, poderão ter sua potência associada e multiplicada.
Com eles, será possível sondar a estrutura do cosmos, a vida das galáxias (quem sabe encontrar sinais de vida extraterrestre?);, assim como a matéria escura, que parece constituir 95% do universo. Veremos a matéria escura que nos envolve, veremos o invisível.
No entanto, os defensores da astronomia tradicional, óptica, com observatórios situados no solo, consideram que ela tem um futuro seguro. Motivo: preço.
O maior de todos os grandes telescópios modernos que surgem no momento, o VLT _''Very Large Telescope''_, maior telescópio europeu, deve custar menos de US$ 500 milhões, menos da metade do valor do telescópio espacial norte-americano Hubble.
Além disso, com seus quatro grandes espelhos de oito metros, o VLT será capaz de coletar 40 vezes mais luz e colocar em atividade quatro equipes de cientistas diferentes, simultaneamente.
Hubble obsoleto
Acredita-se que os novos telescópios espaciais com espelhos metálicos ultraleves e compactos serão muito superiores ao Hubble.
Além do mais, a evolução científica irá reduzir o custo das sondas, satélites e telescópios espaciais, o que aliás já está ocorrendo.
O telescópio espacial norte-americano era um instrumento já ultrapassado quando foi lançado. Além de ter ficado muito tempo encaixotado, à espera do desenvolvimento das lançadeiras espaciais, seu lançamento sofreu um grande atraso em virtude do desastre do ônibus espacial Challenger, em janeiro de 1986.
Inovação no solo
Os novos telescópios gigantes e logísticos, ou melhor, "inteligentes", começaram a surgir no último decênio em substituição ao grande telescópio Hale, de 5 m de diâmetro, instalado em 1947 no monte Palomar, na Califórnia (EUA);. Durante quase meio século, esse monstro de 500 toneladas não conheceu nenhum rival.
Foi necessário esperar o ano de 1989 para que surgisse o NTT (New Technology Telescope);, telescópio europeu de nova tecnologia, de 3,5 m, em La Silla, Chile, para que a era dos telescópios pesados e rígidos viesse a sofrer uma revolução. Desde então, os instrumentos passaram a ser leves, flexíveis, manejáveis e mais baratos.
Uma dezena de telescópios gigantes, com diâmetro de seis a dez metros, encontra-se em construção no mundo. O primeiro deles foi inaugurado em 1992, no Havaí: o telescópio Keck de 10 m de diâmetro, o primeiro a destronar o do monte Palomar (e que tem a metade do peso deste último);.
Usando o mesmo processo do NTT, encontra-se em processo de desenvolvimento o VLT, que o Observatório Europeu Austral também deverá instalar no Chile. Seus quatro espelhos idênticos, de 8 m de diâmetro, constituem cada um deles um delgado disco gigantesco de 18 cm de espessura.
Para eliminar os múltiplos problemas de flexão e de deformação que um espelho dessas dimensões provoca, os técnicos partiram para uma nova solução: a compensação ativa por intermédio de 150 macacos hidráulicos.
Eles ajustam o relevo da superfície do espelho e anulam continuamente os principais defeitos instrumentais. Com esse processo, denominado óptica ativa, é possível obter-se um espelho opticamente perfeito de 20 toneladas. Isto é: menos de um terço do que seria viável na concepção clássica.
Inovação ótica
Acredita-se que, se os primeiros VLT neste fim de milênio serão de vidro, a sua reposição será em alumínio. Vão se tornar inquebráveis e ultraleves no terceiro milênio.
Convém salientar que, na verdade, os grandes telescópios só foram possíveis graças aos progressos ópticos e eletrônicos do último decênio. Ao lado da óptica ativa, que compensa os defeitos instrumentais, surgiu recentemente a óptica adaptativa, a qual será capaz de corrigir as imagens da turbulência atmosférica. Isto é: vão eliminar as instabilidades do ar que perturbam a propagação dos raios luminosos _agitando a atmosfera, tiram a nitidez das imagens do aparelho.
Além dessas inovações ópticas, surgiu recentemente a interferometria. Ela vai permitir associar telescópios situados a várias dezenas ou mesmo centenas de metros de distância entre si. Desse modo os astrônomos simulam telescópios gigantescos de uma potência inimaginável.

