Prazo de treino preocupa, diz astronauta
Devido a adiantamento da missão, brasileiro terá pouco tempo para praticar com experimentos que levará em nave russa
Prazo de treino preocupa, diz astronauta
SALVADOR NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
Apesar de todo o esforço feito pelo governo brasileiro para promover a primeira missão de um brasileiro no espaço antes das eleições, o astronauta Marcos Cesar Pontes, 42, quer despolitizar seu vôo à ISS (Estação Espacial Internacional);, marcado para o próximo dia 30 de março.
"Não é minha função trabalhar com a área política", disse Pontes à Folha, por telefone, depois do fim da visita dos jornalistas à Cidade das Estrelas, centro de treinamento de cosmonautas nas cercanias de Moscou, ontem. "Minha preocupação é com a parte operacional e científica, e essa não tem como ser usada politicamente", complementou.
O astronauta brasileiro terá três oportunidades, durante sua visita de dez dias à órbita terrestre, para realizar teleconferências ao vivo. Na primeira delas, ele falará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As outras duas ainda não estão bem definidas, mas provavelmente envolverão jornalistas e perguntas do público.
O início das negociações com a Rússia para o lançamento de Pontes numa nave Soyuz tinha a janela de outubro de 2006 como data mais adequada. "Eu estava esperando voar em outubro, quando veio em março eu fiquei muito feliz", afirma o astronauta brasileiro. "Mas eu não sei por que aconteceu isso." A Folha apurou que a mudança, adiantando o vôo, ocorreu por escolha do governo brasileiro, motivada pelas eleições de outubro.
Isso encurtou enormemente o tempo de preparação para a missão na Cidade das Estrelas; às vezes leva-se até 13 meses para preparar uma tripulação para vôo. No caso de Pontes, o período foi de pouco mais de cinco meses, desde outubro de 2005.
A pressa levou à criação de um calendário muito apertado para o treinamento. Ao fazer um teste de sobrevivência na neve, por exemplo, Pontes teve de concluí-lo em um dia, quando o normal são três. Além disso, o tempo também é escasso para a preparação dos experimentos brasileiros que voarão com o astronauta para a estação. Até agora, menos de dois meses antes do vôo, a configuração final das experiências ainda não foi definida. Uma delas foi cancelada, pela impossibilidade de adequá-la aos requisitos do complexo orbital internacional.
Ainda não há na agenda de Pontes dias marcados para que ele (ou o comandante da missão, Pavel Vinogradov, que também tem essa obrigação); treine a execução dos experimentos. "Eu estou apreensivo com isso, aguardando esse treinamento", diz.
José Sérgio de Almeida, responsável pelo Laboratório de Simulação Espacial do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais);, disse que um funcionário do Inpe ou do IAE irá para a Rússia com as instruções e os experimentos e treinará Pontes durante uma semana. "Com certeza é tempo mais do que suficiente", afirmou.
Fome Zero
Pontes também desassocia sua imagem do envio de fitas do Senhor do Bonfim e outras peças para futura venda, como planejado pelo governo brasileiro como forma de alavancar verbas para o programa Fome Zero. "Essa é uma carga institucional, eu nem estou sabendo o que vai", diz. "Minha carga pessoal, de 1,5 kg, eu ainda nem defini completamente. Estou elaborando a lista."
Também já foi definido mais um item na lista de despesas do vôo do astronauta. Segundo Pontes, o governo pagará um seguro de vida no valor de US$ 1 milhão, para o caso de o brasileiro não sobreviver à missão. O valor, ainda de acordo com o astronauta, é o padrão acordado pelos 16 países participantes do programa da ISS para todos os tripulantes que embarcam no complexo.
Prazo de treino preocupa, diz astronauta
SALVADOR NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
Apesar de todo o esforço feito pelo governo brasileiro para promover a primeira missão de um brasileiro no espaço antes das eleições, o astronauta Marcos Cesar Pontes, 42, quer despolitizar seu vôo à ISS (Estação Espacial Internacional);, marcado para o próximo dia 30 de março.
"Não é minha função trabalhar com a área política", disse Pontes à Folha, por telefone, depois do fim da visita dos jornalistas à Cidade das Estrelas, centro de treinamento de cosmonautas nas cercanias de Moscou, ontem. "Minha preocupação é com a parte operacional e científica, e essa não tem como ser usada politicamente", complementou.
O astronauta brasileiro terá três oportunidades, durante sua visita de dez dias à órbita terrestre, para realizar teleconferências ao vivo. Na primeira delas, ele falará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As outras duas ainda não estão bem definidas, mas provavelmente envolverão jornalistas e perguntas do público.
O início das negociações com a Rússia para o lançamento de Pontes numa nave Soyuz tinha a janela de outubro de 2006 como data mais adequada. "Eu estava esperando voar em outubro, quando veio em março eu fiquei muito feliz", afirma o astronauta brasileiro. "Mas eu não sei por que aconteceu isso." A Folha apurou que a mudança, adiantando o vôo, ocorreu por escolha do governo brasileiro, motivada pelas eleições de outubro.
Isso encurtou enormemente o tempo de preparação para a missão na Cidade das Estrelas; às vezes leva-se até 13 meses para preparar uma tripulação para vôo. No caso de Pontes, o período foi de pouco mais de cinco meses, desde outubro de 2005.
A pressa levou à criação de um calendário muito apertado para o treinamento. Ao fazer um teste de sobrevivência na neve, por exemplo, Pontes teve de concluí-lo em um dia, quando o normal são três. Além disso, o tempo também é escasso para a preparação dos experimentos brasileiros que voarão com o astronauta para a estação. Até agora, menos de dois meses antes do vôo, a configuração final das experiências ainda não foi definida. Uma delas foi cancelada, pela impossibilidade de adequá-la aos requisitos do complexo orbital internacional.
Ainda não há na agenda de Pontes dias marcados para que ele (ou o comandante da missão, Pavel Vinogradov, que também tem essa obrigação); treine a execução dos experimentos. "Eu estou apreensivo com isso, aguardando esse treinamento", diz.
José Sérgio de Almeida, responsável pelo Laboratório de Simulação Espacial do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais);, disse que um funcionário do Inpe ou do IAE irá para a Rússia com as instruções e os experimentos e treinará Pontes durante uma semana. "Com certeza é tempo mais do que suficiente", afirmou.
Fome Zero
Pontes também desassocia sua imagem do envio de fitas do Senhor do Bonfim e outras peças para futura venda, como planejado pelo governo brasileiro como forma de alavancar verbas para o programa Fome Zero. "Essa é uma carga institucional, eu nem estou sabendo o que vai", diz. "Minha carga pessoal, de 1,5 kg, eu ainda nem defini completamente. Estou elaborando a lista."
Também já foi definido mais um item na lista de despesas do vôo do astronauta. Segundo Pontes, o governo pagará um seguro de vida no valor de US$ 1 milhão, para o caso de o brasileiro não sobreviver à missão. O valor, ainda de acordo com o astronauta, é o padrão acordado pelos 16 países participantes do programa da ISS para todos os tripulantes que embarcam no complexo.

