Nasa quer 4 astronautas na Lua em 2018

Agência americana apresenta plano para construção de nave similar à antiga Apollo para futuras missões lunares
Nasa quer 4 astronautas na Lua em 2018
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto seu programa de ônibus espaciais segue caindo pelas tabelas, a Nasa já está de olho no futuro. Numa apresentação realizada ontem em Washington, a agência americana revelou detalhes de seu plano de retornar à Lua até o final da próxima década, conforme as diretrizes estabelecidas por George W. Bush.
Em janeiro de 2004, o presidente havia apresentado uma série de metas para o futuro do programa espacial. Entre elas estavam a aposentadoria dos ônibus até 2010, a criação de uma nova nave tripulada até 2014 e uma missão com astronautas na Lua até 2020. Para atingir as metas, a Nasa concebeu uma arquitetura que combina elementos desenvolvidos para o ônibus espacial com idéias ainda mais antigas, implementadas durante as primeiras viagens à Lua, com o Projeto Apollo.
"Pense nela como uma Apollo com esteróides", disse ontem Michael Griffin, administrador da Nasa, ao explicar no que consiste o novo CEV (Veículo de Exploração da Tripulação, na sigla em inglês);, nave designada sucessora dos ônibus espaciais. A imagem evoca forte lembrança das Apollos, com um módulo tripulado em forma de cone, conectado a um módulo de serviço cilíndrico, com um tubo de exaustão na ponta. Visualmente, a maior diferença é a presença de painéis solares, que a velha Apollo não tinha.
O que é mais significativo, no entanto, é a escala. Embora pareça igual, o novo CEV tem cerca de três vezes mais espaço interno e pode abrigar até seis astronautas. O módulo de comando da Apollo acomodava no máximo três.
A idéia da agência espacial americana é estrear o CEV em 2012, dois anos depois do último vôo de um ônibus espacial, quando a nova nave servirá para levar tripulantes e carga até a ISS (Estação Espacial Internacional);.
Nova família de foguetes
Para impulsionar os CEVs e outros componentes ligados à jornada lunar, a Nasa criará dois novos lançadores. Ambos terão combinações de propulsores de combustível sólido e de tanques ligados a motores similares aos do ônibus espacial. O de menor porte precisa estar pronto até 2012. O grandalhão, mais poderoso até que o antigo Saturn-5 (usado para impulsionar a Apollo até a Lua);, será preciso apenas em 2018, data estipulada pela agência para a primeira missão lunar.
O vôo até a Lua será um pouco diferente dos realizados nos anos 1960 e 1970. Ao invés de todos os elementos serem colocados no espaço de uma vez só, com um Saturn-5, os dois lançadores se complementarão. O maior sobe primeiro, levando ao espaço um módulo de pouso lunar acoplado a um "estágio de partida", uma espécie de foguete que tirará todo o conjunto da órbita da Terra e o impulsionará na direção da Lua. Em seguida, sobe o menor, com um CEV, que se atraca ao módulo de pouso lunar para a jornada.
Após três dias e meio, o conjunto entra em órbita ao redor da Lua. O módulo lunar então se desprende do CEV e desce na direção da superfície. Ele terá capacidade para quatro astronautas (o dobro da do Projeto Apollo); e ninguém ficará em órbita, a bordo do CEV, enquanto a equipe estiver na Lua.
As estadias das primeiras missões na superfície serão de quatro a sete dias. A Nasa quer lançar duas missões de pouso lunar por ano, começando em 2018. E a idéia é ampliar as possibilidades de locais de pouso. No Projeto Apollo, os seis sítios visitados ficavam na região equatorial e todos no lado próximo da Lua. Agora a idéia é permitir pousos também em outros lugares, como o lado afastado ou os pólos (onde há suspeita de que haja gelo, escondido da luz solar dentro de crateras);. "Essa arquitetura nos dará acesso lunar global", disse Griffin.
O plano, diz a Nasa, custará US$ 104 bilhões, diluídos em 13 anos. Convertido para dólares atuais, o Projeto Apollo custou o dobro, diluído em oito anos. De acordo com Griffin, a agência não precisará de aumentos significativos de orçamento ao longo dos próximos anos para cumprir as metas. A idéia é redirecionar a verba atualmente investida nos ônibus e na ISS para os novos projetos.